quinta-feira, 24 de maio de 2012

Filme sobre Ligas Camponesas exibido em Cannes

Por Severino Lopes (Jornalista)

Trata-se de um clássico do cinema nacional. Um filme na narra uma história comovente, de luta, resistência e medo. Começou a ser rodado em 1964, mas foi interrompido pelo Golpe Militar e só retomou as gravações anos depois. Trata-se do filme “Cabra marcado para morrer”, dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho. O filme foi homenageado na 65ª edição do Festival de Cannes. 

“Cabra marcado para morrer”, que retrata a história das Ligas Camponesas, já foi exibido várias vezes durante o ano nos cursos de Humanas da Universidade Estadual da Paraíba. Somente na disciplina ministrada pelo professor José Benjamim Pereira Filho, o épico foi exibido pelo menos em quatro turmas. 

O filme, que se insere dentro do contexto do Cinema Direto - utilização da entrevista como referência básica - reconstrói a vida do líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, por ordem dos latifundiários do Nordeste, através dos depoimentos e relatos daqueles que o conheceram. Estreou em 1985 e ganhou vários prêmios em festivais como os de Gramado e Berlim. 

Produzido nos quadros do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), o filme é interpretado pela viúva do líder camponês, Elizabeth Teixeira, e por participantes do movimento. Começou a ser rodado em 1964, mas o golpe militar interrompeu as filmagens. A família Teixeira se esfacela e Elizabeth entra para a clandestinidade. 

Dezessete anos depois, logo após a vitória do movimento pela anistia, durante o governo do General João Batista de Figueiredo, o diretor retoma o projeto, procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus 10 filhos e parte em busca dos camponeses-atores do primeiro Cabra. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar. É deste modo que o segundo filme toma corpo e é lançado nos cinemas em 1984. 

O Brasil estará presente às diferentes sessões da 65ª edição do evento cinematográfico com 10 obras, entre longas, curtas-metragens e documentários. A diretora do Festival de Cinema do Rio, Ilda Santiago, declarou que a indústria cinematográfica brasileira e latino-americana se fortaleceu durante os últimos anos e conta com produções sobre diversos temas. 


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