sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dia do silêncio em um mundo carregado de comunicação e entropia



Por Juliana Rosas, da ASCOM/UEPB


Na primeira quinzena deste mês de julho, a imprensa italiana fez uma interessante manifestação de repúdio à nova ação do governo, ao que estão chamando “lei da mordaça”, do Governo de Silvio Berlusconi, que limita o uso e difusão das escutas telefônicas nas investigações oficiais. A iniciativa, convocada pela Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), teve forte repercussão em jornais, rádios, canais de televisão e agências de notícias, o que propiciou ao país viver uma autêntica jornada de “blecaute midiático”.

Os jornalistas alegam que a norma, que prevê penas de até 30 dias de prisão e sanções de até 10 mil euros para os jornalistas que publicarem as escutas durante as investigações, é, sem dúvida, o maior foco de polêmicas enfrentado, atualmente, pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi e representou um novo motivo de divisão interna dentro de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL).

No dia da manifestação, 09 de julho, nas bancas do país, somente um número muito pequeno de jornais foi encontrado, entre eles "Il Giornale", o jornal da família Berlusconi. Além de aderir à greve, jornais de referência do país deixaram até seus sites desatualizados e com declarações públicas justificando a iniciativa.

Os jornalistas italianos asseguram que este Projeto de Lei, que limita há 75 dias o tempo que podem durar as escutas durante as investigações e que fixa multas entre 300 e 450 mil euros para os que não o cumprirem, vai contra o direito de informação dos cidadãos.

O fato me fez pensar num artigo que li, já há alguns anos, de Bernardo Kucinski na edição brasileira dos cadernos Le Monde Diplomatique, mas que por coincidência, caiu mais uma vez nas minhas mãos, recentemente. O artigo, que mais tarde veio a integrar o livro deste autor, “Jornalismo na Era Virtual”, editado em 2005 pela Fundação Perseu Abramo/Unesp, intitulava-se “Do discurso da ditadura à ditadura do discurso”. Um belo título para um belo texto. E não só belo. Competente, inspirado e inspirador.


Os paradoxos de Kucinski

Em seu texto, Kucinski relata dez paradoxos do jornalismo brasileiro neoliberal dos tempos atuais. Começa assim: “Nunca houve tanta falta de pluralismo na mídia brasileira como nos tempos atuais de hegemonia do neoliberalismo. Trata-se de um paradoxo porque, o neoliberalismo dá grande importância ao que “chama mercado de idéias”, o intercâmbio livre de idéias e propostas controversas, como melhor meio de se chegar às soluções mais justas e eficazes para o conjunto da sociedade. Esse é o nosso primeiro paradoxo. Não há mercado de idéias no neoliberalismo brasileiro. No espaço midiático em que deveria acontecer esse processo de intercâmbio de idéias, deu-se no Brasil a uniformização ideológica.”.

Claro que o fato motivador do texto atual veio da imprensa italiana. “E o que isso tem a ver conosco?”, podem perguntar. O que tento dizer aqui é, em tempos neoliberais como os nossos, em que teoricamente se esmera a liberdade, tal acontecimento é fato surpreendente. E esse cerceamento da liberdade de pensamento muitas vezes não é percebido nem pelos que deveriam primar e lutar por isso: os jornalistas. Como afirma Kucinski: “O jornalista jovem é hoje, entre todos os brasileiros, o que mais se identifica com o neoliberalismo e, no entanto, o mais estressado pelos processos de alienação no ambiente de trabalho. Esse é o nosso quinto paradoxo.”.

Daí nos causar surpresa o fato de que a quase totalidade de jornalistas de todo um país europeu fazer uma greve, paralisar suas atividades; num ofício que o fluxo contínuo é uma ordem em um mudo onde a democracia é mais exaltada que praticada. É uma ação distinta num meio de falta de pluralidades, como lembra Kucinski. Um puxão de orelha nos donos do discurso numa época de discurso único.


O outro lado

Não podemos deixar de discutir também o outro lado. Creio que a mídia em geral deva ter precauções no manejo das informações. Costuma-se ter um consenso geral de que a liberdade plena é poder divulgar o que quiser e em primeira mão. Deste modo, a informação e a avaliação desta para a população acabam ficando no prejuízo.

Na questão italiana, vemos uma tentativa de o governo restringir as informações do próprio governo. Em especial das investigações deste e sobre os que dele fazem parte. Isso é de fato, um golpe contra a democracia, pois esta se baseia no princípio da transparência do governo e seus representantes.

De todo modo, é uma ação a se reconhecer e refletir, pois como afirma nosso mentor de hoje (Kucinski), vivemos uma era de mesmice jornalística. E mesmice dos jornalistas. “Os estudiosos do nosso jornalismo chegaram a cunhar uma expressão para designar a uniformidade de todos os jornais na era neoliberal: a mesmice jornalística. Os jornais de referência nacional se tornaram tão parecidos que é comum confundir um com o outro nas bancas de revistas. Trazem as mesmas manchetes, as mesmas fotos dispostas da mesma forma, e os mesmos nomes de colunistas.”. Uma sacudida que nos faça lembrar sobre nossa possível responsabilidade diante dos fatos do mundo e os valores da sociedade contemporânea não faz mal a ninguém.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Antonio Nóbrega e a dança clássica do Brasil

Por Oziella Inocêncio [texto e imagem], da ASCOM/UEPB

“Quando se fala em dança clássica, é comum as pessoas pensarem na dança originária da Europa. Por que não prestar mais atenção e conhecer a nossa dança, a dança brasileira? Nela, é possível que estejam não apenas as peculiaridades da nossa cultura, mas uma revolução nos elementos de toda a Arte, uma nova maneira de enxergar a beleza e a expressão.” Preleções como esta vieram à tona em "Naturalmente - Teoria e Jogo de uma Dança", a nova aula-espetáculo do violinista e dançarino Antonio Nóbrega, que esteve no Centro de Convenções da Rainha da Borborema na noite de ontem (28), inserido na programação do Festival de Inverno - evento que possui o apoio da UEPB.

No espetáculo, Nóbrega, que fez história com o Quinteto Armorial - conjunto brasileiro de música de câmara, mas com raízes populares - apresenta sua visão da dança na teoria e na prática, junto às dançarinas Maria Eugênia Almeida (sua filha) e Marina Abib (sua nora). O trio é responsável pelas coreografias, que passeiam por folguedos e danças populares do Nordeste. O artista acrescentou que a inspiração para dar nome ao espetáculo adveio de uma palestra do escritor espanhol Garcia Lorca chamada ‘Teoria y Juego del Duende Manuel Torres’.

Assim Nóbrega definiu o nascimento do projeto: “Meu desejo foi criar um espetáculo em que pudesse tanto dançar quanto expor o meu pensamento sobre a dança que pratico”. Ele destacou que o espetáculo é uma espécie de “tese-lúdica” sobre o seu encontro com a dança. “Mostra como ela seduziu o jovem músico de pouco mais de 18 anos, em Recife, e que agora, aos 58, resolve contar sobre essa ligação”, explicou. 

A trilha, como era de se esperar em se tratando de Nóbrega, apresenta um apanhado de extrema sofisticação e, aqueles que esperavam apenas música nacional no espetáculo, uma surpresa. Além de estrelas da nossa música popular, a exemplo de Jacob do Bandolim e Dominguinhos, Nóbrega mostra toda sua malemolência e elasticidade corporal ao som de Nino Rota (grande parceiro de aclamados cineastas italianos, notadamente Fellini), Bach e Erik Satie, entre outras estrelas.

A aula conta ainda com a presença da Orquestra Retratos do Nordeste, composta por oito músicos, que se revezam entre variados instrumentos de corda, sopro, teclado e percussão, executando uma trilha sonora rica em composição de timbres sonoros e heterogeneidade rítmica, tudo entremeado por falas de Nóbrega, que passeia habilmente por tópicos como a origem das danças populares brasileiras até sua recriação numa linguagem brasileira de dança.

O excelente roteiro da apresentação, a seleção primorosa do repertório e a emocionante exibição da Orquestra, aliada a plena forma física de Nóbrega, transformam o espetáculo numa referência quando se trata de bom gosto e qualidade.

Mais sobre Antonio Nóbrega

Antonio Nóbrega nasceu em Recife (PE), em 1952. É violinista desde criança. No final dos anos 60, participava da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife quando, convidado por Ariano Suassuna, passou a integrar, como instrumentista e compositor, o Quinteto Armorial - o mais importante grupo a criar uma música de câmara erudita brasileira de raízes populares.
A partir de 1976, começou a desenvolver um estilo próprio de concepção em artes cênicas, dança e música, apresentando os espetáculos “A Bandeira do Divino”, “A Arte da Cantoria”, “Maracatu Misterioso”, “Mateus Presepeiro”, “O Reino do Meio Dia”, “Figural”, “Brincante”, “Segundas Histórias” e “Na Pancada do Ganzá” com grande sucesso no Brasil e exterior, com prêmios como Shell, APCA e Mambembe. Em 1997, lançou o espetáculo, acompanhado do CD homônimo, “Madeira Que Cupim Não Rói”. No ano seguinte, estreou o espetáculo “Pernambuco falando para o Mundo”, novamente acompanhado de CD.

No ano de 1999, participou do Festival D’Avignon (França) com o espetáculo “Pernambouc” preparado especialmente para o público francês.

Em 2000, estreou em Lisboa “O Marco do Meio Dia”, espetáculo em que celebrou os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil; depois o espetáculo saiu em turnê e foi apresentado em Paris, Hannover e em mais de vinte cidades brasileiras.

O ano de 2002 foi marcado pela estréia do espetáculo “Lunário Perpétuo” e pelo lançamento do CD homônimo.

Em 2003, lançou o DVD “Lunário Perpétuo”, com o registro do espetáculo filmado em película cinematográfica, sob a direção do fotógrafo e cineasta Walter Carvalho. Neste mesmo ano, apresenta em Berlim seus espetáculos “Figural” e “Sol a Pino”. Ainda no ano de 2003 recebeu das mãos do presidente Luis Inácio Lula da Silva e do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, a Comenda do Mérito Cultural.

Entre 2003 e 2005, viajou com “Lunário Perpétuo” por várias das capitais e grandes cidades brasileiras. Neste triênio apresentou ainda o espetáculo em Portugal, Cuba, Rússia e França.

No ano de 2006, lançou dois CDs e o espetáculo homônimo “9 de Frevereiro”, vencedor do Prêmio TIM. Em 2007, criou o espetáculo de dança “Passo”, lançado em março de 2008; se apresentou em São Paulo e saiu em turnê musical pela Espanha, exibindo-se em Madri, Barcelona e Saragoça.

Em agosto de 2008, lançou o DVD‘” 9 de Frevereiro”, dirigido por Walter Carvalho. Em abril de 2009, apresentou espetáculo de música e dança na abertura oficial da Feira Internacional do Livro, em Santo Domingo, na República Dominicana.

Juntamente com Rosane Almeida idealizou e dirige o Instituto Brincante desde 1992, em São Paulo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Festival de Inverno de Campina Grande, apoiado pela UEPB, traz Zeca Baleiro




Por Oziella Inocêncio [texto e imagem], da ASCOM/UEPB

O Festival de Inverno de Campina Grande, evento que detém o apoio logístico da Universidade Estadual da Paraíba, trouxe a Rainha da Borborema um espetáculo com o músico Zeca Baleiro, no último sábado (24). O artista foi prestigiado por uma multidão que formou uma "espiral de filas" nas dependências do Centro de Convenções - local que sediou o show. Em formato intimista, o cantor e compositor apresentou um repertório bastante conhecido da plateia, que acompanhava todas as músicas ruidosamente, seja cantando ou batendo palmas.

Durante o espetáculo, Zeca saudou a genialidade da paraibana Marinês, a quem é dedicado (in memoriam), o Festival deste ano. "Aprecio muito o fazer artístico dela. É importante lembrar o grande legado musical deixado por Marinês", disse. E à capela, Baleiro surpreendeu o público ao recordar uma das composições mais famosas da Rainha do Xaxado: Só gosto de tudo grande. Além da paraibana de São Vicente Ferrer, outro talento do Estado, oriundo de Taperoá, foi mensurado por Zeca, que se confessou fã da obra de Vital Farias, cantando uma de suas músicas mais celebradas: Veja (Margarida).

Muito à vontade no palco e em sintonia perfeita com os admiradores de suas canções, Zeca expôs um show enxuto e muito bem produzido. O espetáculo veio reforçar a maturidade musical de Baleiro, que se encontra num momento especial de sua carreira.

Jackson do Pandeiro e Bob Dylan em Zeca Baleiro

“Talvez não de uma forma muito óbvia e estereotipada, mas o Nordeste é algo muito forte na minha música, está presente em quase tudo que faço”, ressaltou Zeca. A alquimia dos sons que influenciam a inventividade do artista abrange desde o côco urbano de Jackson do Pandeiro – paraibano de Alagoa Grande – até a integridade artística de Luiz Gonzaga e Bob Dylan. “Ouvi muito rádio na infância, assim como presenciei muitas festas populares, na rua, às vezes em frente da minha casa. Nasci em São Luis por acidente, mas vivi toda a infância em Arari, uma cidade da Baixada Maranhense, região culturalmente muito rica. Isso tudo está no meu trabalho, de forma às vezes mais branda, às vezes mais explícita”, explanou.

O cantor também elencou, entre suas influências, Noel Rosa e João do Vale. “Gosto de rock, folk e blues. Também ouvi muita música africana”, disse.


Mais sobre o artista

Ele nasceu José Ribamar Coelho dos Santos, em São Luis do Maranhão, mas logo se tornou Zeca Baleiro, apelido do menino apreciador de balas e todo tipo de guloseimas que, inclusive na juventude, abriu uma loja de tortas e doces caseiros,a Fazdocinhá – nome tirado de uma tradicional cantiga de roda. Sua paixão pela música tomou corpo quando começou a compor melodias para peças infantis e partiu para São Paulo, onde tentaria carreira artística mais sólida.

Mesclando samba, pagode, baião, rock, pop e música eletrônica, Zeca gravou em 1997 seu primeiro disco “Por onde andará Stephen Fry?”, mas só atingiu maior repercussão após a participação no Acústico MTV de Gal Costa, onde cantou em dueto a canção À flor da pele. Nos anos seguintes, lançou cinco álbuns com participação de diversos cantores, a exemplo de Rita Ribeiro, Lobão, Arnaldo Antunes, Elba Ramalho, Moska, Fagner, Zeca Pagodinho, entre outros.

Atualmente, com mais de dez anos de carreira, o cantor cumula cinco discos de ouro, três prêmios Sharp (1998), três indicações para o Grammy Latino, além de ser eleito Melhor Cantor, em 1998 e 2003, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Desde 2005, Zeca possui o selo Saravá Discos, que reúne produções musicais com foco na documentação e resgate de obras essenciais para a cultura brasileira. Com distribuição própria, o selo lançou diversos álbuns, entre eles, um CD póstumo de Sérgio Sampaio, apenas com inéditas, e um disco com poemas da escritora paulista Hilda Hilst, musicados por Baleiro e interpretados por estrelas como Ângela Maria, Mônica Salmaso, Ângela Rô Ro, Maria Bethânia e Zélia Duncan.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quase tudo é verdade


Por Sérgio Rizzo ( jornalista e professor, escreve sobre cinema para a revista "Set")

O apelo do "baseado em fatos reais" tornou-se mais forte nas últimas décadas. Inúmeros longas-metragens para cinema, telefilmes e minisséries usam essa frase como espécie de "certificado de autenticidade". Alguns sucessos de bilheteria chamaram a atenção da mídia e do público justamente por fingir que são registros de fatos verídicos, como "A Bruxa de Blair" e "Atividade Paranormal".

Na lista abaixo, dez ótimos exemplos da abordagem tradicional usada pelo cinema na adaptação de fatos reais: as tramas correspondem em linhas gerais ao eventos que as inspiraram e os personagens usam os nomes dos verdadeiros protagonistas. Cabe lembrar, no entanto, que esses filmes são baseados em versões e trabalham com "liberdades dramáticas" -- ou "quem conta um conto aumenta um ponto".

Foram descartados os também inúmeros filmes apenas derivados de fatos e personagens reais, como "Cidadão Kane", decalcado no magnata da imprensa William Randolph Hearst, e "Elefante", inspirado no massacre da escola Columbine.

Confira os filmes:

10 - "Na Natureza Selvagem" (Into the Wild, 2007)
O jornalista Jon Krakauer reconstituiu em livro (publicado no Brasil, com o mesmo título do filme, pela Companhia das Letras) a história de Christopher Johnson McCandless, jovem de família rica que deu um basta à sociedade de consumo, trocou de nome e viajou durante dois anos pelos Estados Unidos. Sean Penn roteirizou e dirigiu a adaptação, com Emile Hirsch ("Speed Racer").



9 - "Os Eleitos" (The Right Stuff, 1983)
O filme narra a corrida espacial norte-americana a partir da perspectiva de um grupo de pilotos integrado por homens que se tornariam mitos, como Chuck Yeager (Sam Shepard), John Glenn (Ed Harris) e Alan Shepard (Scott Glenn), entre outros pioneiros. Baseado em livro-reportagem de Tom Wolfe, com roteiro e direção de Philip Kaufman ("A Insustentável Leveza do Ser").


8 - "Desaparecido - Um Grande Mistério" (Missing, 1982)
Um dos mestres do cinema político, o grego Costa-Gavras ("Z", "Estado de Sítio", "O Corte") recria o desaparecimento do norte-americano Charles Horman (John Shea) no Chile, em 1973, logo após o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende, e a busca desesperada de seu pai (Jack Lemmon) e de sua mulher Sissy Spacek) pelo seu paradeiro.



7 - "O Enigma de Kaspar Hauser" (Jeder für sich und Gott gegen alle, 1974)
"Cada um por si e Deus contra todos" diz o título original em alemão -- frase que o diretor e roteirista Werner Herzog alega ter conhecido no Brasil. Seu filme especula sobre o que teria acontecido a um jovem deixado em uma praça de Nuremberg, em 1828, apenas com um bilhete na mão e sinais de que sempre vivera isolado da sociedade.


6 - "O Homem Elefante" (The Elephant Man, 1980)
David Lynch ("Veludo Azul", "Twin Peaks") obteve as primeiras de suas quatro indicações ao Oscar, como diretor e co-roteirista, por essa produção de Mel Brooks que conta a história de Joseph Merrick, nascido com uma deformação que lhe valeu o apelido pejorativo do título. John Hurt, também indicado ao Oscar, faz Merrick; Anthony Hopkins interpreta o médico que o amparou.


5 - "Zodíaco" (Zodiac, 2007)
O cartunista Robert Graysmith dedicou-se durante anos a investigar crimes misteriosos ocorridos em São Francisco na década de 70, quando trabalhava para um jornal. Seu livro sobre o caso, lançado no Brasil pela editora Novo Conceito, serviu de base para a minuciosa reconstituição realizada pelo diretor David Fincher ("Clube da Luta"), com Jake Gyllenhaal no papel de Graysmith.


4 - "Todos os Homens do Presidente" (All the President's Men, 1976)
Sempre lembrado como um dos filmes referenciais na abordagem do jornalismo, é baseado no primeiro dos dois livros que os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward escreveram sobre a investigação do caso Watergate pelo diário "The Washington Post". Dustin Hoffman e Robert Redford interpretam a dupla; Jason Robards ganhou o Oscar de coadjuvante como Ben Bradlee, editor do jornal.


3 - "A Batalha de Argel" (La Battaglia di Algeri, 1966)
Na Copa do Mundo, o treinador argelino Rabah Saâdene procurou motivar seus jogadores com a exibição deste clássico do cinema político dirigido pelo italiano Gillo Pontecorvo, que reconstitui em estilo semidocumental o combate entre a Frente de Libertação Nacional, no comando do processo de independência da Argélia a partir dos anos 50, e as tropas do governo francês.


2 - "Os Bons Companheiros" (Goodfellas, 1990)
Um dos mais vibrantes filmes de Martin Scorsese ("Taxi Driver", "Touro Indomável", "Os Infiltrados") recria a trajetória de Henry Hill (Ray Liotta), pequeno gângster atuante em Nova York nos anos 60 e 70, ao lado dos mafiosos James Conway (Robert De Niro) e Tommy De Vito (Joe Pesci). Baseado em livro de Nicholas Pileggi, que assina o roteiro em parceria com o diretor.


1 - "O Encouraçado Potemkin" (Bronenosets Potyomkin, 1925)
O diretor Sergei Eisenstein realizou um dos maiores clássicos na história do cinema, fundamental para a compreensão do papel da montagem, sob encomenda das autoridades soviéticas, que desejavam recriar para fins de propaganda revolucionária uma revolta de marinheiros, em 1905. Como sempre ocorre nesses casos, nem tudo o que se vê no filme foi verdade.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Manoel de Barros - O Poeta Fingidor



Por Nina Rahe, da Revista Bravo

Manoel de Barros gosta mais de viajar por palavras "do que de trem" - e é por isso que todas as manhãs, na rotina de vadiagem com as letras, ele se fecha no "escritório de ser inútil", onde diz ter sossego de pedra. Inventou um dialeto, o "manoelês", de onde foram pinçadas as expressões acima. Hoje com 93 anos, esse advogado de formação e fazendeiro por necessidade conseguiu - depois de muito trabalho para tornar o negócio da terra rentável - comprar seu ócio e ser exclusivamente poeta. Em Campo Grande (MS), onde mora numa casa modesta, de tijolos aparentes, com sua mulher, Stella, dedica-se a não "fazer nada" - que é como ele chama o escrever. O resultado desse ócio pode ser visto em seu novo livro, Menino do Mato, e, em retrospecto, na volumosa Poesia Completa, também recentemente lançada. Autor de uma série de livros chamada Memórias Inventadas (A Infância, A Segunda Infância, A Terceira Infância), Manoel de Barros diz que escrever o que não acontece é a tarefa de poesia. E é no escritório - onde ele passa horas para encontrar um verso que fique em pé - que a sua imaginação desabrocha. Ali, cercado de livros e de miniaturas de santos e animais, ele me recebeu algumas vezes para conversar, com o intuito de fazer esta reportagem. "Esses dias veio um outro jornalista aqui. Tive que mentir para ele tudo que estou agora mentindo para você", diz Manoel, rindo.

Quando afirma que mente, Manoel de Barros diz a verdade. Em uma entrevista concedida ao jornalista José Castello há alguns anos, por exemplo, ele contou que se encontrava com um grupo de psicanalistas uma ou duas vezes por semana para tomar umas cervejas. Elas achavam que sua poesia comprovava as teorias do francês Jacques Lacan (1901-1981), líder da escola seguida por elas. "Eu falo, e elas ficam impressionadíssimas", disse ele na ocasião. Passados mais de dez anos dessa declaração, no entanto, Manoel já não se lembra mais. " Lacanianas?" - ele ri - " Pode ser que eu tenha mentido. Eu sou muito mentiroso".

Manoel diz que herdou da mãe a sensibilidade, coisa que, segundo ele, "é transmitida pelo sangue". Alice Pompeu de Barros era aluna de violino na cidade de Cuiabá, no Mato Grosso. Casou cedo e, para acompanhar o marido, mudou-se para o Pantanal. Manoel era ainda criança, e a mãe, acumulando as funções de lavadeira, cozinheira e passadeira, guardou a música apenas em sua lembrança. Até aí, tudo verdade. Mas para o jornalista Ricardo Câmara, que está escrevendo a biografia do poeta, Manoel descreveu uma cena emocionante: ele contou que, antes de se mudar, a mãe tocou pela última vez seu violino, pois achava que no Pantanal não haveria lugar para música. "Pode ser que eu tenha falado isso, mas foi invenção", diz. E explica: "É uma invenção possível. Podia ser que ela tivesse tomado uma atitude dessa; no fundo, era uma verdade que ela queria fazer isso". Mentira, para Manoel de Barros, é dizer que se vai comprar pão quando se vai a outro lugar qualquer. Já imaginação é coisa profunda e, na imaginação, Manoel pode fazer com que se cumpra o destino da mãe. Num dos poemas do livro Menino do Mato, no poema V, Alice arranja uma horinha para seu violino no meio do Pantanal e toca Vivaldi para a família toda. Mentira? Nada disso. Para Manoel, é aí que começa a poesia.

O PINTOR QUE NÃO EXISTE

Se o poeta é um fingidor, como dizia o português Fernando Pessoa (1888-1935), a sua dor (ainda que fingida) não é menos verdadeira. Desde o falecimento de seu filho João na queda de um avião monomotor, Manoel de Barros "não sai de dentro de si nem para pescar", como ele próprio diz num poema. Abandonou as caminhadas, as idas ao Pantanal e as viagens anuais para o Rio de Janeiro. E, embora a reclusão não tenha rarefeito a poesia, palavras como abandono, tristeza e solidão habitam o novo livro. Em Menino do Mato, não há possibilidades de sair daquele "lugar imensamente e sem nomeação", que "quase só tinha bicho solidão e árvores", e era preciso "desver o mundo para expulsar o tédio". Em seus primeiros anos no Pantanal, Manoel ficava meio solto no chão - era o menino do mato. Ali entrou em "estado de árvore", depois em "estado de palavra", para só assim poder "enxergar as coisas sem feitio" - eis, em manoelês castiço, o resumo de sua arte poética. O novo livro é expressão dessa infância vivida na terra, em um lugar virgem e absolutamente solitário, onde a poesia já era o brincar com as palavras. "Era a nossa maneira de sair do enfado", diz um dos poemas.

Por volta dos dez anos de idade, Manoel deixou de se sentir "como um pedaço de formiga na estrada". Foi estudar no Rio de Janeiro e chegou a morar durante um ano em Nova York, onde desenvolveu a sensibilidade para as artes. Tomou gosto por Paul Klee, Marc Chagall, Van Gogh e Pablo Picasso. Acha que tal viagem influenciou decisivamente sua poesia. "Eu tinha um sentimento muito primitivo da vida e da literatura. Queria escrever em guarani", afirma sem esconder o riso. Já disse em entrevistas, no entanto, que seu pintor preferido era o boliviano Rômulo Quiroga, o que fez com que alguns passassem a procurar por suas obras. Outra mentira: Rômulo é, na verdade, apenas uma criação poética, inspirada em um pintor de paredes. "Eu achei o nome bacana e aí inventei esse negócio".

Ouvir Manoel contar suas histórias é ficar em dúvida permanente. Eis uma delas: num dia, cumprindo o caminho entre a fazenda que possui no Pantanal e Campo Grande, resolveu parar em um boteco. Fez a curva, avançou na entrada do local e se esqueceu de frear o carro. Só foi se lembrar quando estava praticamente em cima do balcão. Em uma segunda conversa, pergunto mais detalhes. Ele me olha num misto de dúvida e riso. "O senhor inventou?", pergunto. "Não, não, é verdade. Aconteceu mesmo". E o poeta emenda mais uma história: quando estava dirigindo rumo à fazenda, depois de muita chuva e com uma estrada enlameada, seu carro deu três cambalhotas. Além dele, estavam como passageiros a mulher e os filhos. "Ninguém se machucou". Ainda bem.

TIRO NA TESTA

Depois de finalizar Menino do Mato, Manoel pensa no próximo livro. Pretende fazer uma homenagem a Bernardo - em "manoelês", "um homem percorrido de existências, que faz encurtamento de águas, a quem os camaleões estão favoráveis e para quem os passarinhos aveludam seus cantos". Analfabeto, Bernardo trabalhou na fazenda de Manoel e pouco falava. "Não sabia nem o nome das letras de uma palavra, mas soletrava rã melhor que mim", escreveu sobre o amigo. Assim, Bernando acabou se transformando em personagem da obra do poeta, além de um dos seus de seus alter-egos mais recorrentes - presente em Livro de Pré-Coisas (1985), O Guardador das Águas (1989) e, mais recentemente, em Menino do Mato.

Em 2003, Bernardo morreu no Asilo São João Bosco, em Campo Grande. Sem documentos, sobraram poucas informações sobre ele: era solteiro, moreno e evangélico, diz no registro do asilo. Mas Manoel nega que Bernardo tivesse religião. Talvez tivesse tendência para, já que era totalmente preso à natureza. Enterraram-no embaixo de uma árvore. "Pelo menos isso, vai escutar os passarinhos", o poeta diz."Ele era inteiramente primário e inocente como uma criança, e essa inocência foi o que pregou nas minhas palavras", conta Manoel. "Eu o conheci como santo, e queria retribuir fazendo um Bernardo que chegasse a ser, literariamente, um santo".

O poeta tem muito medo do mistério de Deus. Diz que não consegue entender como pode uma borboleta voar sem motor nas costas enquanto o homem precisa ter motor a óleo. Uma vez, ele encontrou seu vizinho no telhado da casa, vestindo uma roupa diferente. "O que você vai fazer?", perguntou. "Eu vou voar", respondeu o homem. Tentou desaconselhá-lo, mas o vizinho já estava convencido, com sua asa nas costas, de que sairia voando. Pulou e quase morreu. "E é verdade. Não é mentira não", avisa Manoel, antes que alguém duvide.

Talvez seja este mesmo mistério que explique sua "saúde irritante", como ele gosta de chamar. Dor de cabeça só conhece de nome, e fica mesmo espantado quando as pessoas descrevem como ela é. "Para você, morrer só com um tiro na testa", advertiu o médico. "Não foi para mim não que ele disse isso, foi para um amigo", mais tarde corrige, com um cuidado surpreendente com a verdade. Mas para Manoel a frase também funciona. Palavra é para ele coisa que ocupa o dia inteiro; e a noite também, já que vez ou outra sonha com elas. Toma logo nota - se deixar para depois, esquece - e durante a sua vagabundagem no escritório, o sonho ajuda a concluir uma poesia ou outra. Sonhos, mentiras e palavras - elementos que, somados, resultam numa das obras mais surpreendentes e fascinantes da literatura brasileira.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Resíduos sólidos em discussão na Paraíba


Por Juliana Rosas, da ASCOM/UEPB
 
Após várias discussões sobre resíduos sólidos ocorridas na cidade de Campina Grande, promovidas, entre outras instituições, pela Universidade Estadual da Paraíba, acontecerá, no próximo mês de setembro, em João Pessoa, o III Simpósio Iberoamericano de Ingeniería de Resíduos e o II Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos.

O evento, que tem como tema central “Resíduos sólidos no contexto das mudanças climáticas”, é organizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e a Rede de Ingeniería de Saneamento Ambiental (Redisa). A iniciativa, sediada no Centro de Convenções da Estação Ciência, Cultura e Artes, bairro do Altiplano (João Pessoa), no período de 8 a 10 de setembro, contará com sessões temáticas, painel, palestras e mesas redondas.
 
Neste mês de julho, o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UEPB promoveu o “Seminário Resíduos Gerados no CCBS: problemas e perspectivas”, onde discutiu, entre outras assuntos, experiências em gestão de resíduos produzidos em institutos de ensino superior e coleta seletiva. Tal tópico está muito em voga. Não só como uma moda passageira, mas porque governantes e boa parte da sociedade civil perceberam que não podemos ter progresso e desenvolvimento sem sustentabilidade.

Em maio deste ano, em Campina Grande, aconteceu o II Simpósio Nordestino sobre Resíduos Sólidos: Gestão e Tecnologia de Reciclagens, promovido pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e com participação de professores da UEPB. Tal encontro já objetivava o aprimoramento técnico-científico acerca do gerenciamento, tecnologias de tratamento e disposição de resíduos sólidos, contribuindo para a qualidade científica das pesquisas desenvolvidas em toda a região Nordeste.

Quem quiser participar ou obter maiores informações, pode acessar a página http://www.lenhs.ct.ufpb.br/seminario.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A Itacoatiara do Ingá pede socorro

Abandono - Cordas doadas pelo IPHAN para isolar a área onde se encontram principais painéis com gravuras rupestres foram encontradas no chão

Juvandi de Sousa Santos (arqueólogo e coordenador do Laboratório de Paleontologia e Arqueologia)


Em recente visita a Pedra do Ingá juntamente com o fotografo e espeleólogo francês, Marcus Barboza, deparei-me, como de costume, com uma situação que considero como trágica; pois estamos tratando de um dos sítios arqueológicos de arte rupestre mais conhecidos do mundo.

Para minha surpresa e de Marcus encontramos o material em péssimo estado de conservação. Inexiste manutenção na área, no sentido de realizar alguma atividade para salvaguardar as peças fósseis do contato direto das mãos dos turistas e curiosos que visitam o local.

Em parceria com o prof. Dr. Márcio Mendes (paleontólogo da UEPB), realizamos a recuperação do material fóssil do pequeno museu de Paleontologia ali existente.

Recentemente, nos foi repassado um fêmur de Preguiça Gigante para um novo processo de restauro, pois o mesmo fora quebrado por um visitante, que o pegou nas mãos, deixando-o cair e esfarelar-se ao chão.

Nos últimos meses, o IPHAN doou ao local cordas e pequenos barretes para isolar a área onde se encontram os principais painéis com gravuras rupestres. Para nosso desencanto, as cordas estavam no chão, bem como as placas, também doadas pelo IPHAN, avisando aos visitantes da proibição do acesso aos painéis rupestres.

A meu ver, falta um trabalho de Educação Patrimonial na área e uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes. Como a coisa anda (ou seja, não anda), em poucos anos nossos descendentes não terão a mínima chance de vislumbrar as famosas gravuras da Pedra do Ingá. As mesmas serão contempladas nos velhos livros de História ou em alguma fotografia tirada por algum visitante em tempos remotos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Comunidade envia novas mensagens em solidariedade ao trabalho dos voluntários da UEPB em Palmares (PE)


"Olá amigo e companheiro, mestre Benjamim,
domingo passado olhei, através do meu e-mail algumas fotos dessa tragédia que abalou a vida da população de Palmares. Fiquei feliz  em saber que a nossa querida UEPB novamente se mostra para todo o Brasil como exemplo de solidariedade com aqueles que mais precisam.
Mestre como posso ajudar?
Que o bom Deus ilumine a vida de todos esses estudantes, professores e profissionais nessa luta a favor do povo de Palmares.

Atenciosamente,                                                                                  

Manoel Simplício do Nascimento Neto                                                                
Assistente Social e ex-aluno da UEPB"

"O trabalho  desenvolvido pelo  comitê solidário da UEPB,  ficará  plantado no coração da população por resto da vida, será  uma semente  jamais esquecida.
Desde  já agradeço pela atenção e consideração,
Atenciosamente,

Carlos Santos/ Cabo da Polícia Militar, oriundo do Rio Grande do Norte (RN)
Coordenador Geral da Campanha S.O.S Palmares no RN"


"Olá querida amiga Railda!

O seu relato cheio de emoção e tão transparente não me surpreende, eu já conheço esta habilidade desde o tempo dos diários de campo da época do mestrado! Você consegue nos levar a Palmares.
B R A V O a todos envolvidos nesta missão. Missão pioneira proporcionada institucionalmente pela nossa UEPB e que cumpriu bem sua missão, isto é, o cumprimento dos objetivos antes e durante desenhados, o que já possibilitará continuidade por outras equipes ...

Railda, sei que uma coisa é planejar, estudar, repassar... “treinar “... e outra é VIVENCIAR, e que bom isto foi vivido pela equipe, e naturalmente nos orgulhamos da postura e ações dos nossos alunos frente a tal realidade.

Desejo que o repasse e boas vindas a segunda equipe ocorra da melhor forma possível e um bom retorno a todos, acredito que agora bem mais ricos em experiências singulares, mesmo com tanta pobreza e FALTAS de quase tudo!!!

Beijos,

Professora Carmita, integrante do Comitê"


"Olá, Railda.
Tenho acompanhado seus relatos,
através do prof. Benjamim, pessoa valiosíssima e de coração IMENSO.
Vi também algumas fotos, que me deixaram desolada, feitas pelo pessoal da Comunicação.
Fui convidada pelos professores Benjamim e Pereira, para participar do show em
solidariedade às vítimas das enchentes que assolaram, como uma bomba atômica, esses dois estados
brasileiros.
Sinto-me feliz em saber que ainda há, nesse mundo, pessoas tão valorosas e que se
importam com a dor do outro.
Você e toda a equipe da UEPB, que luta nesse momento aí em
Pernambuco, e também todo staff da nossa querida Universidade Estadual da Paraíba estão de parabéns,
pois estão dando exemplo maravilhoso de solidariedade, dedicação e
amor ao próximo!!
Desejo muito sucesso a todos vocês!! Força!!
Grande abraço,

Fidélia Cassandra
Cantora e poeta (cantou, recentemente, sem receber cachê, durante o show realizado pela UEPB em favor das vítimas das enchentes em Palmares)"

"Professor Benjamim,

Infelizmente não deu pra participar dessa equipe que vai a Palmares, já tinha muitas pessoas para ir. Segundo o professor Jomar, meu nome fica para uma terceira equipe. Professor, desde já quero comunicar ao senhor que se for ter um comitê permanente quero participar da equipe!!!
Fico na esperança que tenha uma terceira turma, para que eu possa também contribuir!!!!


Abraço e Obrigada!!!!
Tâmara Oliveira Silva
Estudante de Serviço Social"


Em tempo: A Assessoria de Comunicação da UEPB saúda a parceria efetuada com o Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), que juntamente com alunos do curso de Comunicação Social tem enviado imagens e reportagens direto do Quartel General de Palmares! Excelente trabalho!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Quem não conhece "Santo da Terra", na UEPB?


Por Giuliana Rodrigues, da ASCOM/UEPB

Ele nasceu Francisco Nascimento, paraibano de Campina Grande, nascido em novembro de 1961, às margens do Açude de Bodocongó. Por sua habilidade com as plantas, fazendo verde tudo o que toca, distribuindo milhares de mudas de árvores e explicando direitinho como fazer para que sobrevivam, tornou-se santo. O Santo da Terra.

Magro, moreno, barba e cabelos bem grisalhos, Santo brinca que tem 70, 80 anos, mas tem apenas 48. “Fui judiado pela cachaça”, confessa. Numa manhã, próxima ao Dia das Crianças, quando veio à minha sala buscar uns sacos de pirulitos para distribuir com os mais de trezentos guris da Vila dos Teimosos, comunidade onde mora, ele abriu seu coração.
Foram mais de 20 anos dedicados ao alcoolismo. Começou a beber cedo e viu o tempo passar apático, sem provocar nele qualquer interferência positiva. Abandonou estudos, um bom emprego e, em 1995, quando entendeu que estava doente e precisava de ajuda, procurou a Associação de Alcoólicos Anônimos. Curou-se.
Como se quisesse recuperar o tempo perdido, com boas ações, Santo começou a agir. Primeiro, no intuito de salvar o meio ambiente: até hoje recolhe sacos de leite para plantar mudas de árvores, distribui a quem tiver interesse e ainda faz campanhas de preservação do Açude de Bodocongó, que infelizmente vê definhar por causa da poluição. Morre de alegria quando alguém lhe retribui com sementes das árvores que ele ajudou a plantar.
Na sala de sua casinha alugada, lá na Vila, a bicicleta divide espaço com as estantes de livros usados, que ele disponibiliza como biblioteca comunitária para adultos e crianças da vizinhança. “Eu peço que nem bula de remédio as pessoas joguem fora, porque ainda tem muita gente que quer, mas não tem o que ler”, revela.

Com sua simplicidade, Santo evangeliza. No lugar da auréola, tem um chapéu de palha na cabeça. Dos vícios da vida, mantém um cigarrinho sempre aceso, como para nos lembrar que é um daqueles santos bem reais, que também podem ser falíveis. A propósito, se você perguntar a Santo da Terra se ele conhece algum milagre, ele responderá sem pestanejar: “O milagre sou eu! Eu estava morto e Deus me deu uma chance. Nessa nova vida eu procuro fazer tudo que Ele gostaria que eu fizesse”.

Não consegue calcular quantas vezes já adiou o sonho de comprar um Fusca, ou sua casa própria, porque tirou dinheiro da poupança para ajudar quem tinha menos do que ele. “E ainda faria tudo de novo”, enfatiza. 

Diz que não concebe amontoar nada, porque da vida não levará nem prata, nem ouro, só o sorriso das pessoas que ajudou.

Hoje, quando Santo me diz “Deus te abençoe”, eu me sinto verdadeiramente abençoada.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Investimento em bibliotecas: sociedade civil pode participar


Por Juliana Rosas, da ASCOM/UEPB

Depois do cinema, é a vez da biblioteca. Após lançar edital que irá ajudar a implantar salas de cinema em cidades onde não há locais para exibição, o Ministério da Cultura (MinC) investe em atualização e criação de bibliotecas. O MinC e o governo estadual estão investindo R$ 1,57 milhão em bibliotecas na Paraíba. As ações do Programa Mais Cultura contemplarão a modernização de 25 bibliotecas públicas municipais e a premiação de 10 iniciativas da sociedade civil, por meio de edital. O período de inscrições vai até 31 de julho.

Os investimentos fazem parte do Programa Mais Cultura, em uma ação federativa em que o recurso do MinC é descentralizado para estados e municípios, que entram com contrapartida. Do total, R$ 850 mil serão do Ministério e o restante do governo estadual. A ação é uma das estratégias do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), visando à democratização do acesso ao livro e a formação leitora. Para o MinC, a biblioteca tem de ser um espaço público dinâmico, um centro cultural identificado com os possíveis leitores.

Segundo a professora de Biblioteconomia e diretora da Biblioteca Central da UEPB, Manuela Maia, a Paraíba é um estado deficitário em bibliotecas comunitárias e públicas, tanto no que se refere ao acervo, como no quesito de uso de serviços de informação, disponibilizados por meio da internet. “Em bibliotecas particulares e em especial nas universitárias, vêm-se trabalhando em prol destes espaços. No meu ponto de vista, o mais importante é o acesso à informação e à leitura", opinou.

A maior parte dos recursos será para a modernização de 25 bibliotecas públicas municipais: R$ 1,37 milhão. Os recursos serão aplicados na compra de acervo, mobiliários, equipamentos e computadores. A seleção das bibliotecas é feita pelo poder público local e coordenada pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas. O investimento será também para premiar ações de incentivo ao livro e leitura, por meio de editais públicos. Serão premiadas 200 iniciativas da sociedade civil que desenvolvam projetos na área de livro e leitura - os chamados Pontos de Leitura - no valor de R$ 20 mil. O edital para Pontos de Leitura encontra-se nos sites do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br) e do Programa Mais Cultura (mais.cultura.gov.br).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dia do Rock e a Solidariedade com a Música

Por Juliana Rosas, da ASCOM/UEPB

Como podemos não ter mencionado isso? No dia 13 de julho o mundo comemora o Dia do Rock, data que não poderia ter passado em branco para os apreciadores do gênero e roqueiros de plantão. Mas alguém sabe por que estou falando nisso e porque o dia 13/07 é o dia mundial do rock?

Em 13 de julho de 1985, Bob Geldof (cantor, compositor e humanista irlandês) organizou o “Live Aid”, um show simultâneo em Londres (Inglaterra) e na Filadélfia (Estados Unidos). O objetivo principal era o fim da fome na Etiópia e contou com a presença de artistas como The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou nos dois lugares), Eric Clapton e Black Sabbath.

O espetáculo foi transmitido ao vivo pela rede britânica de televisão BBC para diversos países e abriu os olhos do mundo para a miséria no continente africano. Desde então, o dia 13 de julho passou a ser conhecido como Dia Mundial do Rock. Estamos comemorando, então, 25 anos de Live Aid, um grande concerto mas também uma manifestação histórica de solidariedade.

Vinte anos depois, em 2005, Bob Geldof organizou o “Live 8” como uma nova edição, com estrutura maior e shows em mais países com o objetivo de pressionar os líderes do G8 (Grupo internacional que reúne os sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo, mais a Rússia) para perdoar a dívida externa dos países mais pobres erradicar a miséria do mundo.

Respondendo por que estamos falando nisso, a UEPB anunciou, neste mesmo 13/07, seu show de solidariedade em prol das vítimas das enchentes de Palmares (PE) para este sábado (17) com a participação de diversos artistas locais. A Instituição teve a feliz e não planejada coincidência de ter anunciado o concerto, que como o internacional Live Aid, também juntará música e solidariedade.

É isso, como diriam os Rolling Stones, “It’s only rock and roll but I like it!”.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Diário de Palmares - 2º dia dos voluntários da Delegação UEPB Zezé da Galiléia

Arriscado - Moradores de Palmares precisam fazer percurso perigoso para se deslocar

Segundo dia da segunda turma de voluntários da UEPB, em Palmares
Correspondentes do dia – Profª Fátima Araújo, coordenadora geral; Emanoella Braga(Estudante de Direito) e Mariana Barreto(Estudante de Direito).
Imagem: Herbert Andrade Oliveira

Hoje iniciamos a nossa primeira visita de campo na cidade de Palmares-PE, com o objetivo de conhecer os pontos que foram destruídos pela enchente. Ao mesmo tempo, procuramos ouvir a população que transitava nas ruas, além de visitar alguns moradores que surgiam dos escombros de uma localidade que tornou-se uma cidade-fantasma. Podemos ver de perto o que realmente sucedeu e as conseqüências que acarretaram. Todos os prédios, da parte da cidade afetada, possuem marcas do ponto máximo que a água os atingiu, sendo de fácil percepção por todos. Com algumas horas de reconhecimento da área, diversas foram as situações que nos deparamos; desde um comércio paralelo entre moradores, de comidas e bebidas cobertas por terra, as quais foram retiradas de um depósito atingido pela enchente, até moradores que estão tentando aos poucos retirarem toda lama existente em suas casas, e tentando recuperar pertences no meio da lama existente nas ruas, ou seja, um povo lutando para reconstruir sua vida e sua cidade.

Tivemos a oportunidade de conhecer o Sr. Firmino, de aproximadamente 70 anos, um simpático senhor que mora na beira do rio há mais de 50 anos, já tendo presenciado as enchentes de 1975 e 2000, afirmando que nenhuma destas se comparam a mais recente, que fará um mês daqui a sete dias. O Sr. Firmino apesar de estar com sua casa sem as mínimas condições de ser habitada, se recusa a deixar o local, afirmando que é o único local no mundo que lhe pertence, e que caso fosse para um abrigo, não teria para onde ir depois. Ele não apresenta nenhuma perspectiva de ser atendido pelo poder público.

Em decorrência de toda lama existente na cidade, constatamos que um dos itens de maior necessidade no momento são luvas e botas apropriadas para que as pessoas que transitam nos locais atingidos pela enchente, tenham proteção apropriada, evitando assim,as doenças próprias de locais afetados por enchentes. Outro problema identificado é o volume de lixo acumulado por todas as partes da cidade. Lixo este, resultado da destruição. Por outro lado, existe também o lixo de muitas doações que não correspondem as necessitadas das vítimas. Por exemplo; nas doações, constatamos um número bastante significativo de calçados inapropriados a suprir a real necessidade das pessoas que transitam nas ruas enlameadas e sem condições dos moradores se quer procurarem ajuda para resolver os seus problemas.

Diante desta realidade, ao retornarmos para o alojamento, realizamos uma reunião com toda equipe com o intuito de discutir, refletir e encaminhar propostas de atuação para o dia seguinte. Neste norte, decidimos que nossa atuação terá como prioridade as pessoas que estão voltando para suas casas, tentando reconstruir e recuperar sua história de vida, auto-estima, relações sociais e, em especial, seu futuro.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Diário de Palmares - Correspondência enviada pela 2ª turma de voluntários da UEPB

Flagrante da tragédia-Ponte destruída em Palmares,
fotografada por aluno da UEPB


Dos voluntários da Delegação UEPB Zezé da Galiléia
Primeiro dia (10.07.10) da segunda turma de voluntários da UEPB, em Palmares
Imagem: Herbert Andrade Oliveira

A nossa delegação, intitulada “Zezé da Galiléia”, partiu de Campina Grande às 9h da manhã com destino a Palmares, chegando às 15h ao campus da FAMASUL. Fizemos boa viagem, e fomos bem acolhidos pelas professoras Eliane e Railda no alojamento, responsáveis pela delegação “Zumbi dos Palmares”.

Em seguida, foi realizada uma reunião com as duas delegações, onde a primeira delegação, compartilhou conosco a experiência vivenciada até então. Foram criados grupos de acordo com as áreas de atuação (enfermagem, serviço social, psicologia, educação física e o Comitê de Imprensa) onde os veteranos passaram instruções de como deveríamos dar continuidade ao trabalho já em andamento, dando ênfase, segundo indicação da coordenação anterior, as seguintes comunidades: Catende, Águas Pretas e Coab II. O motivo desse redirecionamento, deve-se ao fato de que os moradores das localidades referidas, precisam da orientação e da presença dos vários profissionais que compõe nossa delegação. Estas populações se sentem negligenciadas, uma vez que estes afirmam que as família alojadas nos abrigos estão sendo melhor assistidas.

Uma grande equipe encontra-se presente em Palmares, como o Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar, voluntários da própria comunidade, o Comitê da UEPB, além de voluntários de outras regiões, todos estes trabalhando em prol da reconstrução da cidade.

A universidade na qual estamos alocados está servindo como base para as operações de recebimento das doações vindas das diversas partes do país. Percebemos que existe uma grande quantidade de doações no tocante a parte de vestuário, sendo importante que agora, dê-se ênfase a itens como: leite, fraldas e material de higiene e limpeza.

Amanhã, faremos um reconhecimento das localidades mais afetadas, tendo assim o primeiro contato com as vítimas da enchente.

sábado, 10 de julho de 2010

Comunidade se solidariza com ação de voluntários do Comitê de Ajuda Humanitária da UEPB

Ajuda - Integrante da Brigada UEPB Zumbi dos Palmares auxilia moradores

Imagem: Herbert Andrade Oliveira

A ação pautada na solidariedade do Comitê de Ajuda Humanitária Social e da Saúde da UEPB, na atenção às vítimas das enchentes na cidade de Palmares (PE), tem chamado à atenção de toda a comunidade. Nesse sentido, os promotores da iniciativa e voluntários da Brigada UEPB Zumbi dos Palmares, a exemplo da professora Railda Fernandes, que está na localidade junto aos integrantes, receberam esta semana, por meio da internet, mensagens de admiração e incentivo pelo louvável trabalho. Veja algumas delas:

“Atitude louvável desse grupo. Parabéns à UEPB por ter em seu quadro funcional pessoas que têm essa disponibilidade e dirigentes que se engajam nessa luta social, em prol do bem comum.
Abraços”
Divanira Arcoverde (professora da UEPB)

“Caro professor Benjamim,
Parabenizo-o, e a todo o staff da UEPB, por essa iniciativa primorosa e de grande valor humanitário. Sei do seu grande coração e da sensibilidade da professora Marlene. Estou à disposição para ajudar no que estiver ao meu alcance.
Um grande abraço”
Fidélia Cassandra (Cantora e compositora)

“Querida Railda,
É nestes momentos de dificuldades que as pessoas são postas à prova, essencialmente no sentido de sua humanidade. Vocês estão fazendo um grande trabalho e isso extrapola em tudo o lado profissional, sem desprezá-lo. Ou seja, estão aí porque são profissionais, mas o que os motiva é a sua humanidade.
Especialmente a você, que conheço há tanto tempo e por quem nutro um especial carinho, o meu abraço solidário, extensivo a todos/as da Brigada UEPB de Solidariedade.
Desde já estou viabilizando formas de apoio material junto ao pessoal que conheço e tentando fazer nossa parte pela UEPB.
Grande abraço a todos/as.
Saúde e paz!”
Antônio Guedes Rangel Junior (professor e pró-reitor de Planejamento da UEPB)

“Railda nos orgulhamos de todos vocês pelo ato humanitário que estão realizando e pela coragem de enfrentar tantas adversidades. Com certeza essa experiência engrandecerá a todos, e é um exemplo que deve ser seguido por todos nós da UEPB.
Grande abraço”
Eduardo Beserra (Diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS/UEPB)

“Prezada Railda,
Nossos cumprimentos a você e a toda equipe presente nesta ação de Solidariedade.
Abraços aos professores Inácio, Eliane. Parabéns.
Aqui estamos todos orgulhosos da coragem, desprendimento e determinação de vocês.
Há muita admiração pelo esforço que estão empregando.
Cada pessoa que comunicamos sente-se honrada e ao mesmo tempo indignada, pois a imprensa aos poucos vai afastando-se, deixando a noção que a catástrofe foi coisa do passado. Felizmente vocês estão aí para testemunharem a situação e ecoarem aos quatro cantos deste país que a calamidade é real e que as pessoas ainda correm muito risco e as necessidades são imensas.
A dureza do trabalho, a dedicação é impagável. Não se conta em dinheiro, já que o grande tesouro é a Solidariedade Humana, justo o que vocês fazem.
Vamos espalhar a ação.
A Professora Marlene, comovida e orgulhosa da Universidade, manda um forte abraço a cada professor, cada professora, a cada aluno, aluna, a cada membro da delegação da UEPB.
Um beijo a todos”
José Benjamim (chefe do Gabinete da Reitoria e representante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas - NEABI/UEPB)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Diário de Palmares - Brigada UEPB Zumbi dos Palmares permanece em auxílio as vítimas

Voluntária - Aluna da UEPB entre os destroços que agora marcam a paisagem da cidade pernambucana

Texto de Alan Dourado, voluntário enviado a Palmares por meio da UEPB/Foto: Herbert Andrade Oliveira

Prosseguem as atividades da Brigada da Solidariedade UEPB em Palmares (PE).  Esta semana, o Comitê de Ajuda Humanitária visitou os vários abrigos espalhados pelas comunidades carentes, com o objetivo de continuar com os trabalhos de ajuda material e não material aos desabrigados.

Segundo depoimento dos voluntários, as condições locais são de precariedade e muitos dos moradores do município estão enfermos. No entanto, as atividades das equipes têm sido realizadas com sucesso, haja vista a manifestação de aceitação pelos desabrigados. A Faculdade da Mata Sul (FAMASUL) concedeu suas dependências que tem funcionado como base de apoio, recebendo a Comitiva da UEPB, além do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Exército Brasileiro, Polícia Militar e representante do Ministério do Desenvolvimento Social.

Durante o percurso das equipes multidisciplinares aos abrigos, o que se tem visto é um cenário de imensa destruição: pontes caídas; árvores arrancadas pela raiz; caminhões capotados, além de muita lama e destroços. De acordo com moradores, a falta de água é constante, e quando chegam às torneiras é inapropriada para o consumo.

A catástrofe não produziu somente lama e  mau cheiro. Também sobreveio o caos e problemas de diversas ordens, a exemplo de desemprego, saques, traumas, doenças e desespero na população.  Gerou a necessidade não apenas de comida e roupas, mas sobretudo de orientação e apoio humanitário.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Diário de Palmares (PE), com informações da Brigada UEPB Zumbi dos Palmares

Da ASCOM/UEPB - Texto de abertura de Giuliana Rodrigues

Professora da UEPB descreve situação dos moradores de Palmares e como a Universidade vem promovendo ações de ajuda

No último dia 05 de julho, uma equipe de voluntários da Universidade Estadual da Paraíba seguiu para o município de Palmares (PE), assolado pelas fortes chuvas que destruíram a cidade e deixaram centenas de desabrigados, durante o mês de junho. A equipe tem em vista auxiliar os moradores e promover, com eles, diversas atividades sócio-educativas, bem como prevenção e controle de doenças.

Entre os voluntários, está a professora de Psicologia da UEPB, Railda Fernandes, vice diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) e também ex participante do programa Cruz Vermelha, na Espanha. Na última quarta-feira (07), ela enviou à UEPB um relatório sobre as atividades da Brigada Zumbi dos Palmares, criada emergencialmente pelo Comitê de Ajuda Humanitária, Social e da Saúde da UEPB, com o objetivo de atender as necessidades das pessoas atingidas pelas enchentes na fronteira Pernambuco-Alagoas.

Confira o relatório:

Caríssimos colegas,

Escrevo a todos simultaneamente de modo a otimizar o pouco tempo que tenho "livre", para mandar notícias. Tentarei fazer uma espécie de relatório da nossa ação aqui em Palmares (PE).

Os efeitos das enchentes na cidade de Palmares causaram danos muito profundos. Tais danos não apenas atingiram os edifícios civis e públicos. Atingiram também, e principalmente, os cidadãos, naquilo que eles têm de mais marcante: a sua cidadania.

O fato de perder tudo obrigou grande parte da população a ficar sem casa, sem escola, sem hospitais ou centros de saúde. E sem registro da civilidade de quase toda uma população. É difícil descrever.

Talvez vocês não tenham ideia do que eu estou tentando comunicar. É, realmente, uma calamidade. A cidade parece destruída pela guerra. No nosso alojamento, que é numa faculdade que restou de pé, estão também alojados a Prefeitura Municipal, toda a organização policial, o Exército, a Defesa Civil, UEPB, entre outros. Este lugar, que tento descrever para vocês, mais parece um acampamento de guerra.

Os helicópteros cortam os céus o dia todo. Caminhões do Exército (órgão que coordenada todas as operações e a quem nós também estamos subordinados), circulam sem parar, trazendo e levando material (doado ou comprado pelos governos locais e Federal).

Bem, a população está “relativamente” assistida. Se é que se pode falar de assistência... Quero dizer que comida há. Ainda que nesses dias começa a escassear. No alojamento central (aqui onde nós estamos) chegam doações a todo o momento, entretanto, no campo, ou seja, nos alojamentos dos desabrigados, falta quase tudo.

Estamos sendo muito bem tratados por todos.

Sobre nossa intervenção

Nossa intervenção é sem precedentes... A equipe se mostra muito motivada e gratificada de estar aqui trabalhando (trabalhando muito e dormindo muito pouco). Até agora, não ouvi nenhuma reclamação nesse sentido. Os daqui atestam a importância de nossas ações e nos agradecem constantemente. Ficam admirados com o nosso trabalho.

A questão do transporte, de momento, está tranqüila. Hoje, já mais organizados, temos menos estresse quanto ao fato de conseguir que nos conduzam de um abrigo a outro. Tudo é muito longe do nosso alojamento, de modo que necessitamos de transporte o tempo todo.

Tentarei mandar mais notícias. Os nossos alunos da imprensa também estão mandando novas para vocês.

Gostaria de dizer a todos que invistam tudo que for possível, sem medo de estar perdendo dinheiro. Vocês não sabem do grande trabalho que está sendo realizado.

Antes de me despedir, e dando o principal recado, queria dizer que neste momento A GRANDE NECESSIDADE É POR COMIDA NÃO PERECÍVEL. Assim, quando forem pedir as doações, priorizem a solicitação de alimentos não perecíveis, sobretudo leite e carne enlatada.

 Um beijo em todas/os,


Railda

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Jornalistas na berlinda

Por Juliana Rosas, da Ascom/UEPB

A Organização Não-governamental (ONG) suíça Presse Emblème Campagne (PEC) - Campanha Emblema de Imprensa, em português - anunciou esta semana que um total de 59 jornalistas foram assassinados durante o exercício de sua profissão este ano, o que representa um aumento de quase 10% em relação aos 53 que perderam a vida no mesmo período de 2009, sendo a América Latina a região com maior número de mortes.

Por continente, a América Latina detém o recorde de jornalistas assassinados em seis meses (24 no total), seguida da Ásia (14). A África apresenta uma preocupante tendência em alta (09), constata a PEC. Os países mais perigosos para os jornalistas foram o México, com nove profissionais mortos, Honduras (08), Paquistão (06), Nigéria (04) e Filipinas (04), segundo esta ONG com sede em Genebra e que milita a favor de uma melhor proteção dos jornalistas nas zonas de conflito.

As causas de todas as mortes são variadas, mas os profissionais foram particularmente vítimas da guerra e conflitos entre traficantes de drogas. O número de jornalistas mortos não deixou de aumentar nos últimos anos. Em 2009, a PEC contabilizou 122 jornalistas mortos, contra 91 no ano anterior. A relação completa de vítimas pode ser encontrada no portal www.pressemblem.ch.

No mês de maio, publicamos neste mesmo blog, um texto sobre a liberdade de imprensa, comemorada mundialmente no dia 03/05. Fizemos uma pergunta que todos os profissionais da área devem se perguntar há muito tempo: temos liberdade de imprensa? O número de mortes de jornalistas - mortos apenas por estarem na profissão - denuncia que ainda estamos longe de plena liberdade e respeito para com os jornalistas, por parte de diversos segmentos da sociedade de alguns países.

O professor do Departamento de Comunicação da UEPB, Rômulo Azevedo, comentou, à época, que o ofício de jornalista é, ainda, uma das profissões mais perigosas do mundo e que em muitos lugares, este trabalho (ou o profissional) não é visto com bons olhos. Ele reforçou que em alguns países como o Brasil, supostamente democráticos, não existe mais censura prévia, mas não há ainda uma plena liberdade de opinião, há uma espécie de censura econômica.

Por causas extremas, vida no limite

A investigação e divulgação de casos de corrupção, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, coberturas de guerras e questões políticas, revelam-se alguns dos principais motivos de morte de jornalistas no mundo. Grande parte dos jornalistas mortos pertence a jornais (57%), seguida de imprensa televisiva (26%), rádio (20%) e internet (2%). São tipos de mortes os seguintes: assassinato (73%), combate (18%) e em tarefas perigosas (9%).

Com o crescimento das assessorias de imprensa em todo o país e a crise dos jornais impressos, muitos jornalistas acabam sendo empregados por estas primeiras, o que pode gerar uma visão equivocada que jornalistas estão mais seguros. Claro, assessorias de comunicação possuem outras problemáticas e são causas de muito estresse profissional, especialmente quando envolvem política. Não podem ser comparados aos reais campos de guerra, mas não podemos esquecer nossos colegas que diariamente correm risco para trazer a população a verdade dos fatos - ou os próprios fatos - de regiões longínquas ou perigosas. Lembremos também que há até hoje casos não são solucionados, muitos sequer investigados e os criminosos, impunes. No famoso caso Tim Lopes (jornalista assassinado em 2002 por traficantes de drogas e que trabalhava para a emissora Globo) um dos participantes do crime ganhou regime semiaberto em 2008.

Um levantamento feito pelo Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa (Insi) e divulgado no último dia 28 de junho, aponta que em 2010, 42 jornalistas já foram mortos no mundo todo. Abril foi o mês mais violento para a classe, com 17 jornalistas mortos. O relatório mostrou ainda que em oito de cada 10 casos não houve punição.

É um 2010 negro para a profissão até agora. Nossa realidade em ano de eleição presidencial deve aguardar disputas na imprensa, assim como a cobertura da Copa do Mundo provocou desavenças. Bem, claro, são casos em que não houve casos extremos de assassinato nem se espera que haja. Porém, é em situações de divergências e em que a democracia está em jogo que se nota como o país lida com as opiniões contrárias e a liberdade de comunicação.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Paraíba ganhará mais cinemas

Por Juliana Rosas, da ASCOM/UEPB

O cinema está em alta. Bem, acho que ele sempre esteve. Porém, creio que finalmente o poder público reconheceu a sétima arte como forma de conhecimento e agiu para ampliar o número de salas de exibição no país. O que temos a ver com isso? Na Paraíba, o cinema deverá chegar a cerca de 40 cidades. Ótima notícia. Campina Grande, conhecida por ser uma cidade universitária, apesar de ser a segunda maior do Estado, sofre com a precariedade das suas salas de cinema e do conteúdo exibido.

O edital “Cine Mais Cultura 2010”, lançado semana passada pelo Ministério da Cultura (Minc), e uma parceria entre os governos federal e estadual tornaram a iniciativa possível. O edital está disponível nos sites do Minc (www.cultura.gov.br) e da Subsecretaria de Cultura de Estado da Paraíba (www.cultura.pb.gov.br) e tem o objetivo de criar salas de cinema em vários municípios do Estado e beneficiar a população com acesso gratuito a filmes de qualidade. Através do projeto, os dois governos irão fornecer gratuitamente um kit com equipamentos de projeção e disponibilizar um acervo de filmes e vídeos para serem exibidos durante um ano.

Os contemplados receberão treinamentos e orientações para montar as salas de cinema. Como contrapartida, os inscritos no projeto terão apenas que disponibilizar o local onde serão instalados os equipamentos e ocorrerá a veiculação do filme. O projeto é destinado a localidades que não têm acesso ao cinema e nem às produções audiovisuais. Por isso, os pequenos municípios e as periferias dos centros urbanos estão convidados a participar. Podem se inscrever no projeto, as prefeituras de cidades com mais de 20 mil habitantes e entidades privadas sem fins lucrativos, como associações de moradores, organizações não governamentais, bibliotecas comunitárias, escolas, sindicatos e cooperativas. 

O “Cine Mais Cultura 2010” é uma ação do Ministério da Cultura e está sendo desenvolvido em várias regiões do Brasil. Ao todo, a meta é implantar 1.600 salas até dezembro deste ano. A iniciativa tem parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC).

Elaboração de projetos: alguém viu “Saneamento Básico”?


Os candidatos terão que elaborar e escrever os projetos que serão analisados por uma comissão de profissionais do cinema. Os autores dos projetos escolhidos irão participar de cinco dias de capacitação, quando serão ministradas oficinas sobre temas da área. Os trabalhos terão a parceria com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e serão ministrados por membros dessa entidade.

O governo estadual irá custear cerca de 30% dos recursos investidos nesse projeto. Segundo o subsecretário estadual de Cultura, David Fernandes, a cifra vai promover mais acesso à cultura e reduzir estatísticas preocupantes. O site do projeto afirma que com a concentração de salas comerciais de cinema em apenas 8% do território nacional e a quantidade muito reduzida de obras audiovisuais brasileiras na TV, a maioria dos filmes produzidos no país permanece inédita para grande parte de sua população. O projeto tem a missão de tentar mudar essa realidade.

“Saneamento Básico – O Filme”, estrelado pelos ótimos atores Fernanda Torres e Wagner Moura, é uma comédia nacional que mostra - de uma maneira cômica - como habitantes de uma pequena cidade tentam aproveitar o orçamento de um edital da prefeitura para a realização de um vídeo, na esperança de que sobrasse verba para que eles pudessem utilizar no real saneamento básico do município. O filme é uma espécie de metalinguagem (o filme que mostra a feitura de outro filme) e exibe as trapalhadas de amadores tentando fazer cinema - mostrando que não é tão fácil como possa parecer.

Este pequeno adendo sobre uma obra cinematográfica nacional é para ilustrar como muitos podem ter dificuldades em elaborar um projeto, porém, vale a pena. E também para incentivar os interessados a ver o filme e elaborar o bendito projeto, sabendo que não é tarefa fácil. Mas, se até os personagens atrapalhados de Saneamento Básico conseguiram, por que não qualquer um de nós?! Quem sabe surgirão daí futuros cinéfilos, e quem sabe até cineastas?

   

Mostra de Cinema Francês foi cancelada no Sesc/CG

A Mostra de Cinema Francês, prevista para comerçar hoje (06), no Sesc/CG, foi cancelada, de acordo com informações da assessoria da instituição.  O evento, que seria realizado em parceria com a Aliança Francesa, não acontecerá devido a problemas operacionais na liberação dos filmes.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sesc/CG sediará Mostra de Cinema Francês a partir desta terça-feira (06)

Da Assessoria do Sesc Campina Grande

O Cinema de Arte estará em destaque no Serviço Social do Comércio. Em Campina Grande, a partir desta terça-feira (06), será iniciado um ciclo de exibições com filmes de origem francesa. A Mostra de Cinema Francês apresentará cinco longas-metragens, um a cada dia, sempre às 19h, com entrada franca.

A produção cinematográfica francesa é conhecida e respeitada mundialmente por apresentar um cinema artístico, com sutileza de detalhes e densidade dos diálogos. Além do ritmo das produções e da linguagem própria, o cinema francês é referência no mercado e influência entre os jovens cineastas.

Com o intuito de difundir e envolver o público no cenário cultural da França, a Mostra de Cinema Francês promoverá, através do universo sedutor do Cinema, uma nova reflexão a cerca da realidade sociocultural da França, pouco conhecida no exterior.

Filmes como L’argent Fait Le Bonheur, Bye-bye, Samia, Wesh Wesh, qu’est-ce qui se passe? e Voisins Voisines serão exibidos durante os cinco dias da mostra. Eles direcionarão os olhares do público para personagens envolventes que surgem dos subúrbios franceses, espaço de miscigenação cultural que traça um novo retrato da França.

Na primeira sessão, será exibido o longa Bye-Bye, do diretor franco-tunisiano Karim Dridi. O filme retrata a história de Ismael, que depois de um drama familiar, abandona Paris junto com Mouloud, seu irmão mais novo, para morar em Marselha com a família de um tio. Ismael tem a responsabilidade de levar o irmão de volta à Tunísia, onde seus pais estão vivendo, mas Mouloud recusa-se a ir. Para escapar da viagem, ele foge com a cumplicidade de seu primo Rhida e faz amizade com Renard, um perigoso fornecedor local de drogas. Ismael tenta desesperadamente reencontrar seu jovem irmão nessa cidade mestiça que, ao mesmo tempo, o atrai e o repele.

A Mostra de Cinema Francês é um evento realizado pela Aliança Francesa, com o apoio do Sesc. As sessões acontecerão na sala de vídeo do Sesc Centro Campina Grande. O evento segue até o dia 10, levando filmes e debates para o público campinense. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (83) 3341-5800 ou na própria unidade, que fica na Rua Giló Guedes, Santo Antônio, 650.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Paraíba perde virtuose Radegundis Feitosa

Por Oziella Inocêncio, da ASCOM/UEPB

Um acidente de trânsito ocorrido hoje (01), na região de Itaporanga, no sertão paraibano, provocou a morte de quatro músicos, dentre eles figurava o maestro Radegundis Feitosa, integrante do Sexteto de Trombone da Paraíba. O músico se apresentaria naquele município, como parte das comemorações do aniversário da cidade.

Recentemente, Radegundis presenteou uma grande plateia com uma exibição marcada pelo virtuosismo, durante o I Festival Internacional de Música de Campina Grande - evento realizado com o apoio da UEPB.

Doutor em trombone performance pela The Catholic University of America de Washington D.C U.S.A (1991), Mestre pela The Juilliard School de New York U.S.A (1987), e Bacharel pela Universidade Federal da Paraíba (1983), Radegundis era natural de Itaporanga. Integrou a Filarmônica Cônego Manoel Firmino do Colégio Diocesano D. João da Mata, sob a direção de Severino Ferreira.

Em seus estudos de graduação foi orientado pelo professor Ghesten, trombone principal da Orquestra Sinfônica da Paraíba na época e nos cursos de Mestrado e Doutorado pelo professor Dr. Per Brevig, trombone principal do Metropolitan Opera House em New York.

Foi premiado em concursos nacionais como o Sulamerica/Jovem Concertistas Brasileiros e Jovens Intérpretes da Música Brasileira/ Funarte e internacionais, como East & West Artists para debut no Canegie Recital Hall, em New York.

De hábito, apresentava-se como solista, camerista e instrumentista de Orquestra em centros musicais importantes do Brasil, Estados Unidos e Europa. Desenvolvia atividades didáticas no Departamento de Música da UFPB e nos vários festivais de música do Brasil. Foi o presidente fundador da Associação Brasileira de Trombonistas, sendo o trombone principal da Orquestra Sinfônica da Paraíba e trombonista do Brassil (Grupo de Metais e Percussão) e do Brazilian Trombone Ensemble.

Considerado pela crítica especializada e pelos demais trombonistas como um dos maiores do mundo em seu instrumento, o paraibano lançou, em 2001, ao lado da Camerata Brasílica, o compacto “Concerto Brasileiro”.

Radegundis tinha 44 anos e estava acompanhado por outros três músicos, que também faleceram: Roberto Ângelo Sabino, 41; Luiz Benedito, 69; e Adenílton França, 24.