quarta-feira, 7 de março de 2012

Mulher hoje: reflexão, celebração e luta

Por Eli Brandão (Pró-reitor de Graduação da UEPB)


O dia 8 de março é celebrado como o Dia Internacional da Mulher. Celebra-se porque foi uma conquista não de um dia, mas da história de tantas mulheres que protagonizaram mudanças significativas na sociedade, assim como tantas outras que, de forma silenciosa, tiveram papéis fundamentais na formação de nosso mundo. 

Em certo sentido, porém, seria bom não precisar de um dia assim. Seria muito bom se já vivêssemos numa sociedade de direitos assegurados a todos. Seria muito melhor se não precisássemos conviver com uma cultura de violência, muitas vezes, de brutalidade da herança patriarcal. 

O ideal seria constatar que a luta das mulheres por igualdade de oportunidades e respeito pelos seus direitos tivesse sido plenamente vitoriosa. Infelizmente, ainda estamos longe disso. Há muito a conquistar e o caminho é longo o suficiente para que homens e mulheres continuem a lutar intensamente por uma vida mais digna e uma sociedade mais cidadã.

No âmbito social, os ganhos ainda são frágeis e a dívida é enorme, particularmente, em relação às mulheres, pois muitas ainda são objetos de discriminação no acesso ao mercado de trabalho, ganham salários inferiores aos dos homens, além da dupla ou tripla jornada de trabalho, e o poder econômico continua a ser predominantemente masculino. 

Quanto ao poder político, as mulheres vêm conquistando lugares de destaque, no lar e no trabalho, em cargos públicos, como é o caso da presidência do Brasil e do que se afigura como possibilidades de candidaturas nestas próximas eleições, mas nada comparável ao número de homens em postos políticos. 

É imperioso que as mulheres tomem consciência do seu lugar na sociedade e empreendam sua luta para conquistarem seu lugar de dignidade no desempenho da atividade profissional. É muito preocupante o aumento da violência contra as mulheres e crianças. Todos os dias os noticiários estão dramaticamente repletos de casos reais, como se não pudéssemos sair deste modelo de extrema dominação, que resulta em morte e desolação. É imperioso que toda a nossa sociedade deve sinta-se indignada por essas tragédias e empreenda ações de mobilização e luta para romper o círculo dessa tormenta.

Bom é saber que em muitos lugares, como é o caso das universidades, e muito particularmente da UEPB, um mundo novo se constrói no cotidiano, mundo que pressupõe como natural que homens e mulheres partilhem, de forma digna e equânime, direitos e responsabilidades, um compromisso por construir uma sociedade cada vez melhor, menos violenta e injusta, mais fraterna e cidadã.

Meu desejo é que todas as mulheres, neste simbólico dia de reflexão, celebração e luta, renovem suas forças e busquem uma vida mais feliz.

Minha homenagem poética a todas as mulheres!

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
[...]
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

(Adélia Prado)

Nenhum comentário:

Postar um comentário