quarta-feira, 11 de julho de 2012

Campina Grande: o interior mais internacional da música clássica


Por Eliezer Aguiar (jornalista)


O ‘grande’ de Campina não se limita ao sobrenome da cidade. A história mostra que a grandiosidade do município vem sendo ratificada a cada ano. Temos o Maior São João do Mundo, os dois maiores clubes de futebol do Estado, elegemos dois dos três senadores, nos colocamos sempre como fiel da balança nas eleições estaduais, somos a única cidade do interior do Brasil a ter uma sede da Federação das Indústrias, temos duas grandes universidades públicas, o maior número de doutores por metro quadrado do país.

É pouco? Temos ainda o singular Biliu de Campina, o histórico Baixinho do Pandeiro. Adotamos Marinês, Sivuca, Rosil Cavalcanti, Ronaldo Cunha Lima e Raymundo Asfora. Construída sobre o Planalto da Borborema e devido a sua posição geográfica, a cidade detêm o título de rainha. Para deleite de seus “súditos”, a cidade sediou a 3ª edição do Festival Internacional de Música, realizado pela UEPB, em parceira com a UFCG e a Fundação Parque Tecnológico. Detalhe: o evento aconteceu logo após a realização dos festejos juninos que duraram 31 dias seguidos.

Deixando a canjica, a pamonha, o milho assado e cozido de lado, os campinenses se renderam aos violinos, violoncelos, pianos, metais, entre tantos outros instrumentos, para tornar a cidade, durante seis dias, o centro da música erudita no Nordeste do Brasil. O evento trouxe apresentações de ópera, músicas clássicas, contemporâneas e eruditas, realizadas de forma descentralizada nas universidades públicas, privadas, Mosteiro das Clarissas e no palco maior da cultura campinense: o Teatro Municipal Severino Cabral.

Dada às raízes culturais da cidade, onde a produção musical em sua grande maioria dialoga com o forró, tanto tradicional quanto estilizado, era impossível prever a receptividade do público ao festival. Ocorre que o nível intelectual da população de Campina compõe um público exigente e fiel, fazendo com que os assentos do Municipal fossem insuficientes para comportar a plateia. Mas, diga-se de passagem, tal fato não afastou os espectadores. Os amantes da música lotaram as dependências do Severino Cabral e se acomodaram como puderam para, à revelia do conforto, assistir as apresentações.

Fazendo valer o dito popular “se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”, o festival foi levado para outros pontos da cidade, para que o deslocamento a um único ponto não fosse empecilho, oferecendo, assim, uma excelente oportunidade para quem se interessasse pelos espetáculos. As apresentações realizadas no período da tarde, no Campus I da UEPB e UFCG, além da FACISA, foi uma escolha acertada dos organizadores. Funcionários e estudantes das instituições puderam apreciar perto do ambiente de trabalho e estudo o que há de melhor na música erudita como também adaptações de clássicos brasileiros.

Apontar o dia do encerramento como o clímax do evento seria desmerecer as demais apresentações, mas o sentimento de saudade e quero mais deu um tempero diferenciado à última noite do evento. Movidos pela ansiedade peculiar a qualquer espera por algo bom, o público interagiu de forma uníssona e vibrante com os artistas, aplaudindo de pé todas as execuções, como se quisessem dizer: “ano que vem tem mais e que não demore”. Para os amantes da música fica a certeza de que o sucesso de público deste ano mostrou que o festival é um evento consolidado.

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