segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre silêncios provocados pela ADUEPB

Por Joelson Pimentel (professor da UEPB) 



Com a fuga desesperada e injustificada da Assembleia, na última sexta-feira, 2 de março, espero que a diretoria da ADUEPB reconheça suas limitações e a derrota que provocou para si mesma. Com isto, agora me sentirei segura para preencher minha ficha de filiação e voltar à condição de servidora sindicalizada. Por que não o fiz antes? Alguns momentos se mostram emblemáticos para que não o fizesse, dentre os quais destaco os seguintes.  


Em dezembro de 2007 recebemos no campus VI a visita desse sindicato. Como naquele momento eu e os demais colegas (todos, diga-se de passagem) discordávamos do pleito do sindicato que queria que não aceitássemos o PCCR tal como proposto pela Reitoria, não fomos ouvidos. Já com a ficha preenchida em mãos, preferi atirá-la ao lixo, pois pela primeira vez vi uma instância sindical chegar com as propostas prontas e determinadas, negando o direito à voz e ao planejamento à classe que representa.


Foi naquele momento que percebi a fragilidade de uma instância que deveria nos representar, lutando contra a própria categoria – pelo menos naquele campus estávamos todos convencidos disto, o que permanecemos convictos até hoje. Assim, companheiros, nesse momento eu não pude falar porque era novo na Universidade, pretexto da ADUEPB para que não nos dessem ouvidos.  Este ano, estamos em meio a uma luta pela manutenção da Lei de Autonomia da UEPB. Isto estava claro para todos que compareceram à Assembleia da ADUEPB na sexta-feira. 


Ouvi de uma professora “não aguento mais escutar essa palavra, autonomia” – até manifestações dessa natureza são aceitas em um evento assim. Óbvio que não teríamos uma unanimidade. Mas, igualmente improvável deveria ser um sindicato lutar mais uma vez por uma causa que não seja da categoria – estou aqui entendendo que a Autonomia Financeira da Universidade seja também uma causa da categoria, ou pelo menos de sua maioria. Mais uma vez me decepcionei. 


Em mais uma oportunidade queriam me negar o direito de falar, com o argumento de que não sou sindicalizado, o que é forte para mim, pois desde meus tempos de metalurgia que me sinto com a obrigação e direito de ser filiado a um sindicato.  Como se esse argumento não bastasse, vários foram os manifestantes presentes que declararam ou insinuaram que eu, como diretor de centro, assim como os demais gestores presentes, não tínhamos legitimidade para estar naquela assembleia. 


Ora, acaso deixamos de ser professores, de ter interesse pelo bem da Universidade? Passamos a desprezar o nosso desenvolvimento profissional? Não queremos mais pensar em nossa progressão ou em melhoria em nossas condições de trabalho e em nossos salários? A mesa diretora dos trabalhos em nenhum momento se pronunciou contrário a esse tipo de ataque, mostrou-se condescendente, chegando a publicar em seu site excertos que corroboram isto.  Sobre essa matéria gostaria de acrescentar que sou diretor de centro porque fui eleito segundo as normas estabelecidas em nossa Universidade, de forma democrática. 


A mim não foram prometidos ou concedidos quaisquer favorecimentos pessoais na Universidade ou fora dela, nem eu os aceitaria. Também por esse motivo permaneço convicto na luta por uma instância sindical dessa Universidade livre de interferências do governo ou de quaisquer outros grupos que tenham interesses que não sejam os nossos, negociados de maneira legítima, convergindo para o bem e desenvolvimento da UEPB e da Paraíba. 


Sindicato é para lutar pela categoria, não pelo governo ou outras instâncias administrativas. Que a nova diretoria não caia nesse mesmo erro. Seja na luta pela Autonomia ou em quaisquer outros momentos, que ouça a sua categoria e a represente de fato, falando em seu nome segundo a demanda por ela estabelecida. Falando especificamente desse momento, é de todos em luta pelo cumprimento da Lei de Autonomia, da gestão da Universidade, da ADUEPB, do povo paraibano, da academia brasileira, logo há muita convergência entre os interesses de todas essas esferas. Mas o sindicato, caros companheiros, deve falar em nome de toda a categoria de docentes, ouvindo-a, não sucumbindo a ofertas que extingam nossa capacidade de luta e minem as conquistas da Universidade.

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