quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A marca da genialidade de Niemeyer na UEPB


Por Tatiana Brandão (jornalista)


O Brasil e o mundo se despedem do homem que foi o nome mais influente da arquitetura moderna: Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares, que faleceu nesta quarta-feira (5), aos 104 anos. O renomado arquiteto carioca foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado e, por este motivo, teve grande fama nacional e internacional desde a década de 1940.

A genialidade de Oscar Niemeyer está em importantes obras em todo o mundo e esta marca também está na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), construído às margens do Açude Velho, em Campina Grande, e que será inaugurado na próxima semana, reflete a visão macro do homem que sempre soube que arquitetura é invenção e ousadia, tem que causar impacto e ter desafio.

Apelidado de Museu dos Três Pandeiros, o MAPP é a última obra do arquiteto concluída com ele em vida, em todo o mundo. E era vista por Niemeyer com um carinho especial. “Ele não pensou a obra como três pandeiros, mas como mais uma ousadia arquitetônica, com um prédio ‘flutuando’ acima das águas do cartão postal da cidade. Quando ele soube que o povo paraibano apelidou a obra de ‘Museu dos Três Pandeiros’, assimilando a obra com artistas da região, isso foi motivo de grande alegria para Oscar, porque ele sempre gostava quando o povo gostava se suas obas”, Luiz Marçal, arquiteto da equipe de Oscar Niemeyer que trabalha diretamente nos projetos da UEPB.

Marçal destaca, ainda, que o Museu de Arte Popular da Paraíba era motivo de orgulho do maior arquiteto brasileiro. “O que mais ele sempre gostou de ressaltar era que o MAPP foi construído, totalmente, com mão de obra paraibana, com trabalhadores locais. Ele amava essa coisa de uma obra maravilhosa como é este museu ser fruto do trabalho de gente da terra, de gerar emprego e renda para a cidade. Isso o encantava e o fazia olhar com um carinho especial para esta que é a última obra concluída que ele deixa para o mundo”.

Além do MAPP, a Universidade Estadual tem a marca do gênio em outros projetos que se encaminham para sua execução, a exemplo, do projeto da nova Biblioteca Central da Instituição, que faz parte de um Plano Diretor para o Campus de Bodocongó, envolvendo, inclusive, toda uma estrutura de urbanização da região do entorno da UEPB, que engloba a recuperação do Açude de Bodocongó.

O projeto da nova Biblioteca Central da UEPB, aliás, foi doado por Niemeyer para a Universidade. Em um encontro da reitora Marlene Alves e do pró-reitor de Planejamento, professor Rangel Junior, com o arquiteto, em seu escritório, no Rio de Janeiro, Oscar ouviu a professora Marlene descrever as ideias que tinha para a UEPB e diante do entusiasmo que percebeu nas palavras da reitora, ele decidiu fazer o projeto gratuitamente.

“Recordo que quando comentei sobre o projeto grandioso que eu sonhava para a Universidade, de um espaço funcionando 24 horas, com estrutura para várias atividades para a comunidade acadêmica e a sociedade como um todo, mas disse que era ousadia demais, porque não tínhamos condições de pagar por um projeto tão grande assim, ele disse que iria fazer o projeto e doá-lo para a UEPB por ter visto entusiasmo no que queríamos para a Instituição. Foi um momento marcante, onde ele deu mais uma grande demonstração de como o cidadão Oscar Niemeyer era tão ou mais grandioso quanto o arquiteto Oscar Niemeyer”, destaca a professora Marlene.

Também são projetos de Oscar Niemeyer e sua equipe para a Universidade Estadual, o Centro de Vivência do Campus I; o Memorial de Cultura Popular do Campus de Patos e o novo Campus de Monteiro. Obras que ainda não saíram do papel, mas estão desenhadas com o magnífico traço de Oscar e se transformarão em mais um legado deixado pelo arquiteto carioca na UEPB.

Reconhecimento

Para a reitora Marlene Alves, Oscar foi um cidadão do mundo. “Ele era um dos grandes homens que existia no planeta. A obra dele, o seu legado, não se resumia em genialidade arquitetônica. Cada obra tinha a alma dele, a alma de um cidadão que era contra as injustiças sociais, que sempre defendeu que o pobre tem direito a ter uma vida digna. Para mim, é o grande homem do século. É difícil dizer quem era maior: se o Niemeyer cidadão ou se o Niemeyer arquiteto. De uma forma ou de outra, ambos são genialmente inesquecíveis”, ressalta a reitora.

O carinho que Oscar Niemeyer teve com a UEPB foi reconhecido com a outorga da Medalha do Mérito Universitário, concedida ao arquiteto como forma de agradecimento pelo auxílio prestado à Instituição. A honraria foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni) e entregue ao arquiteto em seu escritório, no Rio de Janeiro. “Tive a honra de fazer a entrega e o mestre Oscar a colocou no peito com alegria e fazendo brincadeiras, sempre. Ele fez a doação para a Universidade do projeto para a Biblioteca Central da UEPB, um complexo urbanístico que envolve biblioteca, anfiteatro, praça e teatro de arena, posteriormente incluído um Museu da Ciência”, lembrou o pró-reitor de Planejamento, Rangel Junior.

A relação da UEPB com Oscar Niemeyer e dele com a Universidade era afetuosa e foi representada com gestos que foram além da concretização de obras. Foi alicerçada em amizade e admiração mútua. Tanto que no aniversário da reitora Marlene Alves, em outubro do ano passado, ele fez questão de presenteá-la com a imagem de uma flor segurada por uma mão, feita de próprio punho. O presente está guardado com carinho pela professora Marlene e simboliza, mais uma vez, a grandiosidade do coração de um homem que, como disse certa vez, não se sentia importante e não queria nada além do que a felicidade geral.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dom José Maria Pires e os quilombolas



Imagine um bispo da igreja católica dançando ciranda com um grupo de cirandeiras remanescentes de um dos quilombos da Paraíba. A apresentação, realizada de forma surpreendente pelo arcebispo Emérito da Paraíba Dom José Maria Pires e um grupo de Ciranda do Quilombo Caiana dos Crioulos, aconteceu no último dia 20 de novembro, no Museu Assis Chateaubriand (MAC) da Universidade Estadual da Paraíba (MAC), onde está sendo realizada a exposição “Quilombos da Paraíba – a realidade de hoje e os desafios para o futuro”, com fotografias do fotógrafo italiano Alberto Banal e dos 52 alunos quilombolas do projeto “Fotógrafos de Rua”.

O momento fez parte das comemorações alusivas ao Dia da Consciência Negra e foi incentivado pela Associação de Apoio às Comunidades Afrodescendentes – AACADE, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas – CECNEQ, bem como pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEAB-Í).

Cirandeiras do Grilo e da Caiana dos Crioulos, além de outros membros das comunidades Matão, Grilo, Pedra d’Água, Senhor do Bonfim, Negros das Barreiras e Os Rufinos, fizeram uma apresentação cultural e, para surpresa de todos, Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, se envolveu com o ritmo dos quilombolas e não se conteve em ser apenas um espectador de tão bela manifestação afro-brasileira.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

90 anos sem Lima Barreto


Por Eliezer Aguiar (Jornalista)


Primeiro de novembro é uma data marcante no calendário cristão. Neste dia é celebrado o Dia de Todos os Santos. As celebrações tiveram início por volta do ano 600 D.C. Muitos anos depois, mais precisamente em novembro de 1922, o dia passou a ser referência na literatura quando do falecimento de Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido em 1881.

Negro, neto de escravos, ele era filho de João Henriques de Lima Barreto (negro nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). Ironicamente, recebeu nome de rei, mas sempre foi consciente dos preconceitos sofridos. Mais conhecido como Lima Barreto, foi jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.

Os pontos altos de suas obras partem de sua autoafirmação enquanto negro, visto sempre dizer: nasci pobre, neto de escravos e mulatos. Desenvolveu uma literatura militante de tal forma que eram corriqueiras nos seus escritos as denúncias contra os problemas sociais. Criado e vivido em uma época conturbada, o autor assistiu, emocionado, a abolição da escravidão aos sete anos de idade, em 1888. Também foi testemunha das festas promovidas pelo advento e acompanhou a demissão do pai da Tipografia Nacional, pelo novo governo republicano.

Defendia a função transformadora da literatura, exercendo a literatura de inclusão. Inclusão essa diferente da atual, uma vez que à época a ascensão social era algo raro. Para exemplificar podemos citar a presença do negro em suas obras e também do uso de uma fluência verbal criticada pelas elites da época. A exclusão das baixas camadas sociais acontecia de tal forma que os autores de então ignoravam completamente suas existências.

De acordo com o professor da UEPB, Jomar Ricardo, desenvolvedor de tese de doutorado tomando como base a obra de Lima Barreto, o autor sempre fazia uso de sua forte consciência étnica e, frequentemente, denunciava a visão da mulher negra apenas como objeto sexual da elite branca. Jomar acrescenta que Barreto foi um escritor vanguardista e de visão futurística.

À sua época, criticou o incipiente movimento feminista. Ele acusava as mulheres da classe média de não defender uma causa em busca de justiça e igualdade social, mas sim de ampliar benefícios como o acesso a cargos públicos restritos apenas aos homens de então. Funcionário público concursado, Lima Barreto militou na imprensa de forma independente para complementar sua renda. Em seus escritos defendeu a reforma agrária, no livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, e o aborto. Apesar de ter falecido no início do século 20, tinha ideias que geram polêmicas até nos dias de hoje, 90 anos depois de sua morte.

Após nove décadas de seu falecimento, Lima Barreto ainda não obteve seu devido reconhecimento. De acordo com o professor Jomar Ricardo, o fato do autor ainda não constar na lista dos escritores canônicos da literatura brasileira é algo positivo, visto que o elitizaria e descaracterizaria o discurso em prol das camadas inferiores. O entendimento da necessidade de se estabelecer cotas raciais tem seus fundamentos na literatura de Lima Barreto, quando propunha a mesma como ferramenta de promoção de mudanças, tendo em vista ser inspirado em escritores russos que tinham mais compromissos éticos sociais que estéticos, fator que tem contribuído para que o neto de escravos e filho de mulatos tenha se tornado personagem importante nas pesquisas de historiadores brasileiros.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Professor


Por Eli Brandão (pró-reitor de Graduação da UEPB)


Neste dia 15 de outubro, Dia do Professor, a Universidade Estadual da Paraíba  homenageia aqueles que dedicam a sua vida à transmissão do conhecimento.

“São os que tecem cotidianamente o fio da educação, produzindo, despertando e compartilhando o saber com sabor, contribuindo, desse modo, para o desenvolvimento técnico, científico e sociocultural, tendo em vista a construção de uma plena cidadania, que, neste simbólico dia de reflexão e homenagem, merecem todos os parabéns”.

Parabéns aos professores e professoras da Universidade Estadual da Paraíba.

“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas (...) Pois se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”. (Paulo Freire)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre denúncias de improbidade




sexta-feira, 13 de julho de 2012

O que temos feito com o ECA?


Por Eliézer Aguiar (jornalista)


O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa, nesta sexta-feira, dia 13 de julho, 22 anos. A lei 8.069, que instituiu o ECA, foi promulgada em 1990. Nesta última semana, em todo o país, foi discutida a 22ª semana do Estatuto da Criança e do Adolescente (Semaneca 22 anos).

A lei prevê uma série de direitos e deveres de crianças e adolescentes, pais, conselheiros tutelares, juízes, médicos, entre outros. Estabelece, por exemplo, o direito à saúde, à educação, à convivência familiar, além de questões relacionadas às políticas de atendimento, às medidas de proteção e socioeducativas.

Dados da delegacia especializada apontam a existência de quatro homicídios de menores, em Campina Grande, no primeiro semestre de 2012. A primeira vítima faleceu no dia 15 de janeiro. O jovem de 17 anos foi encontrado no Bairro do Jardim Quarenta, após sofrer agressões, e veio a óbito no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande depois de vários dias internado.

O segundo caso aconteceu no dia 3 de março. Um garoto de 13 anos morreu vitima de um disparo de revólver. Segundo a polícia, a arma disparou de forma acidental. Mas, apesar da idade, a criança tinha envolvimento com o crime organizado e, no momento do acidente, estava a serviço de traficantes. Em 9 de abril aconteceu mais um homicídio de menor na cidade. Desta feita, no Bairro das Cidades, outro jovem de 17 anos foi morto a tiros. O acusado dos disparos foi preso em flagrante. O quarto registro de homicídio de menor aconteceu no início deste mês, no dia 6. Um rapaz, também de 17 anos, foi encontrado morto no Distrito de Catolé de Zé Ferreira.

Vamos agora aos dados relacionados à violência doméstica, violência sexual e inquéritos instaurados. Segundo a delegada Alba Tânia, em 2011 foram feitos 138 Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) de violência doméstica. Este ano já foi atingida a marca de 70 procedimentos. Com relação aos casos de violência sexual, tivemos 58 ocorrências. Até agora, em 2012, se tem registro de 35 casos. No apanhado geral de inquéritos instaurados em 2011, foi ultrapassada a marca de 250. Em 2012 já foram superados números da ordem 150 inquéritos envolvendo qualquer tipo de violência contra menor em Campina Grande.

As perguntas sobre o que deveria ocorrer com quem maltrata as crianças e os adolescentes no país são facilmente respondidas: deve haver punição severa; deviam prender quem faz isso; os adultos deviam ter melhor coração. Para os questionamentos relacionados à punição são dadas respostas que consistem em medidas repressivas. Mas e quanto às medidas preventivas? O que podemos/devemos fazer para que essa prática infeliz seja extinta e não se perpetue?

A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no cumprimento de suas obrigações sociais, desenvolve projetos de inclusão social. As escolinhas do Departamento de Educação Física (DEF) trabalha com crianças e adolescentes de baixa renda, oferecendo atividades esportivas. Para que a participação dos interessados seja plena e efetiva se faz necessário a manutenção de boas notas. Os coordenadores acompanham o rendimento escolar dos envolvidos no projeto para evitar que uma atividade venha a prejudicar a outra. O mesmo acontece com a Casa Brasil/UEPB onde se trabalha atividades artísticas com crianças oferecendo cursos de ballet e música. Os dois projetos sociais primeiramente citados são executados ininterruptamente, já o projeto Sons da Paraíba, que trabalha com crianças da Comunidade da Vila dos Teimosos e da Guabiraba acontece de forma sazonal.

Iniciativas como estas são louváveis em nível de instituições, mas quando partimos para o campo individual as atitudes ainda são pífias, para não dizer vergonhosas. Anne Frank dizia que “os pais somente podem dar bons conselhos e indicar bons caminhos, mas a formação final do caráter de uma pessoa está em suas próprias mãos”. Conceitualmente, há de se concordar com ela, mas os registros de omissões paternas com relação às crianças têm colocado abaixo essa afirmação. Para melhor exemplificar, trazemos à tona o caso da menina vítima de violência em pleno Maior São João do Mundo, ocorrido na madrugada do dia 21 de junho.

A criança teria sido obrigada a ingerir bebida alcoólica antes de ser atacada. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Campina Grande disse que o crime não teria acontecido no Parque do Povo, mas nas suas proximidades e a responsabilidade seria, portanto, da Polícia Militar. A Central de Operações da Polícia Militar (Copom) informou que policiais encontraram a menina muito debilitada, sangrando e chorando em uma parte do local onde acontece a festa junina.

No tocante às fiscalizações, a quem compete o que, sempre vamos ter esse passa-repassa de responsabilidades por parte das autoridades. Mas, voltando para o individual, como pode uma criança de 11 anos, à noite, estar no Parque do Povo, e sozinha? Onde estavam os pais? A família? Termina que a criança é duplamente vitimada. Como se não bastasse a escalada da violência das ruas, temos ainda a omissão dos pais.

Muito se questiona sobre que mundo deixaremos para nossos filhos, mas porque não nos questionarmos sobre que filhos estamos deixando para nosso mundo? Quais exemplos estamos dando? Que reflexos terão no futuro nossas atitudes de agora? Vinte e dois anos é uma idade de assumir responsabilidades, tomar decisões para o futuro, saber fazer planos a curto, médio e longo prazos. E você, ECA, o que tem feito com relação a isso? O que temos feito com o ECA?


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Campina Grande: o interior mais internacional da música clássica


Por Eliezer Aguiar (jornalista)


O ‘grande’ de Campina não se limita ao sobrenome da cidade. A história mostra que a grandiosidade do município vem sendo ratificada a cada ano. Temos o Maior São João do Mundo, os dois maiores clubes de futebol do Estado, elegemos dois dos três senadores, nos colocamos sempre como fiel da balança nas eleições estaduais, somos a única cidade do interior do Brasil a ter uma sede da Federação das Indústrias, temos duas grandes universidades públicas, o maior número de doutores por metro quadrado do país.

É pouco? Temos ainda o singular Biliu de Campina, o histórico Baixinho do Pandeiro. Adotamos Marinês, Sivuca, Rosil Cavalcanti, Ronaldo Cunha Lima e Raymundo Asfora. Construída sobre o Planalto da Borborema e devido a sua posição geográfica, a cidade detêm o título de rainha. Para deleite de seus “súditos”, a cidade sediou a 3ª edição do Festival Internacional de Música, realizado pela UEPB, em parceira com a UFCG e a Fundação Parque Tecnológico. Detalhe: o evento aconteceu logo após a realização dos festejos juninos que duraram 31 dias seguidos.

Deixando a canjica, a pamonha, o milho assado e cozido de lado, os campinenses se renderam aos violinos, violoncelos, pianos, metais, entre tantos outros instrumentos, para tornar a cidade, durante seis dias, o centro da música erudita no Nordeste do Brasil. O evento trouxe apresentações de ópera, músicas clássicas, contemporâneas e eruditas, realizadas de forma descentralizada nas universidades públicas, privadas, Mosteiro das Clarissas e no palco maior da cultura campinense: o Teatro Municipal Severino Cabral.

Dada às raízes culturais da cidade, onde a produção musical em sua grande maioria dialoga com o forró, tanto tradicional quanto estilizado, era impossível prever a receptividade do público ao festival. Ocorre que o nível intelectual da população de Campina compõe um público exigente e fiel, fazendo com que os assentos do Municipal fossem insuficientes para comportar a plateia. Mas, diga-se de passagem, tal fato não afastou os espectadores. Os amantes da música lotaram as dependências do Severino Cabral e se acomodaram como puderam para, à revelia do conforto, assistir as apresentações.

Fazendo valer o dito popular “se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”, o festival foi levado para outros pontos da cidade, para que o deslocamento a um único ponto não fosse empecilho, oferecendo, assim, uma excelente oportunidade para quem se interessasse pelos espetáculos. As apresentações realizadas no período da tarde, no Campus I da UEPB e UFCG, além da FACISA, foi uma escolha acertada dos organizadores. Funcionários e estudantes das instituições puderam apreciar perto do ambiente de trabalho e estudo o que há de melhor na música erudita como também adaptações de clássicos brasileiros.

Apontar o dia do encerramento como o clímax do evento seria desmerecer as demais apresentações, mas o sentimento de saudade e quero mais deu um tempero diferenciado à última noite do evento. Movidos pela ansiedade peculiar a qualquer espera por algo bom, o público interagiu de forma uníssona e vibrante com os artistas, aplaudindo de pé todas as execuções, como se quisessem dizer: “ano que vem tem mais e que não demore”. Para os amantes da música fica a certeza de que o sucesso de público deste ano mostrou que o festival é um evento consolidado.

domingo, 17 de junho de 2012

O sonho de uma nova vida

Por Severino Lopes (jornalista)


Como será a vida de seu Petrônio fora dos muros do Serrotão? O sonho de liberdade de Petrônio Tobias da Silva, 48 anos, já começou a ser construído. Há oito anos cumprindo pena no Presídio Regional do Serrotão, ele conquistou recentemente a chance de sonhar com um futuro melhor e a Universidade Estadual da Paraíba já está lhe proporcionando condições de transformar esse sonho em realidade.

Por ter bom comportamento, ele foi escolhido pela direção da unidade prisional para “comandar” os 12 funcionários que trabalham nas obras de construção do Campus Avançado do UEPB em pleno presídio do Serrotão.

Com postura firme, Petrônio se orgulha de ser o “encarregado da obra”. Não deixa que os trabalhadores se acomodem no serviço. “O trabalho dignifica o homem”, diz. Pai de dois filhos, Petrônio passou recentemente do regime fechado para o semiaberto. Ele garante que o Campus Avançado da UEPB já está lhe dando a oportunidade de sonhar com dias melhores, longe do mundo do crime, antes mesmo de entrar em funcionamento.

Dos 12 funcionários que trabalham nas obras, seis são apenados. Com os trabalhos na obra do Campus Avançado, os detentos reduzem o tempo da pena, visto que a cada três dias de estudo ou de trabalho reduz-se um dia do tempo de prisão, conforme a lei. Além de trabalhar diretamente na obra, os detentos também fabricam os tijolos que estão sendo usados na construção. Todo o material é feito por eles, sob orientação de professores.

Atualmente, o Presídio Regional do Serrotão comporta cerca de 1,6 mil detentos, entre homens (96%) e mulheres (4%). São 614 apenados no presídio masculino; 410 na “Máxima” e 67 detentas no presídio feminino.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

As preciosidades da Biblioteca Átila Almeida



Por Severino Lopes (jornalista)

Qual o nordestino que não se fascina ao folhear um livro de cordel? Entrar no mundo dos cordelistas é conhecer particularidades de uma das mais ricas regiões do país. Mais que expressão viva de um povo, o cordel remonta aspectos que só o nordestino tem. E o que dizer de algumas obras raras, aquelas que dificilmente se encontram nas livrarias? Verdadeiros tesouros da literatura nordestina podem ser encontrados na biblioteca Átila Almeida, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que dispõe de um vasto acervo de obras que remetem à vida e a cultura de um povo.

O acervo, que pertenceu a Átila Almeida, um antigo bibliófilo que tinha como prazer ler e colecionar livros, foi ampliado com a aquisição de novas obras. De acordo com a professora Manuela Maia, diretora da Biblioteca Central da UEPB, os novos cordéis foram comprados pela Instituição, com recursos próprios. No total, foram adquiridos 58 títulos e 174 exemplares de cordel, todos de autoria de Medeiros Braga.

Entre os títulos, destaques para “A guerra de pau de colher”, “Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos”, “Zumbi e Palmares”, “Patativa do Assaré: a poesia de protesto”, “O cordel da ecologia”, “Jesuíno Brilhante: o cangaceiro gentil”, “Manoel Lisboa: vida e morte”, “O cordel na Reforma Agrária”, “O boi de carro e o eleitor”, “O cordel da casa de farinha”, “Cordel ao educador Paulo Freire”, entre outros.

Dos cordéis adquiridos, um exemplar de cada título pertencerá à biblioteca, enquanto os outros dois servirão de troca com outras instituições para ampliação do acervo. Segundo a direção da Biblioteca Central, só será feita a permuta com outras instituições de títulos de cordéis que não existem no acervo da Átila Almeida. “Com a permuta, garantiremos outra forma de aquisição, visando a sua expansão”, esclareceu Manuela.

O acervo da Biblioteca Átila Almeida é composto, atualmente, por 17.532 exemplares. A primeira coleção foi doada pelo Governo do Estado à UEPB após comprar o acervo da família do próprio Átila. Posteriormente, a UEPB adquiriu para a Biblioteca uma coleção de autoria do cordelista e xilogravador pernambucano Marcelo Soares e mais 800 obras doadas pelo cordelista Manoel Monteiro, além de material de muitas pessoas e instituições que também contribuíram para o espaço de leitura, doando obras literárias.

O local destinado à leitura é um mundo encantador e precioso em pleno interior nordestino. Inigualável e genuíno, conta com materiais impressos em suportes diferenciados, que retratam tanto a cultura universal quanto as peculiaridades da cultura nordestina. Ao entrar, o visitante já pode passear pelo mundo de centenas de cordelistas, reler notícias do passado que fizeram parte da história da Paraíba e, principalmente, descobrir com profundidade aspectos da cultura nordestina. Nos corredores, os livros velhos empoeirados, de capas amareladas, conservam histórias e conhecimentos.

Funcionando em um espaço todo climatizado, no segundo andar do Prédio da Administração Central da UEPB, em Bodocongó, onde se encontra uma das maiores coleções de cordéis da América Latina, a Átila Almeida conta com mais de 10 mil obras de autores como Manoel Monteiro, Apolônio Alves dos Santos, Expedito Sebastião da Silva, João Ferreira de Lima, Leandro Gomes de Barros, entre outros.

Na Biblioteca, o cordel ganha destaque por sua forma peculiar de retratar o ideário do homem simples do Nordeste acerca de sua cultura e leitura de mundo. Mas o acervo não é só formado de cordéis. Ele dispõe de folhetos, jornais e outras raridades. Somente o acervo de jornal é formado por diversos exemplares compreendidos entre os anos de 1878 e 1971, quando foram publicados leis e decretos sobre a província da Paraíba.

Bibliófilo confesso, historiador e ex-professor da UEPB, Átila Almeida, colecionou 17.560 títulos de obras, muitas de caráter raro, devido ao seu valor histórico e a sua singularidade. Jornais que datam do século XIX, retratando a memória do Estado da Paraíba, e 10.283 títulos de cordéis.

Andar pelo interior da Biblioteca Átila Almeida é descobrir obras em miniatura, publicações raras, literatura estrangeira, dicionários russos, livros cheios de ilustrações, contendo a genialidade de grandes artistas brasileiros, a exemplo de Cândido Portinari (1903-1962) e a famosa Enciclopédia Barsa.

Adquirida pelo Estado em 2003 e, posteriormente, doada à UEPB, a Biblioteca é detentora da maior coleção de cordel da América Latina. Aberta ao público no horário entre 8h e 17h, os visitantes podem ter acesso à Biblioteca Átila Almeida, de forma gratuita, de segunda à sexta-feira.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Melhorias no Campus de Catolé do Rocha

Por Severino Lopes (jornalista)



O tempo da reforma e das conquistas. Desde o ano passado, o Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba, localizado em Catolé do Rocha, vem passado por melhorais estruturais que tem dado nova feição a unidade. Graças a sensibilidade da Administração Central, que facilitou todos os canais para a liberação dos recursos, o complexo se transformou em uma espécie de canteiros de obras, com melhorias que deixou o ambiente mais agradável. 

As marcas da mudança estão em todos os lugares e podem ser vistas por todos. Em menos de um ano, várias salas destinadas aos professores receberam nova pintura, baterias de banheiros foram reformadas, tetos antigos e gastos pela ação do tempo foram substituídos por forros modernos e vários espaços foram climatizados. “Estamos realizando várias melhorias e ainda estamos fazendo reformas em vários espaços do Campus”, destacou o professor Alcides Almeida Ferreira, diretor do Campus. 

Para garantir a realização de tantas benfeitorias, a Reitoria da UEPB investiu alto. De acordo com o professor Alcides Almeida, foram vários editais de licitações. Somente para a reforma da Cozinha, do Restaurante Universitário e do Laboratório de Água e Solo que está em curso, foram investidos mais de R$ 260 mil. Uma das obras mais importantes no momento está sendo realizada na cozinha, que teve o teto substituído e as paredes revestidas com um material mais resistente. O piso também ganhou melhorias. Os mesmos serviços estão sendo realizados no RU. 

Conforme explicou o professor, as reformas do Laboratório de Água e Solo estão bastante avançadas. Ele foi todo readequado para receber novos equipamentos, o que garantirá seu melhor funcionamento. As melhorias estruturais no Campus de Catolé do Rocha vão além da cozinha, RU e laboratório. O auditório do Complexo, que tem capacidade para acomodar 300 pessoas sentadas, também ganhou novo aspecto, com pintura, novas instalações elétricas e hidráulicas e climatização. O forro antigo também foi substituído. A direção do Campus também promoveu melhorias em várias baterias de banheiros, na sala dos professores e de todo o bloco do Curso de Letras. 

Outras conquistas também têm marcado os avanços no Campus IV. A frota da Universidade foi totalmente recuperada com a manutenção do micro ônibus, do trator e a aquisição de dois novos veículos. O Complexo de Catolé do Rocha é formado pela Escola Agrotécnica do Cajueiro - fundada em 1980 - e pelos departamentos de Letras, Ciências Agrárias e Pedagogia.

Atualmente, estão matriculados 224 alunos na Escola Técnica, 211 na Licenciatura em Letras, 182 na Licenciatura Plena em Ciências Agrárias e 50 em Pedagogia. Além destes, mais 140 alunos estão matriculados nos cursos a distância de Geografia, Administração Pública e Administração de Empresas. 

O Campus IV da UEPB está inserido numa das regiões onde fica evidenciado que as transformações socioeconômicas ocorridas nos dois últimos decênios não foram suficientes para a erradicação da pobreza absoluta rural e urbana, onde marcadamente os jovens são penalizados, pois se deslocam para os grandes centros sem perspectivas de concluírem seus estudos em curso superior. 

A área da unidade possui 93hectares onde são desenvolvidas atividades práticas em agropecuária, com a criação de caprinos, ovinos e bovinos; salas de aula; laboratório de informática e uma experiência na área agrária preparando jovens de mais de 17 cidades do seu entorno. 


sexta-feira, 25 de maio de 2012

UEPB apóia criação de Instituto Histórico de Campina Grande

Colaboração do professor Ailton Elisiário


No dia 26 de março instalou-se, na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), o Instituto Histórico de Campina Grande – IHCG, que recebe a denominação Casa de Elpídio de Almeida. A iniciativa decorre dos esforços da administradora Maria Ida Steinmuller, do empresário Humberto Almeida, da professora Juciene Apolinário e outras pessoas preocupadas com a preservação da memória da cidade de Campina Grande e conta com apoio da Universidade Estadual da Paraíba. 

A nova instituição não resulta de uma refundação do Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande – IHGCG. Este que, fundado em 1948, pelo Dr. João Tavares, teve vida ativa até 1953 ou 1955, segundo o saudoso escritor Amaury Vasconcelos que, em 1997, tentou a sua reativação com a colaboração da historiadora Lea Agra Amorim, da professora Marisa Braga de Sá e outros. Tanto que do nome foi retirado o termo “Geográfico” e a denominação de Casa de João Tavares substituída por Casa de Elpídio de Almeida. 

Durante pouco mais de 50 anos, o IHGCG estava inativo e o saudoso jornalista William Tejo, um dos seus fundadores, dizia haver sido extraviado o seu pequeno acervo. Maria Ida teve enormes dificuldades em recuperar documentos e levantar informações, constituindo esta reunião de instalação a primeira manifestação pública para a fundação do IHCG. Cuidar-se-á agora da elaboração dos estatutos e formação do quadro de sócios. 

Campina Grande tem uma história rica de feitos políticos e culturais. Seu patrimônio material e imaterial vem sendo formado desde a chegada de Teodósio de Oliveira Ledo, quando a Paraíba era capitania hereditária e de quando elevada a categoria de vila imperial ascendeu à cidade, até os dias atuais, no limiar do seu sesquicentenário. O IHCG estimulará a pesquisa histórica, contribuindo para a preservação da memória campinense. 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Filme sobre Ligas Camponesas exibido em Cannes

Por Severino Lopes (Jornalista)

Trata-se de um clássico do cinema nacional. Um filme na narra uma história comovente, de luta, resistência e medo. Começou a ser rodado em 1964, mas foi interrompido pelo Golpe Militar e só retomou as gravações anos depois. Trata-se do filme “Cabra marcado para morrer”, dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho. O filme foi homenageado na 65ª edição do Festival de Cannes. 

“Cabra marcado para morrer”, que retrata a história das Ligas Camponesas, já foi exibido várias vezes durante o ano nos cursos de Humanas da Universidade Estadual da Paraíba. Somente na disciplina ministrada pelo professor José Benjamim Pereira Filho, o épico foi exibido pelo menos em quatro turmas. 

O filme, que se insere dentro do contexto do Cinema Direto - utilização da entrevista como referência básica - reconstrói a vida do líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, por ordem dos latifundiários do Nordeste, através dos depoimentos e relatos daqueles que o conheceram. Estreou em 1985 e ganhou vários prêmios em festivais como os de Gramado e Berlim. 

Produzido nos quadros do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), o filme é interpretado pela viúva do líder camponês, Elizabeth Teixeira, e por participantes do movimento. Começou a ser rodado em 1964, mas o golpe militar interrompeu as filmagens. A família Teixeira se esfacela e Elizabeth entra para a clandestinidade. 

Dezessete anos depois, logo após a vitória do movimento pela anistia, durante o governo do General João Batista de Figueiredo, o diretor retoma o projeto, procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus 10 filhos e parte em busca dos camponeses-atores do primeiro Cabra. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar. É deste modo que o segundo filme toma corpo e é lançado nos cinemas em 1984. 

O Brasil estará presente às diferentes sessões da 65ª edição do evento cinematográfico com 10 obras, entre longas, curtas-metragens e documentários. A diretora do Festival de Cinema do Rio, Ilda Santiago, declarou que a indústria cinematográfica brasileira e latino-americana se fortaleceu durante os últimos anos e conta com produções sobre diversos temas. 


sexta-feira, 11 de maio de 2012

LAC: alternativa para a Saúde de Campina Grande

Por Givaldo Cavalcanti (jornalista)

Oferecer aos alunos do curso de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba a oportunidade de aliar a teoria vivenciada na sala de aula com o exercício prático das atividades e proporcionar à comunidade de Campina Grande um melhor serviço de Saúde. É com esses objetivos que o Laboratório de Análises Clínicas (LAC) da UEPB trabalha. Somente em 2011, a unidade realizou mais de 15 mil procedimentos e pode fazer ainda mais, já que o local tem estrutura para atingir a marca de 34 mil exames por ano. 

A professora ZilkaNanes Lima, coordenadora do laboratório, espera que quando a população procurar o Serviço Municipal de Saúde se dispunha a ser atendido no local, uma vez que se em determinados laboratórios há certa demora para a realização dos procedimentos, no LAC os procedimentos têm atendido às expectativas. 

“Este é o espaço onde o ensino tem como resultado as pesquisas e ações de extensão, valorizando o conhecimento acadêmico e a facilitação do acesso à população aos serviços laboratoriais. Queremos alcançar o número de atendimentos que dispomos, porque acreditamos que, assim, estaremos cada vez mais servindo à comunidade. Aqui a oferta está sendo maior que a procura. Além dos pacientes pedirem para ser atendidos aqui, eles podem comparecer a partir do dia em que o exame foi marcado, até o final do mês”, destacou Zilka. 

Inaugurado em julho de 1977, na então Fundação Universidade Regional do Nordeste (FURNE), o primeiro local de funcionamento do LAC foi o prédio da maternidade Elpídio de Almeida. Após 12 anos, foi transferido para o prédio do posto de saúde da Bela Vista, onde permaneceu por mais dois anos. Em 1994 foi transferido para o prédio do antigo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Dois anos depois passou a ser chamado de Laboratório de Análises Clínicas Professor Itan Pereira da Silva e, atualmente, está situado no Câmpus I da UEPB, em Bodocongó. 

O LAC realiza os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e proporciona à população exames de hematologia, bioquímica, imunomatologia, microbiologia, parasitologia, uroanálise e microbiologia. Sob a coordenação da professora ZilkaNanes Lima, a unidade recebe semestralmente 50 alunos, divididos entre as disciplinas de Estágio Supervisionado em Análises Clínicas e em Área Específica. Além do corpo docente, o LAC conta com três farmacêuticos, um auxiliar e três técnicos de laboratório, além de três assistentes administrativos. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Mudança na habilitação de cursos do Câmpus VII

Há bem pouco tempo, os graduados que saiam com o canudo na mão do Câmpus VII da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) instalado em Patos, tinham dificuldades para explicar a especialidade da área de formação, quando disputavam uma vaga para emprego ou se submetiam a concurso público. Isso, porque no diploma constava que eles eram formados em Ciências Exatas. 

Uma mudança implantada este ano, e já em vigor, na denominação dos cursos de graduação do Câmpus VII irá alterar essa realidade e proporcionar ganhos para os alunos da Instituição, uma vez que, agora, os estudantes estão cursando as habilitações de Licenciatura em Matemática e Física. 

O diretor do Câmpus, professor Odilon Avelino da Cunha, explicou que a mudança vai beneficiar os alunos da Universidade que terão condições de expor de forma clara a sua especialidade e, assim, ampliarem as possibilidades de conquistar espaços no concorrido mercado de trabalho. “É um ganho para todos. A partir de agora, o aluno que concluir o curso vai ser identificado como graduado em Física ou em Matemática”, destacou. 

Em sua primeira turma, 30 alunos estão matriculados no curso de Matemática e mais 30 no curso de Física. O próximo desafio do Câmpus VII é expandir ainda mais o alcance de seus conhecimentos, criando o curso de Química. A proposta é que as vagas do novo curso já sejam introduzidas no Vestibular 2013 da UEPB.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O único afinador e restaurador de pianos da Paraíba



Por Severino Lopes (jornalista)

Entre as aulas de curso de Química que assiste no Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o estudante Geraldo Pereira de Oliveira vai construindo a sua história. Quando não está na sala de aula ou em casa, estudando fórmulas e assuntos relacionados a átomos, moléculas e reações químicas, Geraldo é facilmente encontrado em sua oficina improvisada na cidade de Salgado de São Félix, onde trabalha cercado de peças antigas e algumas raridades. O aluno do último ano de Química da UEPB é o único da Paraíba e um dos poucos do Nordeste a desenvolver o raro ofício de afinar pianos. 

Sentado em um velho tamborete de madeira, bem no fundo da oficina, no Brejo paraibano, ele coloca as mãos sobre o piano e com sensibilidade poética procura ouvir o som que ele produz, distinguindo uma nota da outra. Alguns instrumentos são raros, como o piano pertencente ao Teatro Municipal Severino Cabral que, inclusive, já foi devolvido à casa de espetáculo. Quem chega na oficina e vê o rapaz em atividade pode pensar que ele está ensaiando para um daqueles concertos magistrais que fazem os fãs da música clássica viajarem no tempo. Só que ao invés de partituras com o conjunto de notas musicais, o que se vê são ferramentas espalhadas no chão. 

Mesmo passando a maior parte do dia cercado por pianos, alguns verdadeiras relíquias de valor inestimável, Geraldo não se considera pianista. Afinal, nunca participou de nenhum concerto. Ele é um dos raros afinadores e restauradores de piano da Paraíba no momento. A arte de afinar piano é um dos seus maiores prazeres. Como todo nordestino que mora em uma das mais secas regiões do Estado, Geraldo batalha duro para tirar o sustento. O mestre dos pianos divide seu tempo como pai de família, estudante de Química da UEPB, professor de Matemática, além de prestar serviço a Coordenação de Cultura do seu município. 

Mas que relação pode existir entre o curso de Química e a arte de afinar e recuperar pianos? Geraldo garante que a ponte que une uma atividade e outra é mais curta do que se imagina. Segundo ele, a UEPB foi fundamental para o aperfeiçoamento da técnica, fazendo dele um solicitado afinador de pianos. Nos bancos da Instituição, aprendeu as técnicas para usar na pintura e restauração das raridades. “Eu uso produtos químicos no trabalhado de restauração e, por isso, preciso saber a fórmula e a dose certa para cada instrumento”, explicou. 

Geraldo contou que começou a se interessar por essa atividade aos 18 anos, na cidade de Recife (PE), onde nasceu. Reprovado em teste no Conservatório de Música de Pernambuco, ganhou uma oportunidade para aprender a manusear piano no Sertão paraibano. Em 1991, já morando em Salgado de São Félix, foi chamado para ajudar o amigo Jonas Chateaubriand a afinar um piano. Jonas tinha uma oficina no fundo de casa, mas não sabia afinar o instrumento. Quando estava tentando, com as mãos sobre a peça, Geraldo foi surpreendido por um afinador de piano que estava de passagem pelo município e logo descobriu o valor do jovem. 

No mesmo ano, Geraldo foi convidado para fazer um curso na fábrica F.Essenfelder na cidade de Curitiba (PR). Lá, ele aperfeiçoou a arte de afinar e restaurar piano. Quando voltou para Salgado de São Félix já estava experiente na arte de consertar piano. Os conhecimentos que herdou do professor e mestre Benine foram suficientes para ele ajudar a salvar estes preciosos instrumentos musicais ainda preferidos pelos amantes de uma boa música. Há cinco anos, Geraldo montou a sua própria oficina. 

Atividade é bastante procurada 

Quem pensa que recuperar e afinar piano é uma atividade pouco procurada, se engana. Segundo Geraldo Pereira, ele trabalha, em alguns momentos, sem descanso no final de semana para poder atender a demanda de pedidos. Afora ele, mais três pessoas auxiliam no trabalho. “São jovens que ajudamos a aprender essa atividade para nos substituir no futuro”, comentou. Por ano, ele conserta uma média de 15 pianos e faz a manutenção de pelo menos 80 peças. 

Por ser um profissional raro, o pernambucano que adotou a Paraíba para morar, percorre o Nordeste todo afinando e restaurando pianos. Ele tem clientes na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Instrumentos raros, verdadeiras relíquias de igrejas, universidades e museus chegam nas mãos habilidosas do artesão. Muitos pianos chegam em estado de conservação deplorável e saem da oficina novinhos. A restauração completa de um piano requer tempo, dedicação e paciência. Ele passa, em média, três meses para recuperar um piano. A manutenção é mais rápida. Em apenas um dia o piano fica no ponto para tocar em qualquer concerto. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Selo de qualidade, a UEPB e o Direito

Por Rangel Junior (professor da UEPB) 


No momento em que a Universidade (e os resultados dos últimos anos em termos de investimentos e gestão) vem sendo afrontada externa e (em certa medida) internamente, me parece que a notícia, por incrível que possa parecer, deve desagradar a alguns. 

Talvez esta seja uma, dentre tantas outras, boa resposta acerca de como e onde os recursos da UEPB são aplicados após a Autonomia. 

Existem demandas e demandas em relação a estrutura física, problemas históricos acumulados em 46 anos, as chamadas obras de pedra e cal. Estas são importantes! 

Porém, há obras que não podem ser vistas, tateáveis, que não são palpáveis como uma sala ou uma parede nova. Uma destas obras fundamentais é o investimento no ser humano. 

Acreditar nas pessoas, em suas capacidades, estimular sua qualificação, apoiar suas iniciativas, dar suporte material aos seus projetos, assegurar-lhes a tranquilidade institucional, remuneração digna e compatível com o cargo e função. 

Ah, não! Esta obra só aparece a olho nu, só é de fato vista com o tempo. É quando as árvores frondam, atingem maturidade, safrejam (não procure esta palavra no google!), oferecem-nos seus melhores frutos, que alimentarão o nosso povo, que se transformarão em novas sementes, que serão semeadas, que gerarão novas árvores. 

Eis o ciclo do investimento em Educação. É preciso compreender isto. É preciso gritar que investir em Educação é investir com eficiência e paciência? Creio que estes resultados falam por si. 

Parabéns à comunidade do CCJ-Direito (Campina Grande) e do CH-Direito (Guarabira). Parabéns UEPB! É esta Universidade que centenas de professores e técnicos e milhares de estudantes constroem na Paraíba.

Não há como não confessar que recebi com alegria, e um certo regozijo, a notícia de que os dois cursos de Direito da UEPB, CCJ-Campina Grande e CH-Guarabira, haviam recebido um "Selo de Qualidade* da OAB". 

No momento em que a Universidade (e os resultados dos últimos anos em termos de investimentos e gestão) vem sendo afrontada externa e (em certa medida) internamente, me parece que a notícia, por incrível que possa parecer, deve desagradar a alguns. 

Talvez esta seja uma, dentre tantas outras, boa resposta acerca de como e onde os recursos da UEPB são aplicados após a Autonomia. 

Existem demandas e demandas em relação a estrutura física, problemas históricos acumulados em 46 anos, as chamadas obras de pedra e cal. Estas são importantes! 

Porém, há obras que não podem ser vistas, tateáveis, que não são palpáveis como uma sala ou uma parede nova. Uma destas obras fundamentais é o investimento no ser humano. 

Acreditar nas pessoas, em suas capacidades, estimular sua qualificação, apoiar suas iniciativas, dar suporte material aos seus projetos, assegurar-lhes a tranquilidade institucional, remuneração digna e compatível com o cargo e função. 

Ah, não! Esta obra só aparece a olho nu, só é de fato vista com o tempo. É quando as árvores frondam, atingem maturidade, safrejam (não procure esta palavra no google!), oferecem-nos seus melhores frutos, que alimentarão o nosso povo, que se transformarão em novas sementes, que serão semeadas, que gerarão novas árvores. 

Eis o ciclo do investimento em Educação. É preciso compreender isto. É preciso gritar que investir em Educação é investir com eficiência e paciência? Creio que estes resultados falam por si. 

Parabéns à comunidade do CCJ-Direito (Campina Grande) e do CH-Direito (Guarabira). Parabéns UEPB! É esta Universidade que centenas de professores e técnicos e milhares de estudantes constroem na Paraíba.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Flores no Câmpus

Por Severino Lopes (jornalista)


Os versos do escritor e romancista Ariano Suassuna traduzem a beleza das flores e o perfume que elas exalam. Plantadas nos campos, campinas, praças públicas ou jardins, elas remetem a poesia, a escritos amorosos e a perfumes suaves, espalhando aromas multivariados. Com a mesma sensibilidade poética do escritor paraibano, a professora Wanilda Lima Vidal de Lacerda, do Câmpus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado em Guarabira, lançou o projeto “Flores no Câmpus, com flores do campo”. A princípio, a ideia era recompor os canteiros do Centro de Humanidades com plantas nativas da região do Brejo paraibano. 

Para ver o seu sonho virar realidade, a professora solicitou mudas ao viveiro da Instituição, instalado em Campina Grande, e, simultaneamente, mobilizou estudantes, professores e servidores técnico-administrativos que são sensíveis à natureza. O objetivo é semear flores no jardim do Câmpus III, em um trabalho coletivo no qual cada um será responsável em trazer de casa, uma muda adequada ao jardim. Não precisa ser uma muda de árvore, mas plantas rasteiras, arbustos, roseiras, plantas medicinais. 

As mudas cedidas pelo viveiro da UEPB foram plantadas e, hoje, embelezam o prédio do Câmpus de Guarabira. Rapidamente os cheiros de roseiras, cravos, margaridas, violetas e tantas outras flores nativas de nossa terra se espalharam. Cores e perfumes transformaram a entrada do Câmpus em um cenário repleto de beleza. O local, preparado pelos coordenadores do projeto, está todo gramado e com algumas flores plantadas. 

Na tentativa de ampliar o projeto, a professora já prepara uma nova campanha, visando envolver os estudantes em um novo plantio de flores. Ela acredita que com a chegada das chuvas, os estudantes irão se sentir incentivados a abraçar o projeto. Segundo a professora, o período de chuva facilita o trabalho do pessoal de apoio e com a compra ou doação de terra para jardim, estrumo animal e o corte do solo há uma maior penetração da água e melhor distribuição dos canteiros. “Por enquanto, estamos com o clima seco, aguardando a chegada das chuvas para deixar as flores ainda mais belas”, explicou. 

Nessa nova etapa do projeto, a professora disse que a comunidade acadêmica também pode contribuir com a doação de plantas ornamentais, que nem sempre floram, mas que têm um colorido das folhas que também alegra o coração e modifica a paisagem do local. Diretor do Câmpus de Guarabira, o professor Belarmino Mariano Neto garantiu que irá incentivar os estudantes e professores a retomarem com mais entusiasmo o projeto. A iniciativa, segundo ele, é louvável e já começa a mudar a paisagem do Câmpus.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Projeto da UEPB vai rearborizar áreas desertas do Sertão paraibano


Por Severino Lopes (jornalista)


Localizada no Sertão da Paraíba, a cidade de Catolé do Rocha sofre com a depredação ambiental. Algumas áreas da cidade estão ficando desertas por conta da ação inconsequente do homem. Os atos de vandalismo mudaram a paisagem sertaneja. Árvores centenárias das mais variadas espécies foram abaixo nos últimos anos, deixando alguns lugares sem vida. O desaparecimento da flora inevitavelmente alterou a fauna, visto que muitos pássaros foram obrigados a migrar para outras regiões, gerando, assim, um empobrecimento da biodiversidade sertaneja. 

Para piorar ainda mais a situação, muitas árvores que dotavam a cidade de um cinturão verde, foram plantadas inadequadamente e estão ameaçadas por fungos. O quadro preocupante faz parte de um relatório preliminar elaborado por um grupo de estudantes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Estadual da Paraíba, instalado no Câmpus IV, em Catolé do Rocha. 

Inicialmente o projeto ambiental “Estudo fitossanitário e quantiqualitativo das espécies arbóreas do Campus IV da UEPB”, coordenado pela professora Fabiana Xavier Costa, pretendia replantar algumas áreas em torno da Universidade. Conforme contou a professora, o Câmpus de Catolé do Rocha é um dos maiores da Instituição e todos os dias, professores, alunos e funcionários usufruem da paisagem. 

A proposta inicial era avaliar a saúde das plantas encontradas no Sítio Cajueiro, especialmente a qualidade e a quantidade das espécies arbóreas, numa investigação científica, voltada ao meio ambiente, tendo como objetivo melhorar a arborização do Câmpus e, consequentemente, de toda a região, dentro de uma proposta de reflorestamento do local. 

A atividade, coordenada pela professora Fabiana Xavier Costa, e que conta com a participação dos alunos Anne Maia, Damião Pedro, Luciana Guimarães, Sonaria de Sousa, Gilnara Greice, Diego Frankley, Sebastião de Melo e Yeiky Vieira, Mario Leno Veras, Lunara e dos servidores técnico-administrativos Doralice Fernandes da Silva e Valdeci Dantas, foi além das expectativas. 

Na primeira fase foi feita uma classificação quantiqualitativa e fitossanitária das árvores locais. Já foram identificadas mais de 20 mil árvores em torno do Câmpus. Desde julho de 2010, quando teve início a pesquisa, as espécies encontradas com mais frequência foram a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora), Marmeleiro (Cydonia vulgaris), Mofumbo (Combretum leprosum), Nim (Azadirachta indica) e Algaroba (Prosopis juliflora). Na reserva também são encontradas muitas árvores frutíferas como manga, caju, cajá, pitanga, pinha, goiaba, entre outras. 

O levantamento permitiu aos pesquisadores descobrir que a reserva estava carente. Algumas áreas estavam sofrendo com a devastação. Por isso, a coordenação do projeto solicitou da coordenação do Viveiro da UEPB, instalado em Campina Grande, 300 mudas de árvores para plantar no entorno do Câmpus de Catolé do Rocha. A produção de mudas e replantio de espécies arbóreas, substituindo as árvores diagnosticadas com algum problema ou afetadas por pragas, faz parte da segunda etapa do projeto que está em pleno andamento. 

O projeto, conforme revelou a professora Fabiana Xavier, se prepara para entrar na terceira etapa. Diante da dura realidade local, o projeto vai se estender para várias áreas da cidade. Ao longo deste ano, os pesquisadores vão desenvolver um trabalho de educação ambiental com toda comunidade acadêmica e a população em geral, tendo em vista alertar sobre a real situação das árvores. A ideia é fazer o reflorestamento das áreas devastadas pela ação do homem. 

A última etapa do projeto acontecerá em 2013 e será marcada pelo lançamento de um livro elaborado pelos alunos envolvidos no projeto, relatando a experiência feita em torno do Câmpus e na cidade. O livro constará de relatos sobre as agressões ao meio ambiente e fotos reproduzindo a atual situação em que se encontra a flora sertaneja.

sexta-feira, 30 de março de 2012

EU MARCHEI NA TUA LUTA

Por Marlene Alves Sousa Luna (Reitora da UEPB)


Em profundo respeito à luta popular, a UEPB participa das celebrações em homenagem ao líder das Ligas Camponesas, na Paraíba, João Pedro Teixeira. As Ligas lutavam por Reforma Agrária, ainda hoje uma necessidade urgente do Brasil para o seu desenvolvimento e para a emancipação popular. 

Em meados do século passado, os camponeses brasileiros, especialmente os nordestinos, aglutinaram-se em torno das Ligas Camponesas para exigir a Reforma Agrária. A resposta do latifúndio e das elites conservadoras a esta manifestação dos trabalhadores rurais que junto aos estudantes e trabalhadores das cidades exigiam outras reformas, que levassem o país a conquistar mais justiça social foi uma intensa reação que culminou com um golpe de Estado e a implantação da ditadura no Brasil. 

Mesmo antes da instauração da ditadura, muitos trabalhadores foram assassinados. As lideranças populares foram ceifadas, entre elas João Pedro Teixeira, que junto com Negro Fuba, Pedro Fazendeiro e outros foram líderes camponeses paraibanos a partir da Liga Camponesa de Sapé. 

No momento do cinquentenário desses assassinatos, a UEPB mais uma vez, em respeito à História do Brasil e a História da Luta dos oprimidos por libertação, oferece a reedição do livro EU MARCHEI NA TUA LUTA que conta às novas gerações a História de Elizabeth e João Pedro Teixeira à frente das lutas da Liga de Sapé. 

Sintonizada com o movimento camponês por Reforma Agrária, a UEPB no início da minha gestão outorgou pela primeira vez a sua honraria máxima, a Medalha do Mérito Universitário, à emblemática líder camponesa Elizabeth Altino Teixeira. 

Em 12 de agosto de 2011, aniversário do assassinato a líder camponesa Margarida Maria Alves, esta medalha volta a ser referendada pelos conselhos superiores da universidade e reafirmada em entrega solene homenageando as Ligas Camponesas e reverenciando Margarida. 

A nova publicação do livro, em 2012, junta-se a esta trajetória de adesão ao movimento camponês como demonstram as parcerias culturais que mantivemos com um dos herdeiros das Ligas Camponesas (o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST).

terça-feira, 27 de março de 2012

Magnífica Reitora

Por Rubens Nóbrega (jornalista)
Publicado originalmente no Jornal da Paraíba - Edição de 22/03/2012


Lembrei ontem os lindos versos com que Chico Buarque verteu para o português a letra de Joe Darion em The impossible dream, tema de ‘O homem de la Mancha’. Lembrei particularmente Betânia cantando o trecho de ‘O sonho impossível’, exatamente quando a letra incentiva “lutar, quando é fácil ceder” ou “negar, quando a regra é vender”.

Lembrei isso tudo quando lia a Carta Aberta em que a Reitora Marlene Alves, da UEPB, repele com toda a veemência d’alma a deselegância agressiva do governador Ricardo Coutinho. Refiro-me à reação do monarca à vaia que levou sexta última de professores e alunos da UEPB em pleno Paulo Pontes, o teatro do Espaço Cultural de João Pessoa.

Coincidência digna de registro: a casa onde aconteceu o incidente homenageia o genial paraibano que traduziu e trouxe para os palcos brasileiros ‘O homem de la Mancha’. Pois bem, furibundo porque a vaia estragava-lhe a solenidade armada para ele brilhar como magnânimo empossador de professores concursados, Sua Majestade chamou Marlene e equipe de “casta usurpadora de dinheiro público”.

A acusação, gravíssima, somou-se a uma anterior não menos grave atribuída à secretária Aracilba Rocha (de Finanças, do Estado), segundo a qual Marlene teria se apropriado, “de forma criminosa, de 15 milhões de reais”. Contra esses ataques diretos, secundados por insinuações e perfídias de bajuladores do governo que ocupam espaços importantes na mídia, a Reitora Marlene Alves foi à Justiça.

“Muito em breve, através de uma ação judicial que impetramos, saberemos quem cometeu um crime: roubo ou calúnia”, ressalta, em um dos pontos altos de sua magnífica Carta. Mas o que tem a ver isso tudo com lutar, em vez de ceder; com negar, quando a regra é vender. Tem porque é assim que age Marlene Alves, uma reitora que – digo sempre – faz jus ao título de Magnífica que lhe adorna o cargo.


Caráter e integridade

Faltou dizer, contudo, mas digo agora, que o qualificativo dado à reitora no caso dela vai além do posto, porque veste feito luva também o caráter e a integridade dessa grande mulher e cidadã exemplar. Admiro Marlene Alves por tudo que ela é representa e também porque ela enfrentou e enfrenta com destemor e altivez, pela segunda vez, um governador que por miopia ou mesquinharia política não enxerga a importância da UEPB.

Não enxerga, não percebe nem valoriza suficientemente a Universidade Estadual como ferramenta valiosa e essencial para construirmos a verdadeira transformação que a Paraíba precisa.Primeiro foi José Maranhão, que no Maranhão II tratou com arrogância e intransigência uma greve de fome liderada por Marlene contra um governante que se recusava até mesmo a receber representantes da UEPB para ao menos ouvir suas justíssimas reivindicações por melhores salários e mais verbas para a Instituição.

Agora, vem Ricardo Coutinho, que no Ricardus I dispensa igual arrogância e intransigência a um pleito fundamental de Marlene e da imensa maioria da comunidade universitária.


Respeito à autonomia

Marlene, seus pró-reitores, alunos, técnicos e professores não querem outra coisa do governador além de respeito à autonomia da UEPB e à verdade sobre os atos desse governo que deliberadamente tentam fragilizar a Instituição. Admiro Marlene Alves ainda não porque ela hoje se destaca no Índex do nosso despótico gestor-mor. 

Admiro também porque ela não hesita nem hesitou um segundo sequer em postar-se ao lado e à frente de seus pares na luta em defesa daquela que é a maior conquista de uma instituição de ensino superior pública e gratuita. Digo isso porque sei que ela poderia muito bem ter cedido, contemporizado e se acertado nos bastidores com o monarca, de quem já teria promessa de apoio velado, mas significativo, na campanha para prefeita de Campina Grande.

Ressalte-se que esse cargo Marlene pode vir a disputar legitimamente e se o fizer será pelo PCdoB, partido no qual milita há mais de 30 anos. Mas, quando viu a sua Universidade ameaçada, Marlene não barganhou nem piscou.Na hora do vamos ver, entre o seu projeto político e o compromisso com a UEPB, sabemos todos onde a Reitora ficou. Já Ricardo Coutinho... Entre o seu projeto de poder e o compromisso com os eleitores, inclusive o de preservar a autonomia da UEPB, adivinha onde está o governador?


quarta-feira, 21 de março de 2012

Repúdio ao discurso do governador Ricardo Coutinho

Por Marcelo Medeiros da Silva (docente do Curso de Letras da UEPB - Campus VI em Monteiro)


Não estive presente à solenidade de posse dos nossos colegas professores que, recentemente, passaram em concurso para o magistério de nosso Estado. Gostaria muito de ter estado lá, sobretudo, se eu tivesse a oportunidade de conversar frente a frente com o nosso ilustre e insigne governador para poder fazer algumas retificações na fala dele. Não sei até que ponto a nossa Paraíba tem um governo de vergonha. Creio que deveríamos dizer o contrário: um governo que nos faz vergonha pela intransigência, autoritarismo, falta de diálogo, mas, sobretudo, um governo que foi matreiro e agiu de má fé quando a nossa instituição foi compreensiva e aceitou o valor que àquela época o senhor governador, recém-empossado, disse que poderia disponibilizar à UEPB, já que precisava fazer ajustes na conta do Estado. 

Não peço desculpas se estou carregando nas minhas palavras e não o faço porque, como docente da UEPB, aprovado em concurso público, egresso do curso de Letras da UEPB, com mestrado pela UFCG e doutorado pela UFPB, senti-me ofendido quando o senhor governador disse que éramos uma casta. Senti-me profundissimamente atacado porque, caro governador, professor universitário não é privilegiado. 

Nós investimos em nossa formação, desenvolvemos pesquisa, formamos os professores da educação básica, isso só não justifica o salário que recebemos? Se não, então lhe pergunto: o que o senhor faz pelo nosso Estado que possa justificar o seu salário e de todo o seu séquito? Acho que a casta não está instalada em nossa instituição não! Do contrário, por que estaríamos contribuindo para a formação de muitos dos professores que atuam na educação básica? Posso ser repetitivo, mas a repetição, aqui, faz-se necessária: os professores para os quais o senhor, durante a solenidade de posse, pediu respeito foram, creio eu, em sua grande parte, formados pela UEPB. Isso, por si só, mostra que a UEPB desempenha um papel muito relevante em nosso Estado. 

No momento em que o senhor ataca aqueles que, na sua opinião, formam uma casta, queria saber qual a concepção que o senhor tem de educação e, sobretudo, do profissional da Educação e do papel da universidade na promoção de mudanças em todas as esferas sociais. Gostaria de que me respondesse a que se resume o papel de um universidade em sua óptica. Se a UEPB não atingiu todo o nosso Estado, ela ainda não o fez porque nós, que a compomos, acreditamos que a universidade deve ser pública e de qualidade. Para isso, é preciso verba, investimento. E diminuindo o repasse, fixando-o arbitrariamente, o senhor impossibilita que cresça a instituição que para o senhor deveria estar presente em toda a Paraíba. 

Se bem que, a contar pelo perfil de alunos/as, funcionários/as, professores/as, que a UEPB tem, ela, de fato, mais do que estar em todo o Estado, possibilita que pessoas de todo o nosso estado e de outros também façam parte de seus quadros. Logo, a UEPB não é instituição de um único grupo. Mas, voltando, a não ser que, na sua cabeça, universidade resuma-se a apenas sala, quadro, professor e aluno, se for apenas isso, seria muito fácil expandir a UEPB a todos os municípios do Estado. 

Mesmo dentro das limitações orçamentárias, já que a verba, como querem fazer crer, não é apenas para pagamento de folha de pessoal, mas, sobretudo, para investimentos nas mais diversas áreas, a nossa UEPB chegou a regiões de nosso Estado que, durante anos, ficaram esquecidas dos poderes públicos, justamente porque era conveniente para muitos que a populações de tais regiões ficassem no ostracismo sem poder ter vias de reivindicação de novas formas de ser e de existir. Sou docente do curso de Letras do Campus VI, situado na cidade de Monteiro, cidade que aprendi, nesses três anos em que estou no CCHE, a amar porque me encantei em prosa e em verso pela gente e pela paisagem daqui. E a presença de nosso campus VI é uma prova de que, se a UEPB não tivesse desenvolvido o projeto de interiorização, muitos de nossos alunos e alunas teriam restringido a formação deles apenas ao ensino médio e estariam, portanto, sem a possibilidade de vislumbrar um futuro além do cabo da enxada. 

Ao propiciar aos nossos/as discentes a possibilidade de um futuro diferente do que tiveram os pais deles/as e promover uma consequente mobilidade social de sujeitos que, durante muito tempo, estiveram longe das estruturas hegemônicas de poder, a UEPB não está apenas dizendo que os órgãos públicos são do povo. Ela está mostrando, na prática, que os órgãos públicos são do povo e para o povo. O povo paraibano paga com o suor do próprio rosto os investimentos que vêm para a UEPB, e a nossa instituição devolve tal investimento propiciando uma educação de qualidade e fornecendo serviços gratuitos à comunidade, serviços esses que vão desde cursos nas mais diversas áreas, sob a forma de extensão, até tratamentos em muitas das clínicas de que dispõe a nossa instituição. 

Sinto muito, mas as suas palavras, senhor governador, são palavras de quem desconhece as ações da UEPB, ou melhor, de uma pessoa para a qual órgão público é apenas do povo e não para o povo. Não adianta ser do povo, se este não pode desfrutar, se, quando precisa, vai encontrar este ou aquele órgão público sucateado. A vida, com seus altos e baixos, é mais do que belas propagandas televisivas. 

Realmente, senhor governador, a UEPB não abriu apenas sala de aula. Ela criou novos campi nos quais existe mais do que sala de aula. Se para o senhor, governador, educação é correlato de sala de aula, para nós que fazemos a UEPB, educação é bem mais do prédio. Só para lembrar -- em Monteiro, nem campus próprio ainda temos, mas não deixamos de funcionar, de promover mudanças. 

Só para aqueles que acreditam ser a educação produto de e para uma elite (e tenho certeza de que o nosso ilustre governador não faz parte nem comunga dessa ideologia anacrônica e segregadora) é que a UEPB tinha de permanecer com o mesmo orçamento e expandir-se ao mesmo tempo, tarefa tão difícil quanto os doze trabalhos de Hércules. E olhem que a nossa instituição nem um semideus é e muito menos é composta por tais. Mas o pior, mesmo, é defender, sub-repticiamente, que se deve retirar dinheiro do ensino superior porque é preciso ter uma educação básica forte. 

Essa lógica do “descobre um santo para cobrir um outro” não pode ser aplicada em nenhuma esfera e, muito menos, na educação. Se a ela recorrem, começo, então, a temer, pois aqueles que atuam na educação básica passaram pela educação superior. Se a formação em nível superior que lhes foi fornecida não contou com os devidos investimentos, qual a garantia que vamos ter de que a educação básica estará fortalecida? Como se pode notar, discurso muito perigoso esse porque segue uma lógica bastante falaciosa contra a qual devemos lutar. Afinal, a UEPB não vai ser do povo da Paraíba, ela já o é. Tanto é que não é só nossa apenas, uma vez que recebe em suas salas de aulas alunos/as dos mais diversos estados da federação e até mesmo de outros países. Quem conhece a nossa instituição sabe bem deste pequeno detalhe que faz muita diferença. 

Antes de finalizar esta minha fala que já se alongou por demais, gostaria de dizer que o senhor, governador, não está desagradando algumas corporações. Está, sim, afrontando todo o Estado, todos aqueles, professores/as, funcionários/as, alunos/as, que integram uma instituição que é referência para todo o nosso país. Realmente, a UEPB não está sendo refém de grupos não. Ela está sendo refém de uma única pessoa: o senhor mesmo, caríssimo governador, que, cavilosamente, procura manipular o seu discurso e colocar a sociedade paraibana contra a nossa instituição e contra nós, que nela trabalhamos porque a UEPB somos NÓS. 

Fiquemos com apenas uma das várias distorções: viagens, diárias, creio eu que o seu governo, ou qualquer outro, deve disponibilizar para funcionários dos demais órgãos do Estado. Quando a mim, por exemplo, foi ou é concedida uma viagem ou uma diária, tal concessão é feita não para passear ou desfrutar a meu bel-prazer do dinheiro público. Ela o foi porque resultados de pesquisa precisam ser apresentados em congressos, em jornadas científicas. Creio que o senhor deve saber muito bem o que é isso, já que tais eventos são apenas uma das formas de as instituições fortalecerem suas bases e grupos de pesquisa, de melhorarem a educação fornecida. Existe todo um processo burocrático para que nós recebamos o direito a tais viagens ou diárias. 

O senhor deve saber muito bem, já que viagens e diárias são, repito, uma concessão feita não apenas pela UEPB mas também pelo demais órgãos do nosso Estado. Como professor doutor, tenho o direito de requerer, apenas uma única vez por ano, que a universidade custeie minha participação em eventos acadêmicos e, mais ainda, tenho de optar por escolher entre a passagem ou a estadia. Isso acontece também com os que trabalham nos outros órgãos do Estado? Não precisa responder. Quero apenas deixar claro, já que sua fala, senhor governador, pode induzir as pessoas incautas ao contrário, que o custeio de viagens e diárias não é uma prática apenas da UEPB. E, se ela permite, o faz em conformidade com determinados pré-requisitos. 

Por fim, um governo, conforme o senhor mesmo disse na solenidade, que não tem medo de dar as respostas necessárias, também não pode temer os questionamentos e as indagações necessários. Sendo assim, a não ser que os questionamentos de todos nós, que compomos a UEPB, não sejam necessários, não consigo entender por que o senhor, governador, que se demonstrou tão zeloso e preocupado com os professores que estavam tomando posse, parece esquecer-se de tal zelo e preocupação quando o assunto é o real repasse que deve ser feito à UEPB, quando pedimos para que se reveja a ação que culminou no desrespeito à lei de autonomia. 

Queria lembrar que, em uma sociedade democrática, o protesto é uma das formas legítimas de reivindicação de todos aqueles que se sentem lesados. Na falta de diálogo, uma opção menos drástica é protestar. Se o senhor governador encastela-se, fecha-se para o diálogo e a única abertura que faz é para deturpar os fatos, as ações de nossa instituição, seria inocência de sua parte, ilustre governador, que a tal solenidade não comparecessem aqueles que o senhor até então faz questão de execrar. Se, como o senhor disse, a gente dá o que tem, dentro dessa mesma lógica, a gente pode muito bem receber o que dá. Dessa forma, as faixas, os apitos não foram ações de baderneiros, mas, sim, instrumentos de que se valeram aqueles/as que estavam, ali, em prol de uma única causa: REIVINDICAR O RESPEITO À UEPB. E, a eles, junto-me, dizendo: “Governador, respeite a UEPB”.