Por Eliezer
Aguiar (jornalista)
O ‘grande’ de
Campina não se limita ao sobrenome da cidade. A história mostra que a
grandiosidade do município vem sendo ratificada a cada ano. Temos o Maior São
João do Mundo, os dois maiores clubes de futebol do Estado, elegemos dois dos
três senadores, nos colocamos sempre como fiel da balança nas eleições
estaduais, somos a única cidade do interior do Brasil a ter uma sede da
Federação das Indústrias, temos duas grandes universidades públicas, o maior
número de doutores por metro quadrado do país.
É pouco? Temos
ainda o singular Biliu de Campina, o histórico Baixinho do Pandeiro. Adotamos Marinês,
Sivuca, Rosil Cavalcanti, Ronaldo Cunha Lima e Raymundo Asfora. Construída
sobre o Planalto da Borborema e devido a sua posição geográfica, a cidade detêm
o título de rainha. Para deleite de seus “súditos”, a cidade sediou a 3ª edição
do Festival Internacional de Música, realizado pela UEPB, em parceira com a
UFCG e a Fundação Parque Tecnológico. Detalhe: o evento aconteceu logo após a
realização dos festejos juninos que duraram 31 dias seguidos.
Deixando a
canjica, a pamonha, o milho assado e cozido de lado, os campinenses se renderam
aos violinos, violoncelos, pianos, metais, entre tantos outros instrumentos,
para tornar a cidade, durante seis dias, o centro da música erudita no Nordeste
do Brasil. O evento trouxe apresentações de ópera, músicas clássicas,
contemporâneas e eruditas, realizadas de forma descentralizada nas
universidades públicas, privadas, Mosteiro das Clarissas e no palco maior da
cultura campinense: o Teatro Municipal Severino Cabral.
Dada às raízes
culturais da cidade, onde a produção musical em sua grande maioria dialoga com
o forró, tanto tradicional quanto estilizado, era impossível prever a
receptividade do público ao festival. Ocorre que o nível intelectual da população
de Campina compõe um público exigente e fiel, fazendo com que os assentos do Municipal
fossem insuficientes para comportar a plateia. Mas, diga-se de passagem,
tal fato não afastou os espectadores. Os amantes da música lotaram as
dependências do Severino Cabral e se acomodaram como puderam para, à revelia do
conforto, assistir as apresentações.
Fazendo valer o
dito popular “se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”, o festival foi
levado para outros pontos da cidade, para que o deslocamento a um único ponto
não fosse empecilho, oferecendo, assim, uma excelente oportunidade para quem se
interessasse pelos espetáculos. As apresentações realizadas no período da tarde,
no Campus I da UEPB e UFCG, além da FACISA, foi uma escolha acertada dos
organizadores. Funcionários e estudantes das instituições puderam apreciar perto
do ambiente de trabalho e estudo o que há de melhor na música erudita como
também adaptações de clássicos brasileiros.
Apontar o dia do
encerramento como o clímax do evento seria desmerecer as demais apresentações,
mas o sentimento de saudade e quero mais deu um tempero diferenciado à última
noite do evento. Movidos pela ansiedade peculiar a qualquer espera por algo
bom, o público interagiu de forma uníssona e vibrante com os artistas,
aplaudindo de pé todas as execuções, como se quisessem dizer: “ano que vem tem
mais e que não demore”. Para os amantes da música fica a certeza de que o sucesso
de público deste ano mostrou que o festival é um evento consolidado.
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