Professora da UEPB descreve situação dos moradores de Palmares e como a Universidade vem promovendo ações de ajuda
No último dia 05 de julho, uma equipe de voluntários da Universidade Estadual da Paraíba seguiu para o município de Palmares (PE), assolado pelas fortes chuvas que destruíram a cidade e deixaram centenas de desabrigados, durante o mês de junho. A equipe tem em vista auxiliar os moradores e promover, com eles, diversas atividades sócio-educativas, bem como prevenção e controle de doenças.
Entre os voluntários, está a professora de Psicologia da UEPB, Railda Fernandes, vice diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) e também ex participante do programa Cruz Vermelha, na Espanha. Na última quarta-feira (07), ela enviou à UEPB um relatório sobre as atividades da Brigada Zumbi dos Palmares, criada emergencialmente pelo Comitê de Ajuda Humanitária, Social e da Saúde da UEPB, com o objetivo de atender as necessidades das pessoas atingidas pelas enchentes na fronteira Pernambuco-Alagoas.
Confira o relatório:
Caríssimos colegas,
Escrevo a todos simultaneamente de modo a otimizar o pouco tempo que tenho "livre", para mandar notícias. Tentarei fazer uma espécie de relatório da nossa ação aqui em Palmares (PE).
Os efeitos das enchentes na cidade de Palmares causaram danos muito profundos. Tais danos não apenas atingiram os edifícios civis e públicos. Atingiram também, e principalmente, os cidadãos, naquilo que eles têm de mais marcante: a sua cidadania.
O fato de perder tudo obrigou grande parte da população a ficar sem casa, sem escola, sem hospitais ou centros de saúde. E sem registro da civilidade de quase toda uma população. É difícil descrever.
Talvez vocês não tenham ideia do que eu estou tentando comunicar. É, realmente, uma calamidade. A cidade parece destruída pela guerra. No nosso alojamento, que é numa faculdade que restou de pé, estão também alojados a Prefeitura Municipal, toda a organização policial, o Exército, a Defesa Civil, UEPB, entre outros. Este lugar, que tento descrever para vocês, mais parece um acampamento de guerra.
Os helicópteros cortam os céus o dia todo. Caminhões do Exército (órgão que coordenada todas as operações e a quem nós também estamos subordinados), circulam sem parar, trazendo e levando material (doado ou comprado pelos governos locais e Federal).
Bem, a população está “relativamente” assistida. Se é que se pode falar de assistência... Quero dizer que comida há. Ainda que nesses dias começa a escassear. No alojamento central (aqui onde nós estamos) chegam doações a todo o momento, entretanto, no campo, ou seja, nos alojamentos dos desabrigados, falta quase tudo.
Estamos sendo muito bem tratados por todos.
Sobre nossa intervenção
Nossa intervenção é sem precedentes... A equipe se mostra muito motivada e gratificada de estar aqui trabalhando (trabalhando muito e dormindo muito pouco). Até agora, não ouvi nenhuma reclamação nesse sentido. Os daqui atestam a importância de nossas ações e nos agradecem constantemente. Ficam admirados com o nosso trabalho.
A questão do transporte, de momento, está tranqüila. Hoje, já mais organizados, temos menos estresse quanto ao fato de conseguir que nos conduzam de um abrigo a outro. Tudo é muito longe do nosso alojamento, de modo que necessitamos de transporte o tempo todo.
Tentarei mandar mais notícias. Os nossos alunos da imprensa também estão mandando novas para vocês.
Gostaria de dizer a todos que invistam tudo que for possível, sem medo de estar perdendo dinheiro. Vocês não sabem do grande trabalho que está sendo realizado.
Antes de me despedir, e dando o principal recado, queria dizer que neste momento A GRANDE NECESSIDADE É POR COMIDA NÃO PERECÍVEL. Assim, quando forem pedir as doações, priorizem a solicitação de alimentos não perecíveis, sobretudo leite e carne enlatada.
Um beijo em todas/os,
Railda
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