Por Oziella Inocêncio [texto e imagem], da ASCOM/UEPB
O Festival de Inverno de Campina Grande, evento que detém o apoio logístico da Universidade Estadual da Paraíba, trouxe a Rainha da Borborema um espetáculo com o músico Zeca Baleiro, no último sábado (24). O artista foi prestigiado por uma multidão que formou uma "espiral de filas" nas dependências do Centro de Convenções - local que sediou o show. Em formato intimista, o cantor e compositor apresentou um repertório bastante conhecido da plateia, que acompanhava todas as músicas ruidosamente, seja cantando ou batendo palmas.
Durante o espetáculo, Zeca saudou a genialidade da paraibana Marinês, a quem é dedicado (in memoriam), o Festival deste ano. "Aprecio muito o fazer artístico dela. É importante lembrar o grande legado musical deixado por Marinês", disse. E à capela, Baleiro surpreendeu o público ao recordar uma das composições mais famosas da Rainha do Xaxado: Só gosto de tudo grande. Além da paraibana de São Vicente Ferrer, outro talento do Estado, oriundo de Taperoá, foi mensurado por Zeca, que se confessou fã da obra de Vital Farias, cantando uma de suas músicas mais celebradas: Veja (Margarida).
Muito à vontade no palco e em sintonia perfeita com os admiradores de suas canções, Zeca expôs um show enxuto e muito bem produzido. O espetáculo veio reforçar a maturidade musical de Baleiro, que se encontra num momento especial de sua carreira.
Jackson do Pandeiro e Bob Dylan em Zeca Baleiro
“Talvez não de uma forma muito óbvia e estereotipada, mas o Nordeste é algo muito forte na minha música, está presente em quase tudo que faço”, ressaltou Zeca. A alquimia dos sons que influenciam a inventividade do artista abrange desde o côco urbano de Jackson do Pandeiro – paraibano de Alagoa Grande – até a integridade artística de Luiz Gonzaga e Bob Dylan. “Ouvi muito rádio na infância, assim como presenciei muitas festas populares, na rua, às vezes em frente da minha casa. Nasci em São Luis por acidente, mas vivi toda a infância em Arari, uma cidade da Baixada Maranhense, região culturalmente muito rica. Isso tudo está no meu trabalho, de forma às vezes mais branda, às vezes mais explícita”, explanou.
O cantor também elencou, entre suas influências, Noel Rosa e João do Vale. “Gosto de rock, folk e blues. Também ouvi muita música africana”, disse.
Mais sobre o artista
Ele nasceu José Ribamar Coelho dos Santos, em São Luis do Maranhão, mas logo se tornou Zeca Baleiro, apelido do menino apreciador de balas e todo tipo de guloseimas que, inclusive na juventude, abriu uma loja de tortas e doces caseiros,a Fazdocinhá – nome tirado de uma tradicional cantiga de roda. Sua paixão pela música tomou corpo quando começou a compor melodias para peças infantis e partiu para São Paulo, onde tentaria carreira artística mais sólida.
Mesclando samba, pagode, baião, rock, pop e música eletrônica, Zeca gravou em 1997 seu primeiro disco “Por onde andará Stephen Fry?”, mas só atingiu maior repercussão após a participação no Acústico MTV de Gal Costa, onde cantou em dueto a canção À flor da pele. Nos anos seguintes, lançou cinco álbuns com participação de diversos cantores, a exemplo de Rita Ribeiro, Lobão, Arnaldo Antunes, Elba Ramalho, Moska, Fagner, Zeca Pagodinho, entre outros.
Atualmente, com mais de dez anos de carreira, o cantor cumula cinco discos de ouro, três prêmios Sharp (1998), três indicações para o Grammy Latino, além de ser eleito Melhor Cantor, em 1998 e 2003, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Desde 2005, Zeca possui o selo Saravá Discos, que reúne produções musicais com foco na documentação e resgate de obras essenciais para a cultura brasileira. Com distribuição própria, o selo lançou diversos álbuns, entre eles, um CD póstumo de Sérgio Sampaio, apenas com inéditas, e um disco com poemas da escritora paulista Hilda Hilst, musicados por Baleiro e interpretados por estrelas como Ângela Maria, Mônica Salmaso, Ângela Rô Ro, Maria Bethânia e Zélia Duncan.
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