Por Severino Lopes (jornalista)
Qual o nordestino que não se fascina ao folhear um livro de cordel? Entrar no mundo dos cordelistas é conhecer particularidades de uma das mais ricas regiões do país. Mais que expressão viva de um povo, o cordel remonta aspectos que só o nordestino tem. E o que dizer de algumas obras raras, aquelas que dificilmente se encontram nas livrarias? Verdadeiros tesouros da literatura nordestina podem ser encontrados na biblioteca Átila Almeida, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que dispõe de um vasto acervo de obras que remetem à vida e a cultura de um povo.
Qual o nordestino que não se fascina ao folhear um livro de cordel? Entrar no mundo dos cordelistas é conhecer particularidades de uma das mais ricas regiões do país. Mais que expressão viva de um povo, o cordel remonta aspectos que só o nordestino tem. E o que dizer de algumas obras raras, aquelas que dificilmente se encontram nas livrarias? Verdadeiros tesouros da literatura nordestina podem ser encontrados na biblioteca Átila Almeida, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que dispõe de um vasto acervo de obras que remetem à vida e a cultura de um povo.
O acervo, que
pertenceu a Átila Almeida, um antigo bibliófilo que tinha como prazer ler e
colecionar livros, foi ampliado com a aquisição de novas obras. De acordo com a
professora Manuela Maia, diretora da Biblioteca Central da UEPB, os novos
cordéis foram comprados pela Instituição, com recursos próprios. No total,
foram adquiridos 58 títulos e 174 exemplares de cordel, todos de autoria de
Medeiros Braga.
Entre os
títulos, destaques para “A guerra de pau de colher”, “Antônio Conselheiro e a
Guerra de Canudos”, “Zumbi e Palmares”, “Patativa do Assaré: a poesia de
protesto”, “O cordel da ecologia”, “Jesuíno Brilhante: o cangaceiro gentil”,
“Manoel Lisboa: vida e morte”, “O cordel na Reforma Agrária”, “O boi de carro e
o eleitor”, “O cordel da casa de farinha”, “Cordel ao educador Paulo Freire”,
entre outros.
Dos cordéis
adquiridos, um exemplar de cada título pertencerá à biblioteca, enquanto os
outros dois servirão de troca com outras instituições para ampliação do acervo.
Segundo a direção da Biblioteca Central, só será feita a permuta com outras
instituições de títulos de cordéis que não existem no acervo da Átila Almeida.
“Com a permuta, garantiremos outra forma de aquisição, visando a sua expansão”,
esclareceu Manuela.
O acervo da
Biblioteca Átila Almeida é composto, atualmente, por 17.532 exemplares. A
primeira coleção foi doada pelo Governo do Estado à UEPB após comprar o acervo
da família do próprio Átila. Posteriormente, a UEPB adquiriu para a
Biblioteca uma coleção de autoria do cordelista e xilogravador pernambucano
Marcelo Soares e mais 800 obras doadas pelo cordelista Manoel Monteiro, além de
material de muitas pessoas e instituições que também contribuíram para o espaço
de leitura, doando obras literárias.
O local
destinado à leitura é um mundo encantador e precioso em pleno interior
nordestino. Inigualável e genuíno, conta com materiais impressos em suportes
diferenciados, que retratam tanto a cultura universal quanto as peculiaridades
da cultura nordestina. Ao entrar, o visitante já pode passear pelo mundo de
centenas de cordelistas, reler notícias do passado que fizeram parte da
história da Paraíba e, principalmente, descobrir com profundidade aspectos da
cultura nordestina. Nos corredores, os livros velhos empoeirados, de capas
amareladas, conservam histórias e conhecimentos.
Funcionando em
um espaço todo climatizado, no segundo andar do Prédio da Administração Central
da UEPB, em Bodocongó, onde se encontra uma das maiores coleções de cordéis da
América Latina, a Átila Almeida conta com mais de 10 mil obras de autores como
Manoel Monteiro, Apolônio Alves dos Santos, Expedito Sebastião da Silva, João
Ferreira de Lima, Leandro Gomes de Barros, entre outros.
Na Biblioteca,
o cordel ganha destaque por sua forma peculiar de retratar o ideário do homem
simples do Nordeste acerca de sua cultura e leitura de mundo. Mas o acervo não
é só formado de cordéis. Ele dispõe de folhetos, jornais e outras raridades.
Somente o acervo de jornal é formado por diversos exemplares compreendidos
entre os anos de 1878 e 1971, quando foram publicados leis e decretos sobre a
província da Paraíba.
Bibliófilo
confesso, historiador e ex-professor da UEPB, Átila Almeida, colecionou 17.560
títulos de obras, muitas de caráter raro, devido ao seu valor histórico e a sua
singularidade. Jornais que datam do século XIX, retratando a memória do Estado
da Paraíba, e 10.283 títulos de cordéis.
Andar pelo
interior da Biblioteca Átila Almeida é descobrir obras em miniatura,
publicações raras, literatura estrangeira, dicionários russos, livros cheios de
ilustrações, contendo a genialidade de grandes artistas brasileiros, a exemplo
de Cândido Portinari (1903-1962) e a famosa Enciclopédia Barsa.
Adquirida pelo
Estado em 2003 e, posteriormente, doada à UEPB, a Biblioteca é detentora da
maior coleção de cordel da América Latina. Aberta ao público no horário entre
8h e 17h, os visitantes podem ter acesso à Biblioteca Átila Almeida, de forma
gratuita, de segunda à sexta-feira.
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