O cinema está em alta. Bem, acho que ele sempre esteve. Porém, creio que finalmente o poder público reconheceu a sétima arte como forma de conhecimento e agiu para ampliar o número de salas de exibição no país. O que temos a ver com isso? Na Paraíba, o cinema deverá chegar a cerca de 40 cidades. Ótima notícia. Campina Grande, conhecida por ser uma cidade universitária, apesar de ser a segunda maior do Estado, sofre com a precariedade das suas salas de cinema e do conteúdo exibido.
O edital “Cine Mais Cultura 2010”, lançado semana passada pelo Ministério da Cultura (Minc), e uma parceria entre os governos federal e estadual tornaram a iniciativa possível. O edital está disponível nos sites do Minc (www.cultura.gov.br) e da Subsecretaria de Cultura de Estado da Paraíba (www.cultura.pb.gov.br) e tem o objetivo de criar salas de cinema em vários municípios do Estado e beneficiar a população com acesso gratuito a filmes de qualidade. Através do projeto, os dois governos irão fornecer gratuitamente um kit com equipamentos de projeção e disponibilizar um acervo de filmes e vídeos para serem exibidos durante um ano.
Os contemplados receberão treinamentos e orientações para montar as salas de cinema. Como contrapartida, os inscritos no projeto terão apenas que disponibilizar o local onde serão instalados os equipamentos e ocorrerá a veiculação do filme. O projeto é destinado a localidades que não têm acesso ao cinema e nem às produções audiovisuais. Por isso, os pequenos municípios e as periferias dos centros urbanos estão convidados a participar. Podem se inscrever no projeto, as prefeituras de cidades com mais de 20 mil habitantes e entidades privadas sem fins lucrativos, como associações de moradores, organizações não governamentais, bibliotecas comunitárias, escolas, sindicatos e cooperativas.
O “Cine Mais Cultura 2010” é uma ação do Ministério da Cultura e está sendo desenvolvido em várias regiões do Brasil. Ao todo, a meta é implantar 1.600 salas até dezembro deste ano. A iniciativa tem parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC).
Os candidatos terão que elaborar e escrever os projetos que serão analisados por uma comissão de profissionais do cinema. Os autores dos projetos escolhidos irão participar de cinco dias de capacitação, quando serão ministradas oficinas sobre temas da área. Os trabalhos terão a parceria com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e serão ministrados por membros dessa entidade.
O governo estadual irá custear cerca de 30% dos recursos investidos nesse projeto. Segundo o subsecretário estadual de Cultura, David Fernandes, a cifra vai promover mais acesso à cultura e reduzir estatísticas preocupantes. O site do projeto afirma que com a concentração de salas comerciais de cinema em apenas 8% do território nacional e a quantidade muito reduzida de obras audiovisuais brasileiras na TV, a maioria dos filmes produzidos no país permanece inédita para grande parte de sua população. O projeto tem a missão de tentar mudar essa realidade.
“Saneamento Básico – O Filme”, estrelado pelos ótimos atores Fernanda Torres e Wagner Moura, é uma comédia nacional que mostra - de uma maneira cômica - como habitantes de uma pequena cidade tentam aproveitar o orçamento de um edital da prefeitura para a realização de um vídeo, na esperança de que sobrasse verba para que eles pudessem utilizar no real saneamento básico do município. O filme é uma espécie de metalinguagem (o filme que mostra a feitura de outro filme) e exibe as trapalhadas de amadores tentando fazer cinema - mostrando que não é tão fácil como possa parecer.
Este pequeno adendo sobre uma obra cinematográfica nacional é para ilustrar como muitos podem ter dificuldades em elaborar um projeto, porém, vale a pena. E também para incentivar os interessados a ver o filme e elaborar o bendito projeto, sabendo que não é tarefa fácil. Mas, se até os personagens atrapalhados de Saneamento Básico conseguiram, por que não qualquer um de nós?! Quem sabe surgirão daí futuros cinéfilos, e quem sabe até cineastas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário