sexta-feira, 30 de março de 2012

EU MARCHEI NA TUA LUTA

Por Marlene Alves Sousa Luna (Reitora da UEPB)


Em profundo respeito à luta popular, a UEPB participa das celebrações em homenagem ao líder das Ligas Camponesas, na Paraíba, João Pedro Teixeira. As Ligas lutavam por Reforma Agrária, ainda hoje uma necessidade urgente do Brasil para o seu desenvolvimento e para a emancipação popular. 

Em meados do século passado, os camponeses brasileiros, especialmente os nordestinos, aglutinaram-se em torno das Ligas Camponesas para exigir a Reforma Agrária. A resposta do latifúndio e das elites conservadoras a esta manifestação dos trabalhadores rurais que junto aos estudantes e trabalhadores das cidades exigiam outras reformas, que levassem o país a conquistar mais justiça social foi uma intensa reação que culminou com um golpe de Estado e a implantação da ditadura no Brasil. 

Mesmo antes da instauração da ditadura, muitos trabalhadores foram assassinados. As lideranças populares foram ceifadas, entre elas João Pedro Teixeira, que junto com Negro Fuba, Pedro Fazendeiro e outros foram líderes camponeses paraibanos a partir da Liga Camponesa de Sapé. 

No momento do cinquentenário desses assassinatos, a UEPB mais uma vez, em respeito à História do Brasil e a História da Luta dos oprimidos por libertação, oferece a reedição do livro EU MARCHEI NA TUA LUTA que conta às novas gerações a História de Elizabeth e João Pedro Teixeira à frente das lutas da Liga de Sapé. 

Sintonizada com o movimento camponês por Reforma Agrária, a UEPB no início da minha gestão outorgou pela primeira vez a sua honraria máxima, a Medalha do Mérito Universitário, à emblemática líder camponesa Elizabeth Altino Teixeira. 

Em 12 de agosto de 2011, aniversário do assassinato a líder camponesa Margarida Maria Alves, esta medalha volta a ser referendada pelos conselhos superiores da universidade e reafirmada em entrega solene homenageando as Ligas Camponesas e reverenciando Margarida. 

A nova publicação do livro, em 2012, junta-se a esta trajetória de adesão ao movimento camponês como demonstram as parcerias culturais que mantivemos com um dos herdeiros das Ligas Camponesas (o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST).

terça-feira, 27 de março de 2012

Magnífica Reitora

Por Rubens Nóbrega (jornalista)
Publicado originalmente no Jornal da Paraíba - Edição de 22/03/2012


Lembrei ontem os lindos versos com que Chico Buarque verteu para o português a letra de Joe Darion em The impossible dream, tema de ‘O homem de la Mancha’. Lembrei particularmente Betânia cantando o trecho de ‘O sonho impossível’, exatamente quando a letra incentiva “lutar, quando é fácil ceder” ou “negar, quando a regra é vender”.

Lembrei isso tudo quando lia a Carta Aberta em que a Reitora Marlene Alves, da UEPB, repele com toda a veemência d’alma a deselegância agressiva do governador Ricardo Coutinho. Refiro-me à reação do monarca à vaia que levou sexta última de professores e alunos da UEPB em pleno Paulo Pontes, o teatro do Espaço Cultural de João Pessoa.

Coincidência digna de registro: a casa onde aconteceu o incidente homenageia o genial paraibano que traduziu e trouxe para os palcos brasileiros ‘O homem de la Mancha’. Pois bem, furibundo porque a vaia estragava-lhe a solenidade armada para ele brilhar como magnânimo empossador de professores concursados, Sua Majestade chamou Marlene e equipe de “casta usurpadora de dinheiro público”.

A acusação, gravíssima, somou-se a uma anterior não menos grave atribuída à secretária Aracilba Rocha (de Finanças, do Estado), segundo a qual Marlene teria se apropriado, “de forma criminosa, de 15 milhões de reais”. Contra esses ataques diretos, secundados por insinuações e perfídias de bajuladores do governo que ocupam espaços importantes na mídia, a Reitora Marlene Alves foi à Justiça.

“Muito em breve, através de uma ação judicial que impetramos, saberemos quem cometeu um crime: roubo ou calúnia”, ressalta, em um dos pontos altos de sua magnífica Carta. Mas o que tem a ver isso tudo com lutar, em vez de ceder; com negar, quando a regra é vender. Tem porque é assim que age Marlene Alves, uma reitora que – digo sempre – faz jus ao título de Magnífica que lhe adorna o cargo.


Caráter e integridade

Faltou dizer, contudo, mas digo agora, que o qualificativo dado à reitora no caso dela vai além do posto, porque veste feito luva também o caráter e a integridade dessa grande mulher e cidadã exemplar. Admiro Marlene Alves por tudo que ela é representa e também porque ela enfrentou e enfrenta com destemor e altivez, pela segunda vez, um governador que por miopia ou mesquinharia política não enxerga a importância da UEPB.

Não enxerga, não percebe nem valoriza suficientemente a Universidade Estadual como ferramenta valiosa e essencial para construirmos a verdadeira transformação que a Paraíba precisa.Primeiro foi José Maranhão, que no Maranhão II tratou com arrogância e intransigência uma greve de fome liderada por Marlene contra um governante que se recusava até mesmo a receber representantes da UEPB para ao menos ouvir suas justíssimas reivindicações por melhores salários e mais verbas para a Instituição.

Agora, vem Ricardo Coutinho, que no Ricardus I dispensa igual arrogância e intransigência a um pleito fundamental de Marlene e da imensa maioria da comunidade universitária.


Respeito à autonomia

Marlene, seus pró-reitores, alunos, técnicos e professores não querem outra coisa do governador além de respeito à autonomia da UEPB e à verdade sobre os atos desse governo que deliberadamente tentam fragilizar a Instituição. Admiro Marlene Alves ainda não porque ela hoje se destaca no Índex do nosso despótico gestor-mor. 

Admiro também porque ela não hesita nem hesitou um segundo sequer em postar-se ao lado e à frente de seus pares na luta em defesa daquela que é a maior conquista de uma instituição de ensino superior pública e gratuita. Digo isso porque sei que ela poderia muito bem ter cedido, contemporizado e se acertado nos bastidores com o monarca, de quem já teria promessa de apoio velado, mas significativo, na campanha para prefeita de Campina Grande.

Ressalte-se que esse cargo Marlene pode vir a disputar legitimamente e se o fizer será pelo PCdoB, partido no qual milita há mais de 30 anos. Mas, quando viu a sua Universidade ameaçada, Marlene não barganhou nem piscou.Na hora do vamos ver, entre o seu projeto político e o compromisso com a UEPB, sabemos todos onde a Reitora ficou. Já Ricardo Coutinho... Entre o seu projeto de poder e o compromisso com os eleitores, inclusive o de preservar a autonomia da UEPB, adivinha onde está o governador?


quarta-feira, 21 de março de 2012

Repúdio ao discurso do governador Ricardo Coutinho

Por Marcelo Medeiros da Silva (docente do Curso de Letras da UEPB - Campus VI em Monteiro)


Não estive presente à solenidade de posse dos nossos colegas professores que, recentemente, passaram em concurso para o magistério de nosso Estado. Gostaria muito de ter estado lá, sobretudo, se eu tivesse a oportunidade de conversar frente a frente com o nosso ilustre e insigne governador para poder fazer algumas retificações na fala dele. Não sei até que ponto a nossa Paraíba tem um governo de vergonha. Creio que deveríamos dizer o contrário: um governo que nos faz vergonha pela intransigência, autoritarismo, falta de diálogo, mas, sobretudo, um governo que foi matreiro e agiu de má fé quando a nossa instituição foi compreensiva e aceitou o valor que àquela época o senhor governador, recém-empossado, disse que poderia disponibilizar à UEPB, já que precisava fazer ajustes na conta do Estado. 

Não peço desculpas se estou carregando nas minhas palavras e não o faço porque, como docente da UEPB, aprovado em concurso público, egresso do curso de Letras da UEPB, com mestrado pela UFCG e doutorado pela UFPB, senti-me ofendido quando o senhor governador disse que éramos uma casta. Senti-me profundissimamente atacado porque, caro governador, professor universitário não é privilegiado. 

Nós investimos em nossa formação, desenvolvemos pesquisa, formamos os professores da educação básica, isso só não justifica o salário que recebemos? Se não, então lhe pergunto: o que o senhor faz pelo nosso Estado que possa justificar o seu salário e de todo o seu séquito? Acho que a casta não está instalada em nossa instituição não! Do contrário, por que estaríamos contribuindo para a formação de muitos dos professores que atuam na educação básica? Posso ser repetitivo, mas a repetição, aqui, faz-se necessária: os professores para os quais o senhor, durante a solenidade de posse, pediu respeito foram, creio eu, em sua grande parte, formados pela UEPB. Isso, por si só, mostra que a UEPB desempenha um papel muito relevante em nosso Estado. 

No momento em que o senhor ataca aqueles que, na sua opinião, formam uma casta, queria saber qual a concepção que o senhor tem de educação e, sobretudo, do profissional da Educação e do papel da universidade na promoção de mudanças em todas as esferas sociais. Gostaria de que me respondesse a que se resume o papel de um universidade em sua óptica. Se a UEPB não atingiu todo o nosso Estado, ela ainda não o fez porque nós, que a compomos, acreditamos que a universidade deve ser pública e de qualidade. Para isso, é preciso verba, investimento. E diminuindo o repasse, fixando-o arbitrariamente, o senhor impossibilita que cresça a instituição que para o senhor deveria estar presente em toda a Paraíba. 

Se bem que, a contar pelo perfil de alunos/as, funcionários/as, professores/as, que a UEPB tem, ela, de fato, mais do que estar em todo o Estado, possibilita que pessoas de todo o nosso estado e de outros também façam parte de seus quadros. Logo, a UEPB não é instituição de um único grupo. Mas, voltando, a não ser que, na sua cabeça, universidade resuma-se a apenas sala, quadro, professor e aluno, se for apenas isso, seria muito fácil expandir a UEPB a todos os municípios do Estado. 

Mesmo dentro das limitações orçamentárias, já que a verba, como querem fazer crer, não é apenas para pagamento de folha de pessoal, mas, sobretudo, para investimentos nas mais diversas áreas, a nossa UEPB chegou a regiões de nosso Estado que, durante anos, ficaram esquecidas dos poderes públicos, justamente porque era conveniente para muitos que a populações de tais regiões ficassem no ostracismo sem poder ter vias de reivindicação de novas formas de ser e de existir. Sou docente do curso de Letras do Campus VI, situado na cidade de Monteiro, cidade que aprendi, nesses três anos em que estou no CCHE, a amar porque me encantei em prosa e em verso pela gente e pela paisagem daqui. E a presença de nosso campus VI é uma prova de que, se a UEPB não tivesse desenvolvido o projeto de interiorização, muitos de nossos alunos e alunas teriam restringido a formação deles apenas ao ensino médio e estariam, portanto, sem a possibilidade de vislumbrar um futuro além do cabo da enxada. 

Ao propiciar aos nossos/as discentes a possibilidade de um futuro diferente do que tiveram os pais deles/as e promover uma consequente mobilidade social de sujeitos que, durante muito tempo, estiveram longe das estruturas hegemônicas de poder, a UEPB não está apenas dizendo que os órgãos públicos são do povo. Ela está mostrando, na prática, que os órgãos públicos são do povo e para o povo. O povo paraibano paga com o suor do próprio rosto os investimentos que vêm para a UEPB, e a nossa instituição devolve tal investimento propiciando uma educação de qualidade e fornecendo serviços gratuitos à comunidade, serviços esses que vão desde cursos nas mais diversas áreas, sob a forma de extensão, até tratamentos em muitas das clínicas de que dispõe a nossa instituição. 

Sinto muito, mas as suas palavras, senhor governador, são palavras de quem desconhece as ações da UEPB, ou melhor, de uma pessoa para a qual órgão público é apenas do povo e não para o povo. Não adianta ser do povo, se este não pode desfrutar, se, quando precisa, vai encontrar este ou aquele órgão público sucateado. A vida, com seus altos e baixos, é mais do que belas propagandas televisivas. 

Realmente, senhor governador, a UEPB não abriu apenas sala de aula. Ela criou novos campi nos quais existe mais do que sala de aula. Se para o senhor, governador, educação é correlato de sala de aula, para nós que fazemos a UEPB, educação é bem mais do prédio. Só para lembrar -- em Monteiro, nem campus próprio ainda temos, mas não deixamos de funcionar, de promover mudanças. 

Só para aqueles que acreditam ser a educação produto de e para uma elite (e tenho certeza de que o nosso ilustre governador não faz parte nem comunga dessa ideologia anacrônica e segregadora) é que a UEPB tinha de permanecer com o mesmo orçamento e expandir-se ao mesmo tempo, tarefa tão difícil quanto os doze trabalhos de Hércules. E olhem que a nossa instituição nem um semideus é e muito menos é composta por tais. Mas o pior, mesmo, é defender, sub-repticiamente, que se deve retirar dinheiro do ensino superior porque é preciso ter uma educação básica forte. 

Essa lógica do “descobre um santo para cobrir um outro” não pode ser aplicada em nenhuma esfera e, muito menos, na educação. Se a ela recorrem, começo, então, a temer, pois aqueles que atuam na educação básica passaram pela educação superior. Se a formação em nível superior que lhes foi fornecida não contou com os devidos investimentos, qual a garantia que vamos ter de que a educação básica estará fortalecida? Como se pode notar, discurso muito perigoso esse porque segue uma lógica bastante falaciosa contra a qual devemos lutar. Afinal, a UEPB não vai ser do povo da Paraíba, ela já o é. Tanto é que não é só nossa apenas, uma vez que recebe em suas salas de aulas alunos/as dos mais diversos estados da federação e até mesmo de outros países. Quem conhece a nossa instituição sabe bem deste pequeno detalhe que faz muita diferença. 

Antes de finalizar esta minha fala que já se alongou por demais, gostaria de dizer que o senhor, governador, não está desagradando algumas corporações. Está, sim, afrontando todo o Estado, todos aqueles, professores/as, funcionários/as, alunos/as, que integram uma instituição que é referência para todo o nosso país. Realmente, a UEPB não está sendo refém de grupos não. Ela está sendo refém de uma única pessoa: o senhor mesmo, caríssimo governador, que, cavilosamente, procura manipular o seu discurso e colocar a sociedade paraibana contra a nossa instituição e contra nós, que nela trabalhamos porque a UEPB somos NÓS. 

Fiquemos com apenas uma das várias distorções: viagens, diárias, creio eu que o seu governo, ou qualquer outro, deve disponibilizar para funcionários dos demais órgãos do Estado. Quando a mim, por exemplo, foi ou é concedida uma viagem ou uma diária, tal concessão é feita não para passear ou desfrutar a meu bel-prazer do dinheiro público. Ela o foi porque resultados de pesquisa precisam ser apresentados em congressos, em jornadas científicas. Creio que o senhor deve saber muito bem o que é isso, já que tais eventos são apenas uma das formas de as instituições fortalecerem suas bases e grupos de pesquisa, de melhorarem a educação fornecida. Existe todo um processo burocrático para que nós recebamos o direito a tais viagens ou diárias. 

O senhor deve saber muito bem, já que viagens e diárias são, repito, uma concessão feita não apenas pela UEPB mas também pelo demais órgãos do nosso Estado. Como professor doutor, tenho o direito de requerer, apenas uma única vez por ano, que a universidade custeie minha participação em eventos acadêmicos e, mais ainda, tenho de optar por escolher entre a passagem ou a estadia. Isso acontece também com os que trabalham nos outros órgãos do Estado? Não precisa responder. Quero apenas deixar claro, já que sua fala, senhor governador, pode induzir as pessoas incautas ao contrário, que o custeio de viagens e diárias não é uma prática apenas da UEPB. E, se ela permite, o faz em conformidade com determinados pré-requisitos. 

Por fim, um governo, conforme o senhor mesmo disse na solenidade, que não tem medo de dar as respostas necessárias, também não pode temer os questionamentos e as indagações necessários. Sendo assim, a não ser que os questionamentos de todos nós, que compomos a UEPB, não sejam necessários, não consigo entender por que o senhor, governador, que se demonstrou tão zeloso e preocupado com os professores que estavam tomando posse, parece esquecer-se de tal zelo e preocupação quando o assunto é o real repasse que deve ser feito à UEPB, quando pedimos para que se reveja a ação que culminou no desrespeito à lei de autonomia. 

Queria lembrar que, em uma sociedade democrática, o protesto é uma das formas legítimas de reivindicação de todos aqueles que se sentem lesados. Na falta de diálogo, uma opção menos drástica é protestar. Se o senhor governador encastela-se, fecha-se para o diálogo e a única abertura que faz é para deturpar os fatos, as ações de nossa instituição, seria inocência de sua parte, ilustre governador, que a tal solenidade não comparecessem aqueles que o senhor até então faz questão de execrar. Se, como o senhor disse, a gente dá o que tem, dentro dessa mesma lógica, a gente pode muito bem receber o que dá. Dessa forma, as faixas, os apitos não foram ações de baderneiros, mas, sim, instrumentos de que se valeram aqueles/as que estavam, ali, em prol de uma única causa: REIVINDICAR O RESPEITO À UEPB. E, a eles, junto-me, dizendo: “Governador, respeite a UEPB”. 


Desabafo

Por Jussara Carneiro (docente da UEPB)


João Pessoa, Paraíba, calorosa manhã de uma sexta-feira, no dia 16 de março do ano de 2012. No teatro Paulo Pontes, localizado no Espaço Cultural, enquanto se espera, entre outras coisas, que as águas de março apareçam para fechar o verão, o governador da Paraíba discursa pela ocasião de posse aos(as) professores estaduais aprovados no último concurso publico, momento em que é interrompido pelos gritos e apitos de manifestantes da Universidade Estadual da Paraíba, em numero bem menor do que aqueles(as) que se encontravam no recinto, protestando pelo não cumprimento da lei estadual que garante autonomia financeira da instituição. Com a presença sonoramente auto anunciada dos(as) manifestantes o governador convida-os a sentar. A platéia aplaude. Beleza, eu também aplaudiria! 

A partir daí o que assistimos é lamentável. O governador claramente incita os(as) professores(as) presentes contra os(as) manifestantes da UEPB, sob a alegação de que estariam sendo mal educados e desrespeitando aquele(as) que estavam ali para serem empossados(as). Peraí governador, que destempero é esse? Onde foi que você aprendeu que manifestação pública contra medida implementada por gestor que desagrada a população é falta de educação? Essa postura não faz parte da sua trajetória, pelo menos da que eu conheci e na qual, por tanto tempo, apostei. Além disso, pela forma como o governo estadual tratou professores(as) prestadores(as) de serviço, vossa excelência perdeu o privilégio de se colocar como porta-voz de educação e respeito no trato para com os(as) mesmos(as). 

Em seguida, outra surpresa. O governador assume abertamente, pela primeira vez, que realmente interferiu no repasse de recursos para a UEPB e desrespeitou a Lei da autonomia financeira, embora tente dizer depois que a respeita, assim como faz com os poderes judiciário e legislativo paraibanos. A justificativa? Dentre as pérolas proferidas pelo governador, punir uma corporação que quer manter privilégios ou pelo menos uma casta dessa corporação; devolver a UEPB ao povo paraibano ou republicanizá-la, já que gosta tanto da expressão. Comparando o ano de 2011 com períodos anteriores, o governador questiona ainda o uso da verba com custeio por parte da universidade, apontando o uso de recursos com diárias e viagens, embora não fique claro por parte de quem e porque. Mas, o mais serio foi afirmar para os/as presentes que a contestação ao não repasse de recursos a UEPB, como previsto em lei, se relaciona ao fato de não querermos uma educação básica fortalecida no estado porque isso ameaça privilégios. 

Peraí, governador, vamos por parte. Em primeiro lugar, sua concepção de república e o método que usa para implementá-la andam um tanto quanto questionáveis porque você se esqueceu de aliá-la a uma outra coisa muito importante, que é a democracia, sobretudo a democracia participativa. Vossa excelência se esquece de que existem órgãos (internos e externos) para o exercício do controle social referente ao emprego desses recursos e que fiscalizá-los é também prerrogativa nossa, como professores/as, docentes, discentes, técnicos e comunidade beneficiada pela UEPB? Vossa excelência vai republicanizar a UEPB sem democracia, como, na base da canetada, colocando o povo da Paraíba contra a instituição? 

Se tiver pensando nisso sugiro que trate de melhora sua imagem primeiro. Por acaso vossa excelência já parou para se perguntar se a grande comunidade que integra a UEPB, que está para muito além dos muros que a circundam, aprova o tratamento que você tem dispensado a instituição? Pergunte a nós, pergunte a quem faz a UEPB, pergunte ao povo da Paraíba. Se vossa excelência soubesse (nos) escutar mais talvez não andasse com uma imagem tão desgastada nesse estado. Outra coisa: por que vossa excelência não pede o mesmo rigor ao emprego dos recursos por parte do judiciário e do legislativo e só mostra os dentes para a UEPB? Vossa excelência quer mesmo fazer a comparação? Pois então compare os recursos empregados e a população beneficiada e depois pergunte ao povo da Paraíba qual emprego considera mais útil e legítimo. Não ficou muito claro essa sua crítica ao uso de recursos de custeio para diárias e viagens. 

Vossa excelência defende isso, em princípio, para todos(as) os(as) servidores(as) públicos ou só para alguns? Quem paga suas viagens de trabalho? Ainda sobre a verba de custeio, porque o prédio novo do museu de artes da UEPB aparece na propaganda das ações que o governo do estado faz em Campina? Explique para o povo que ele foi construído com recurso público do estado da Paraíba, incluído na verba de custeio que a UEPB recebe. Para completar, governador, que equação troncha é essa que vossa excelência estabeleceu entre as reivindicações da UEPB e o interesse no enfraquecimento da educação básica? Que o fortalecimento da educação básica ameaça privilégios eu também não tenho dúvidas, mas privilégios de quem, cara-pálida, os nossos, quadro funcional e alunos/as da UEPB? 

Não sei porque razão mas quando assisti ao vídeo que desencadeou essa minha reflexão, de imediato me veio a lembrança a ocasião em que o ex presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, chamou os brasileiros(as) aposentados(as) de vagabundos, por cometerem, senão o crime, pelo menos a infâmia de se aposentarem “tão cedo” em um país de pobres e miseráveis. Talvez seja porque apesar dos episódios estarem em contextos diferentes, a questão de fundo presente nos mesmos é a mesma. 

No receituário capitalista e neoliberal é assim mesmo: aposentado é vagabundo porque para de trabalhar num país de pobres e miseráveis e jovens deixam de ter acesso a educação superior porque falta dinheiro para educação básica. Vossa excelência, porém, não se esqueça de que a plataforma que apresentou ao povo da Paraíba é bem diferente disso. Por essa razão mesmo surpreendeu-me, mais do que eu poderia supor que me surpreenderia, a postura de vossa excelência no trato com os(as) servidores da UEPB. Foi bom ter acesso as imagens para tirar minhas próprias conclusões porque há muito tempo a nossa imprensa não anda confiável, se é que um dia foi. Olhando o vídeo custei a acreditar que alguém tivesse disponibilizado-o na internet supondo que isso ajudaria a melhorar a imagem do governador. 

Mas, governador, em alguma coisa eu concordo com vossa excelência. Considerando o quadro da nossa Paraíba, a universidade tem que dar respostas para os enormes desafios que a comunidade, nos seus diversos recantos, vivencia. Seguramente, ninguém discorda disso. Por essa razão, mais do que nunca ela tem que ser estadual e forte. Temos muito ainda o que avançar no que se refere ao retorno que devemos dar a comunidade quanto ao conhecimento que fomentamos e produzimos, muito o que avançar no que se refere a intersecção entre pesquisa, ensino e extensão. 

Acho que começamos a fazer isso e vossa excelência não está contribuindo muito para avancemos nesse sentido. Ademais, como integrante dessa grande comunidade que é a UEPB, desconheço que vossa excelência tenha provocado algum momento para que pudéssemos avançar nesse sentido. Talvez porque eu seja, por uma pequena década, apenas e simplesmente professora da UEPB, mais precisamente lotada no Departamento de Serviço Social, vinculação institucional da qual, aliás, tenho muito orgulho, sem cargo de maior importância e sem auferir os privilégios que vossa excelência denuncia. Uma coisa eu lhe asseguro governador: a UEPB que a qual eu pertenço e me orgulho de pertencer; a UEPB que eu ajudo a construir, do modesto lugar que ocupo, é bem diferente, diametralmente eu diria, daquela que vossa excelência tem insistido em apresentar ao povo da Paraíba.

terça-feira, 20 de março de 2012

Apelo ao bom senso e ao respeito

Por Rangel Junior (professor do Departamento de Psicologia da UEPB)

Prezado (a) anônimo (a).

Dou-me ao trabalho de responder, mesmo saber quem se esconde por trás deste manto. 

A resposta tem como objetivo essencial esclarecer algo simples para você e pra outras pessoas que, porventura, receberam e leram o "trabalho" intitulado Manual de Campanha que você gastou tanta energia e "inteligência" para produzir e distribuir. Por outro lado, emails enviados a partir de endereços fantasmas, nomes falsos e coisas do gênero têm proliferado nas caixas de correspondência eletrônica de colegas, sempre se utilizando da mesma lógica e procedimento. Este texto que cito e outros que circulam têm a mesma origem, fundamento e objetivos. 

O que está acontecendo e o que está em jogo? O que se esconde por trás destas práticas? 

Uma campanha sucessória para a reitoria de uma Universidade, que se inicia com uma "produção" desta natureza, é reveladora da qualidade e do compromisso com a UEPB, e com a educação em geral, por parte de certos grupos dos que criticam e se opõem à reitora Marlene, sua gestão exitosa e às pessoas que se aglutinam em torno do projeto por ela liderado até o momento.

Nada de novo se lembramos dos contracheques da professora Marlene Alves que foram reproduzidos e transformados em panfletos na campanha de 2000, quando ela foi eleita Reitora da UEPB pela primeira vez. Cartas difamatórias, trocas de emails com ataques caluniadores contra membros da equipe administrativa da reitoria, especulações insinuosas, tudo é válido na tentativa de desqualificar uma gestão, pela falta de argumentos políticos e capacidade de crítica no âmbito da política de gestão.

Nada de novo se lembramos o nível de intervenção política recente destes setores, que vai da reles futrica de cunho social, familiar, folhetinesco ao burburinho fofoqueiro de corredores, repleto de fantasias sobre valores, enriquecimentos, vantagens pessoais e coisas do gênero, supostamente obtidos pelas pessoas que exercem funções na administração superior da Universidade Estadual da Paraíba.

Aproveito pra enviar cópia desta mensagem aos companheiros e companheiras que comigo dividem sonhos e princípios altruístas de um mundo melhor, de uma sociedade justa e livre deste tipo de vício moralmente corrompido, condenável, mas fácil de ser compreendido por quem busca compreender pessoas, suas trajetórias, desejos, virtudes, frustrações, recalques, qualidades, vícios, incompetências...

Não nos deixemos incomodar com manifestações desta ordem! 

Não respondam! Ou, se responderem, mostrem altivez, coerência, capacidade de crítica e uma clareza meridiana daquilo que os/as distancia deste tipo de ação nefasta e desqualificada, tanto do ponto de vista político quanto ético. 

Não permitam que a disputa sucessória na Universidade da Paraíba desça ao nível abaixo do solo, ambiente escuro e de água estagnada, onde proliferam vidas que, mesmo fazendo parte do ecossistema, parte da vida no planeta, não simbolizam o que há de melhor e mais digno, nem servem de exemplo a práticas humanas desejáveis e mesmo aceitáveis no convívio social.

Se isto é o começo devemos nos preparar para muito mais. Não seremos puxados para este lodo moral onde estão os que dedicam seu tempo a tais práticas escusas.

Se isto é o que têm a oferecer, saibam que, em contrapartida, ofereceremos à comunidade universitária da UEPB uma proposta, um projeto, um rumo e um caminho que, acreditamos, poderá ser a continuação, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de tudo que foi edificado até o presente. 

Se este é o máximo que podem apresentar sobre a UEPB em lugar de propostas, de críticas administrativas, de projetos, ideias, intenções... Não nos preocupemos, pois devemos confiar na inteligência geral da comunidade acadêmica, que está habituada a ver este tipo de jogo de baixo nível nas campanhas eleitorais tradicionais. Se não pudermos melhorar a política, que não entremos neste jogo. é com esta estatura política que almejam dirigir e ocupar os postos de direção numa instituição universitária? 

Se estes/as que usam de tais expedientes, praticam tais injúrias e ainda se arvoram paladinos/as da ética e da moralidade, imaginem a sua capacidade de autocrítica e de comprometimento com as causas públicas. Imaginem a sua capacidade de gerir tão grandioso empreendimento. Tudo que está em jogo, para estes/as é a disputa pela sucessão na reitoria da UEPB. Mas, como? Com estas atitudes? Com estas baixarias? Isto é o ser humano nas suas mais variáveis vicissitudes. Este é o resultado mais palpável da moralidade burguesa (falso moralismo) impregnada no individualismo mais mesquinho.

E o que faremos nós? Mostraremos a pujança da UEPB. Compararemos esta Universidade antes de 2005 e hoje. Destacaremos as ações marcantes desta gestão, que impulsionaram esta instituição para o futuro, para a conquista do respeito e referência social. Revelaremos os ganhos humanos, por meio da valorização salarial e do respeito no trabalho. Indicaremos os planos em andamento que pavimentam a estrada pro futuro de êxito que a UEPB terá e sua indispensável contribuição ao desenvolvimento social da Paraíba. Identificaremos as falhas e apontaremos os ajustes e as correções de rumo que deverão aperfeiçoar as relações, os rumos, o fazer cotidiano institucional. Deixaremos claro também que não nos curvaremos ante as ameaças de destruição de tantas importantes conquistas. Do mesmo modo, mostraremos que temos competência para gerir, negociar, transigir, lutar, conduzir, liderar...desde que não nos tentem coagir a transigir com princípios.

Não nos afastemos do rumo!

Desejo a você, que produziu esta "peça", mais discernimento, uma melhor e mais comprometida consciência social e de responsabilidade política. Desta forma, e somente desta forma, haveremos de construir uma sociedade melhor. Melhor para todos, inclusive pra você e pra mim.

Muita paz!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Não foi só uma vaia

Fonte: Blog de Emerson Saraiva


Na última sexta-feira (16), por volta do meio-dia, começaram a pipocar nas redes sociais e programas de rádio, repercutindo mais tarde nos sites de notícias e telejornais, notícias sobre uma possível “agressão moral” sofrida pelo Governador Ricardo Coutinho durante a solenidade de posse dos professores aprovados no último concurso do magistério.

Os algozes, dessa vez, teriam sido alunos, professores e funcionários da Universidade Estadual da Paraíba, que teriam invadido o local da solenidade empunhando faixas de protesto e gritando frases em defesa da UEPB.

Pelas redes sociais, assessores do governo começaram a denunciar o desrespeito dos protestantes utilizando a hashtag #vergonhauepb. Não sei se foi por causa do pouco tempo para pensar na resposta, mas os assessores acertaram em cheio no “mote”. Os vídeos divulgados no youtube mostram exatamente isso. Dá pra ver no semblante do Governador o quanto ele está com VERGONHA DA UEPB. Afinal, um cara que fez o que ele fez com a ÚNICA Universidade brasileira que possui uma LEI garantindo sua Autonomia Financeira, tem é que estar morto de vergonha mesmo.

Mas o que a agilíssima assessoria de comunicação do Governo esqueceu de divulgar foi que a última sexta-feira transformou-se, na verdade, em um “Batismo de Fogo” para os mais de 800 professores que estavam presentes ao Espaço Cultural, a maioria deles de outras cidades, que receberam convite para tomar posse de seus cargos e não para uma maratona de espera, desorganização, desrespeito e maus tratos, como mostra o relato que recebi de um dos novos professores do Estado, que estava presente à “solenidade” e que transcrevo a seguir:

7h00 – Peguei o ônibus de Campina para João Pessoa, após ter sido obrigado a chegar na rodoviária às 5h30 para garantir minha vaga, me perguntando porque o Estado não descentralizou essa posse e obrigou gente de muito mais longe a ter que se locomover centenas de quilômetros apenas para assistir ao seu discurso quando ele podia dar posse diretamente nas diversas regiões de ensino espalhadas pelo Estado. Porque é tão importante que tenhamos que vê-lo pessoalmente no ato da posse se fomos todos aprovados por nossos próprios méritos e ele não nos presta favor nenhum empossando-nos? Será que ele faria tanta questão de nos ver se fossemos para reivindicar nossos direitos?

9h00 – Cheguei correndo no Espaço Cultural, exatamente no horário marcado para a solenidade de posse.

12h00 – Depois de duas horas esperando, finalmente disseram que o Governador havia chegado e a solenidade seria iniciada. Nesse momento me veio à cabeça pela primeira vez que nós, professores, não éramos, de fato, as pessoas mais importantes da solenidade.

13h00 – Durante o discurso do Governador, entra no auditório uma galera da UEPB, segurando faixas e entoando palavras de ordem em defesa da UEPB. O Governador os saúda e os convida para sentar e acompanhar a solenidade, mas eles não sentam, até porque não havia mais lugares, pois, além de nós professores e de alguns familiares, havia um monte de gente do Governo do Estado e até uma candidata a Prefeita de João Pessoa, que na verdade é secretária da Prefeitura da Capital, acompanhada de um monte de assessores. O Governador, então, tentou seguir com o discurso e os manifestantes, também, continuaram com o protesto. A certa altura um dos manifestantes pediu a palavra, dando a entender que se o Governador os ouvisse eles falariam o que tinham a dizer e sairiam. Neste momento alguns assessores do Governo saíram de seus lugares e foram em direção aos manifestantes fazendo gestos para que eles se retirassem e outros correram para fora do auditório, voltando logo em seguida com reforço policial. Àquela altura, nós, depois de várias horas de estrada e outras de espera, já tínhamos perdido a paciência com os protestantes e passamos a pedir também para que eles saíssem, enquanto a polícia os conduzia para fora do recinto.

14h00 – Terminada a solenidade – e a confusão – pensei: “finalmente vou-me embora, já como professor empossado.” Que nada! O Governador terminou seu discurso e foi embora, acompanhado de seus muito assessores e, inclusive, da secretária-candidata, e nos deixou entregues a uma equipe de poucos funcionários que, então, nos envolveram em uma verdadeira teia de burocracia e desorganização. Primeiro nos dividiram por letras. Bom para mim, ruim para todos os “J” e todas as “M”, mas aí nos colocaram em uma fila única. Como assim, fila única para atendimento por letras?

17h00 – Nem metade dos concursados havia sido atendida. Alguns desistiram ou tiveram que ir embora por terem que pegar ônibus para suas cidades (duas meninas saíram chorando), uma senhora que estava com a filha passou mal e teve que ser levada a um hospital e várias pessoas foram impedidas de tomar posse porque havia problemas em seu cadastramento. Sacanagem fazer uma pessoa esperar cinco horas para só depois dizer que ela deveria ter trazido determinado documento que não havia sido pedido antes.

18h00 – Começa um movimento estranho no auditório. Policiais militares chegam e se dirigem à sala onde está sendo feito o atendimento. Ficamos todos tensos pensando que alguém poderia ter agredido os funcionários lá dentro. Depois os policiais saem e ficam diante da porta de acesso ao local de atendimento. Alguns funcionários saem andando rapidamente, sem olhar para nós, professores, achando que não estávamos percebendo o que estava acontecendo.

18h30 – Notando que não ia ser possível simplesmente nos mandar embora porque “o expediente dos funcionários acabou”, chega ao local uma equipe de policiais com boinas vermelhas, que logo apelidamos de BOPE Paraíba, provavelmente para garantir a integridade física dos funcionários que queriam encerrar o expediente. Impressionante como em poucas horas passamos de "bem vindos companheiros" para "se eles reagirem, desçam o pau"!

19h00 – Depois de muitos protestos e de, segundo um dos seguranças, orientação da Secretaria de Comunicação (não deveria ser de Educação?), talvez pelo fato de muita gente estar gravando tudo com seus celulares, fomos avisados que os funcionários permaneceriam trabalhando e que seríamos todos atendidos.

22h30 – Exatamente 17 horas depois de ter saído de casa, finalmente fui atendido por pessoas que pareciam muito mais cansadas do que eu e nada satisfeitas de estar ali numa noite de sexta-feira. Entreguei tudo que tinha levado, assinei o que me pediram e corri para a rodoviária para tentar voltar para Campina. Não consegui e tive que me socorrer de um amigo pessoense que me deu abrigo. Ainda nem sei quando começo a trabalhar e já gastei boa parte de meu primeiro salário apenas para tomar posse.

23h40 – Uma amiga que ficou esperando me liga para dizer que ainda estava na fila, sem previsão de ser atendida.

Fim da História.

Ou, melhor, início de uma nova história na vida de mais de mil novos funcionários públicos paraibanos, que, alguns, foram obrigados a gastar o que não tinham para participar de um evento onde foram desrespeitados e usados, sem nenhuma culpa, como massa de manobra contra pessoas que se defendem de ataques que eles mesmos, com certeza, deverão ser vítimas pelo menos pelos próximos três anos.

Mas o tempo ensina e eles terão a chance de se arrepender por terem caído na lábia do Governador assim que precisarem do apoio dos companheiros da UEPB em suas próprias batalhas e a Universidade, como sempre fez, oferecer-lhes seu apoio incondicional.

quinta-feira, 15 de março de 2012

UEPB: Quarenta e seis anos, maturidade e crise

Por: Professora Marlene Alves (Reitora da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB)


Neste dia 15 de março de 2012, a Universidade Estadual da Paraíba completa 46 anos de sua fundação. A Lei Municipal nº 23, de Campina Grande, sancionada pelo então prefeito Williams Arruda, instituía um marco na vida da cidade, pela compreensão do momento vivido no país e a necessidade de criação de uma Instituição de Ensino Superior, nos moldes de tantas outras Universidades criadas no país.

A história desta Universidade está marcada, desde seu nascedouro até a atualidade, mais pelo conflito e pela luta do que pela calmaria. Ao mesmo tempo, sua trajetória de instabilidades tem se revelado pródiga em apresentar ciclos de crescimento e desenvolvimento que, de um modo ou de outro, sempre terminaram por fortalecê-la. A criação da FURNe nos anos 60 do século XX, na condição de herdeira da FUNDACT e, ao mesmo tempo, aglutinadora de cursos superiores e faculdades isoladas, revelava a visão dos idealizadores daquele tempo e a sua compreensão da importância de uma instituição de ensino superior fincada no interior do Nordeste, que buscava a instauração de um novo ciclo de desenvolvimento.

Até os anos 80, a despeito de tantas crises, a URNe se manteve firme em seu papel. O princípio da democratização interna em meados da década foi o primeiro passo de um longo caminho até a estadualização, em 1987. Se a criação da UEPB, incorporando ativo e passivo da antiga URNe, foi uma enorme conquista, essencialmente pela gratuidade do ensino, antigas mazelas não foram resolvidas e o Estado sempre tentou desobrigar-se de suas responsabilidades. Assim registra a história!

O reconhecimento pelo MEC, em 1996, foi um passo importante para sua afirmação como Universidade, mas não gerou grandes mudanças na cultura política da instituição, notadamente no que se refere ao seu financiamento, razão pela qual as crises continuaram a acompanhar a instituição até a metade da década seguinte.

O ano de 2005 é um verdadeiro marco na história da Universidade da Paraíba. Passa a viger a Lei 7.643, 06/08/2004, LEI DE AUTONOMIA FINACEIRA DA UEPB, sancionada e saudada como a esperança de soerguimento, consolidação e verdadeira refundação daquela Universidade que outrora foi sonhada como instrumento de conhecimento e desenvolvimento para o Nordeste brasileiro, sonho inscrito em seu nome, Universidade Regional do Nordeste, e no brasão que a representava: Luz para a Terra e Para os Homens.

A experiência advinda com o exercício da autonomia financeira, destacadamente entre os anos 2005 e 2009, trouxe para a UEPB uma fortuna acadêmica e científica incalculável, traduzida em investimento maciço nas pessoas, na infraestrutura, nas condições de trabalho, na possibilidade sonhada e agora posta em prática, de se edificar uma Universidade na acepção mais pura da palavra, capaz de produzir conhecimento, formar cidadãos capazes e comprometidos socialmente, preservar e difundir a cultura, além de um processo radical de enraizamento com a vida do povo, principalmente das camadas mais populares da sociedade.

Este povo, maioria numérica e socialmente minoritária, começou a compreender que poderia dispor de sua Universidade e que esta instituição nada tem a dever às grandes Universidades, no sentido de se tornar uma Universidade científica e, ao mesmo tempo, do povo e para o povo. O crescimento vertiginoso, a proliferação de projetos e programas, o fortalecimento do vínculo social, a consolidação e reconhecimento científico em várias áreas, o respeito acadêmico, a referência respeitosa e eficiente no uso dos recursos públicos começaram a fomentar nos espíritos mais céticos a esperança de que estávamos a caminhar para um futuro de potência e êxito, a partir da realidade própria, edificando cada pequena ação sobre as bases históricas, mas sem perder a contribuição da modernidade, sem descuidar do olhar para o presente e o horizonte futuro.

Reconhecidamente, o ano 2009 foi o ápice da UEPB, no exercício da sua Autonomia, em relação ao respeito e aplicação efetiva da Lei por parte do governo do estado. Depois de fevereiro daquele ano, resolvido breve impasse e conflito de interpretação da Lei, experimentamos o cumprimento rigoroso dos preceitos legais estabelecidos e a UEPB respondeu com crescimento e mais compromisso social. A partir de 2010 e 2011, vários revezes indicaram que estávamos a enfrentar um novo momento e que haveríamos de multiplicar nossa capacidade de superar desafios. Se por um lado um governo em seus últimos momentos aplica um duro golpe aos cofres da instituição, por outro lado, o governo que inicia se utiliza exatamente desta base e argumento para duplamente penalizar a instituição.

Em 2011, mesmo a despeito de todas as tentativas de diplomacia institucional, de diálogo franco, de interlocução administrativa e política, a instituição foi vitimada pela segunda vez. O ano de 2011 poderia ter sido o pior dos últimos sete anos, mas a vida nos provou que “nada poderia estar tão ruim que não pudesse piorar.” Pois bem! Estamos a enfrentar turbulências que nos indicam a entrada em mais um ciclo de crise e, como sempre nas marchas e contramarchas da história, com prejuízo enorme à construção de um modelo ousado de universidade autônoma e, por consequência, também, de uma sociedade onde as relações de poder, não prescindindo de se entranharem no tecido social da instituição, poderiam ser estabelecidas democraticamente com a sua libertação, sua livre busca do saber, da ciência, da contribuição à sociedade, sendo por esta referendada, porém, sem a tutela do Estado. Mais sério ainda, sem a tutela de um governo. Esta experiência nós já conhecemos.

A novidade é que, mesmo experimentados nas lutas em defesa da instituição, a forma e o conteúdo das últimas investidas governamentais sobre esta Universidade de quase meio século e que vinha em curva ascendente de crescimento e consolidação, o golpe atual tem causado danos que, se não irreparáveis, mas que trarão consequências por muitos anos.

Hoje, o grande entrave à manutenção de um bom ritmo de crescimento e desenvolvimento, acontece por conta de um debate relativamente permanente, mas que tomou contornos dramáticos recentemente: qual o tamanho de uma Universidade que o Estado da Paraíba suporta? Quais devem ser os contornos geográficos desta instituição mantida com os recursos de todo o povo paraibano? Até onde ela deve ir e até onde ela pode chegar?

Coincidem, hoje, maturidade e crise. Infelizmente, não se coadunam do ponto de vista de funcionar a crise como momento de tensão que leva a sínteses dialéticas. Fosse uma crise provocada por fatores reais, externos ao controle da vontade dos que comandam a política seria compreensível. O que vivenciamos hoje é uma crise de compreensão de um modelo. Uma crise gestada de dentro da estrutura do Estado, mais precisamente do Governo, para a Universidade do seu Estado. Um paradoxo: A crise é de um modelo de autonomia e ação política-administrativa que vem dando certo, obtendo êxitos fenomenais, contra uma vontade de emperrar, tutelar, censurar, controlar efetivamente os passos e as ações livres de uma comunidade de pensantes, cientistas e intelectuais que buscam construir um destino social, em atendimento ao desiderato institucional da UEPB, em detrimento do escopo do que querem os que apenas temporariamente governam.

Outras questões que devem estar necessariamente agregadas a esta: qual a importância estratégica de uma Universidade Estadual em um Estado periférico? Quais as ligações entre formação de nível superior e qualidade de vida, desenvolvimento social, geração de riqueza, cidadania? Como superar o atraso histórico em nossa Paraíba sem uma política pública de expansão de vagas no ensino superior, sem o comprometimento de sua instituição com o desenvolvimento do Estado e a serviço do seu povo? Quais referências e consequências danosas poderão ser encontradas no futuro se o investimento em educação for visto sempre, sob a ótica dos governantes, como despesa?

De uma coisa estejamos cientes: todo governante, representante, educadores/as, trabalhadores/as, cidadãos e cidadãs, precisam desenvolver a capacidade de compreender a importância disto que se chama Universidade, sua autonomia e seu papel indispensável a quaisquer projetos de desenvolvimento social. Esta compreensão é indispensável para que se crie uma conduta cotidiana pautada em um projeto estratégico. Formular intenções sobre o futuro, indicar desejos, anunciar vontades... só terão sentido se vierem agregados a uma boa prática, assentados sobre planos exequíveis e a clareza de compreensão sobre o papel de uma instituição como a Universidade Estadual da Paraíba.

A UEPB é de todo o povo paraibano, maior que sua comunidade, maior que seus dirigentes, maior que seus governantes. Viva a UEPB!!!


Em memória do líder camponês João Pedro Teixeira


Preocupada em preservar a memória da história da Paraíba, e em profundo respeito à luta popular, a Universidade Estadual da Paraíba é uma das instituições que participarão, no próximo dia 2 de abril, do evento em homenagem ao líder camponês João Pedro Teixeira, a ser realizado na região de Sapé-Mari. No dia em que se completarão 50 anos de sua morte - vítima do latifúndio - diversas caravanas de professores, servidores e alunos de vários câmpus da Universidade se encontrarão com outras caravanas e convidados para um dia inteiro dedicado à memória da luta dos camponeses por Reforma Agrária, através do movimento das Ligas Camponesas na Paraíba.

Localizada no Sítio Barra de Antas, a casa onde viveu João Pedro Teixeira será transformada em um Memorial onde será implantado um Centro de Formação para jovens e adultos, agricultores da região. Fundador da primeira Liga Camponesa na Paraíba, Teixeira é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste, sua vida dedicada à defesa dos agricultores despertou a fúria de grandes latifundiários que culminou no seu assassinato no município de Sapé, localizado na mesorregião da mata paraibana.

O encontro da história de João Pedro Teixeira com a UEPB não é de agora. A viúva do camponês, Elizabeth Teixeira, que o substituiu liderando a Liga Camponesa de Sapé após a sua morte, recebeu a primeira Medalha do Mérito Universitário concedida pela Universidade Estadual da Paraíba, através dos conselhos superiores, honraria máxima da UEPB, devido a sua determinação à frente dos camponeses na luta pela Reforma Agrária.

Segundo o Professor José Benjamim, é preciso reverenciar a luta camponesa por terra no contexto da luta popular por emancipação social. “Tudo isso é muito importante para a nossa história. Por isto, além do apoio à mobilização do dia 2 de abril, a Universidade está reeditando o livro ‘Eu Marcharei na tua Luta’, que conta a história de Elizabeth Teixeira, sua vida com João Pedro Teixeira e, consequentemente, parte da história das Ligas Camponesas aqui na Paraíba”, explicou o professor se referindo a obra organizada pelas professoras Lourdes Bandeira, Neide Miele e Rosa Godoy, que será reeditada pela editora da UEPB.

Um pouco sobre João Pedro Teixeira

O início dos anos 60 não foi nada pacífico para o movimento camponês na Paraíba. Por essa época, os latifundiários intensificaram suas ações armadas levados pelo sucesso alcançado pelas Ligas Camponesas, interpretadas como uma grave ameaça aos interesses dos proprietários de terras. Eram comuns os confrontos entre trabalhadores e capangas contratados. O clima de violência grassava como nunca nas propriedades rurais onde famílias inteiras eram mantidas em regime semifeudal.

O aumento do foro (valor pelo arrendamento da terra), o fim do “cambão” (o equivalente da “corveia” medieval) e também das ameaças de morte e dos castigos corporais foram algumas das principais reivindicações dos camponeses por meio das Associações de Trabalhadores, que a imprensa da época transformaria nas lendárias Ligas Camponesas. Foi nesse vendaval de acontecimentos que, em Sapé, passaria a atuar um homem destemido, de senso prático e solidário. João Pedro Teixeira nascera em 4 de março de 1918, no distrito de Pilõezinhos, à época pertencente ao município de Guarabira (distante 90 km da capital do Estado).

Sua condição social já o predestinava a ser o condutor de pobres lavradores explorados pelos “barões da roça”. Filho de pai do mesmo nome e de dona Maria Francisca da Conceição, o menino logo veria a mão do latifúndio cair sobre a família dele. João Pedro Teixeira (o pai) vinha resistindo às investidas de um proprietário de terras que tencionava se apropriar de tudo ao redor, inclusive da gleba de João Pedro. A situação se agravara quando, num forró, dois filhos desse mesmo latifundiário, acompanhados de capangas, partiram para agredir o pequeno produtor.

Para se defender, João Pedro pai matou seus agressores. Fugiu e nunca mais apareceu. Dona Francisca deixou o local onde morava e foi residir em Guarabira, mas João Pedro filho ficou com os avós. Com a morte do avô, um tio por parte de pai o levou para ser criado em Massangana (Cruz do Espírito Santo). Ali começava a sua labuta diária com jornadas que lhe tomavam praticamente o dia todo. Quando alcançou a maioridade, foi trabalhar numa pedreira próxima a Café do Vento, localidade pela qual passam os viajantes na direção de Campina Grande ou de Sapé. Ali conheceu a jovem Elizabeth Teixeira, com quem se casou em 26 de julho de 1942.

Entre o final dos anos 50 e início dos anos 60 encontra-se um ativo militante das causas camponesas na pessoa de um homem que jamais se curvava ao poder do latifundiário. Por essa época, João Pedro já sentia o hálito da morte penetrar em suas narinas. No dia 2 de abril de 1962, o líder camponês viajou à capital para supostamente tratar de uma ação de despejo. Em João Pessoa, foi comunicado de que o encontro havia sido adiado e só iria ocorrer à tarde. Na verdade, tudo era uma trama urdida pelos latifundiários Antônio Vítor, Aguinaldo Veloso Borges e Pedro Ramos Coutinho.

Os três haviam planejado, em minúcias, a morte de João Pedro. A acusação viria do cabo Chiquinho, que perpetrara o assassinato com a colaboração de mais dois criminosos. João Pedro partiu da capital no último ônibus. Descera em Café do Vento e deu início àquela que seria a sua última caminhada. Depois disso, três tiros disparados de algum matagal próximo tiraram a vida de um homem que tinha um único sonho: tornar o campo um lugar de paz e harmonia.

Confira a programação do evento:

CINQUENTENÁRIO DO ASSASSINATO DE JOÃO PEDRO TEIXEIRA:
DATA: 2 de abril de 2012

9h: Concentração no cemitério de Sapé (onde está enterrado o líder camponês) e caminhada até a praça João Pessoa

9h30 – 11h30: Ato público na Praça João Pessoa

13h30: Carreata para Barra de Antas

14h: Inauguração do Memorial das Ligas Camponesas

segunda-feira, 12 de março de 2012

NUTES da UEPB se destaca pelo pioneirismo na área de tecnologia em saúde




Na era moderna, em que os produtos usados na medicina são fabricados com recursos cada vez mais eficientes, a tecnologia e a saúde não podem caminhar separadas. Embora estejam inseridas em campos diferentes, as duas áreas têm pontos em comum e, quando unidas em um mesmo espaço, podem promover mudanças revolucionárias na fabricação e na qualidade dos equipamentos  disponibilizados a sociedade.  

A Universidade Estadual da Paraíba entendeu essa dinâmica. Prova disso é que o primeiro laboratório de certificação de softwares de saúde do país é da Instituição: o Núcleo de Tecnologia Estratégicas em Saúde (NUTES), que está prestes a ser inaugurado. O laboratório, que está instalado no Campus I da UEPB, em Campina Grande, foi destaque em reportagem veiculada na edição de fevereiro da Revista Nordeste. Com título “Pioneirismo Tecnológico”, a reportagem de três páginas apresenta o Laboratório como um dos grandes projetos na área tecnológica desenvolvida pela UEPB. Quando estiver em funcionamento, trará inúmeros benefícios para os profissionais que atuam com biomedicina.

O texto dimensiona a importância do NUTES e cita dados de um portal de ciência e tecnologia francês, que coloca o Centro de Inovação Tecnológica do Nordeste entre os 10 mais reconhecidos no mundo. É nesse contexto, ligando a tecnologia à área de saúde, que o NUTES nasceu como importante projeto de alcance nacional.  

Reconhecendo o potencial da Universidade Estadual da Paraíba, a reportagem enfatiza que o projeto para a realização da “Avaliação de Conformidade”, também conhecido como “Certificação”, levará tecnologia para o mundo e atestará a qualidade dos produtos com softwares. Com o NUTES da UEPB, o Brasil passará a contar com um moderno centro de especialização em engenharia biomédica, com atividades nas áreas de Engenharia Clínica, validação de certificação de software embarcado em equipamentos médicos, design e manipulação de imagens médicas.  Isso, porque, indiscutivelmente, a confiabilidade dos softwares é tão importante quanto à do produto em si.

Segundo o professor Misael Morais, responsável pelo projeto, “o software é um importante elemento na fabricação ou funcionamento de um equipamento médico - o cérebro do aparelho - e deve contar com um programa para a garantia da qualidade do mesmo”. Para ele, a certificação dos softwares utilizados nos produtos médicos obriga os fabricantes a melhorarem continuamente a qualidade dos serviços.

Vice-reitor da Universidade Estadual da Paraíba e ligado ao Centro de Ciência e Tenologia (CCT), o professor Aldo Bezerra Maciel ressaltou que a publicação da Revista Nordeste ratifica a dimensão do projeto e seu valor para o mundo cientifico. O NUTES, conforme explicou o vice-reitor, é um projeto eminentemente da UEPB que funcionará numa pareceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Ministério da Saúde. 

“Ele vai ser um laboratório de certificação. Funcionará como laboratório referenciado para certificar os equipamentos desenvolvidos por laboratórios particulares”, explicou Aldo. O projeto, segundo ele, consiste na estruturação de um centro de especialização em engenharia biomédica, apto a executar atividades nas áreas de Engenharia Clínica. “É um projeto da maior importância nesta área, que é estratégica em tecnologia em saúde”, salientou. De acordo com o professor, o projeto tem a capacidade de integrar o pessoal do Departamento de Computação – área de tecnologia – com o pessoal do Departamento de Biologia e Farmácia – área de saúde.  

Com o NUTES fica estabelecida a capacidade laboratorial para a análise da qualidade de software embarcado em sistemas médicos e para análise da qualidade de tecnologias de produtos para a saúde, com participação efetiva de docentes e discentes de áreas multidisciplinares, principalmente da Engenharia da Computação e Saúde. O Núcleo funcionará em um amplo prédio que está sendo construído no Campus I da Instituição. As obras estão em ritmo adiantado e a previsão é de que ele seja inaugurando já no primeiro semestre deste ano, dando início, assim, às pesquisas.  

Com uma área física de 1.000 m², o NUTES englobará laboratório de engenharia biomédica, laboratório de eletrônica, laboratório para desenvolvimento e validação de software, laboratório para prototipagem rápida de produtos e laboratório para manipulação de imagens. O projeto prevê, ainda, uma Cooperação Técnica com o Institute of Experimentelles Software Engineering – IESE, que é uma unidade do Instituto Fraunhofer da Alemanha.

Aldo lembrou que, hoje, o governo federal tem muita despesa com saúde. Por isso, precisa investir em pesquisas e desenvolver tecnologias que contribuam para melhorar a qualidade dos produtos que têm softwares embarcados e baratear o preço no mercado.  

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ex-secretário critica Governo RC por ferir autonomia da UEPB

Fonte: www.opipoco.com.br


O professor Fernando Abath Cananéa, ex-secretário de Educação do Estado, criticou a iniciativa do Governo Ricardo Coutinho de ferir o princípio da Autonomia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que vem provocando uma crise interna na Instituição.

Abath fez essa declaração ao comentar notícia tratando de uma decisão do diretor do Centro de Humanidades, do Campus de Guarabira, Belarmino Mariano Neto, de se desfiliar do PSB, em protesto contra o que considerou uma arbitrariedade do Governo do Estado em relação à Universidade.

Disse Abath: “A autonomia de uma universidade é fator preponderante e o maior de seus valores, pois sem autonomia técnica, científica, administrativa e financeira, essa instituição de ensino não poderá produzir conhecimento livre”.

Adiante o ex-secretário, mestre em Educação, complementa: “É inadmissível e inaceitável o que está se fazendo com a UEPB. Minha solidariedade aos docentes, técnico-administrativos e discentes dessa conceituada universidade paraibana”.

No início do Governo RC, quando foi nomeado secretário de Educação, Abath era considerado um dos melhores quadros da gestão que se iniciava. Porém, um mês e meio depois, Abath deixou o Governo, alegando problemas de saúde, em meio aos caos que se instalou após demissão de milhares de servidores.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Administração Central da UEPB rebate acusações de golpe contra a Associação dos Docentes


O pró-reitor de Planejamento da Universidade Estadual da Paraíba, professor Rangel Júnior, em nome da Administração Central da Instituição, rebateu, nesta quinta-feira (8), as declarações do presidente da Associação dos Docentes da UEPB (ADUEPB), Cristóvão Andrade, dando conta de que a equipe de auxiliares da Reitoria estaria tentando dar um golpe na entidade sindical.

Segundo o professor, estava prevista para a assembleia dos docentes, realizada na última sexta-feira (3), uma pauta de trabalho a ser votada, mas, ao perder a proposta, o presidente da ADUEPB começou a criar dificuldades para o encaminhamento dos pontos de pauta. Ainda de acordo com Rangel Júnior, não houve participação de representantes da Administração Central no tumulto generalizado que tomou conta da assembleia.

“Vários professores, identificados com a tese que ele apresentou, se posicionaram a frente da mesa da assembleia e fizeram um grande tumulto, pedindo que as propostas não fossem votadas uma contra a outra. Nenhum desses professores era pró-reitor da UEPB. O tumulto foi criado pela mesa e pelas pessoas que se identificaram com sua proposta. Eram apenas 24 pessoas contra 51”, frisou Rangel Júnior, acrescentando que o que incomodou o presidente sindical foi o fato de haver dois terços favoráveis a uma tese e menos de um terço contra.

Para ele, a ADUEPB está sendo muito mal assessorada tecnicamente no que tange as questões orçamentárias - apesar de todos os números estarem à disposição - haja vista as demonstrações de completo desconhecimento da realidade da Universidade, por parte de seu presidente, quando o mesmo vai à imprensa dizer que não há problemas, que a Reitoria tem muito dinheiro e que não dá reajuste por que não quer.

“É simples: nós tínhamos um orçamento previsto de R$ 285 milhões e o Governo decidiu que iria repassar apenas R$ 218 milhões em doze duodécimos fixos. Isso contraria a Lei de Autonomia, fere os princípios das leis que regem os recursos financeiros da UEPB”, enfatizou o professor.

Rangel Júnior acrescentou que apresentou uma proposta tratando da crise da Universidade, assim como Cristóvão Andrade uma outra. No entanto, o presidente da ADUEPB se recusou a colocá-la em votação. “Ao invés de colocar em votação, ficou agindo para que isso não acontecesse”, destacou o pró-reitor de Planejamento. 

Na avaliação da Administração Central da UEPB, todos são livres para se manifestar, protestar, fazer greve, trabalhar, reivindicar e participar de suas instâncias de base. “Um docente é chamado para ocupar um cargo de gestor porque é professor e não o inverso. Portanto, sua condição primária é esta: a de professor. A reitora já tem trabalho demais para se ocupar da base sindical e suas divergências. Porém, ao mesmo tempo, deixa claro que respeita e espera reciprocidade dos que ocupam funções de direção ou liderança”, concluiu Rangel Júnior.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mulher hoje: reflexão, celebração e luta

Por Eli Brandão (Pró-reitor de Graduação da UEPB)


O dia 8 de março é celebrado como o Dia Internacional da Mulher. Celebra-se porque foi uma conquista não de um dia, mas da história de tantas mulheres que protagonizaram mudanças significativas na sociedade, assim como tantas outras que, de forma silenciosa, tiveram papéis fundamentais na formação de nosso mundo. 

Em certo sentido, porém, seria bom não precisar de um dia assim. Seria muito bom se já vivêssemos numa sociedade de direitos assegurados a todos. Seria muito melhor se não precisássemos conviver com uma cultura de violência, muitas vezes, de brutalidade da herança patriarcal. 

O ideal seria constatar que a luta das mulheres por igualdade de oportunidades e respeito pelos seus direitos tivesse sido plenamente vitoriosa. Infelizmente, ainda estamos longe disso. Há muito a conquistar e o caminho é longo o suficiente para que homens e mulheres continuem a lutar intensamente por uma vida mais digna e uma sociedade mais cidadã.

No âmbito social, os ganhos ainda são frágeis e a dívida é enorme, particularmente, em relação às mulheres, pois muitas ainda são objetos de discriminação no acesso ao mercado de trabalho, ganham salários inferiores aos dos homens, além da dupla ou tripla jornada de trabalho, e o poder econômico continua a ser predominantemente masculino. 

Quanto ao poder político, as mulheres vêm conquistando lugares de destaque, no lar e no trabalho, em cargos públicos, como é o caso da presidência do Brasil e do que se afigura como possibilidades de candidaturas nestas próximas eleições, mas nada comparável ao número de homens em postos políticos. 

É imperioso que as mulheres tomem consciência do seu lugar na sociedade e empreendam sua luta para conquistarem seu lugar de dignidade no desempenho da atividade profissional. É muito preocupante o aumento da violência contra as mulheres e crianças. Todos os dias os noticiários estão dramaticamente repletos de casos reais, como se não pudéssemos sair deste modelo de extrema dominação, que resulta em morte e desolação. É imperioso que toda a nossa sociedade deve sinta-se indignada por essas tragédias e empreenda ações de mobilização e luta para romper o círculo dessa tormenta.

Bom é saber que em muitos lugares, como é o caso das universidades, e muito particularmente da UEPB, um mundo novo se constrói no cotidiano, mundo que pressupõe como natural que homens e mulheres partilhem, de forma digna e equânime, direitos e responsabilidades, um compromisso por construir uma sociedade cada vez melhor, menos violenta e injusta, mais fraterna e cidadã.

Meu desejo é que todas as mulheres, neste simbólico dia de reflexão, celebração e luta, renovem suas forças e busquem uma vida mais feliz.

Minha homenagem poética a todas as mulheres!

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
[...]
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

(Adélia Prado)

Autonomia da UEPB em debate no Congresso Nacional



Em discurso no Congresso Nacional, na última terça-feira (6), o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) lamentou o tratamento que a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) vem recebendo do governo do Estado da Paraíba. A forma como o chefe do Executivo Estadual tem tratado a UEPB, rasgando, inclusive, a Autonomia da Instituição, tem provocado, segundo Vital, indignação a toda a sociedade da Paraíba e feito milhares de vozes se levantar contra a medida. 


Ele ressaltou de forma veemente que a Universidade perdeu recursos por força de uma decisão unilateral e arbitrária do Governo do Estado. De acordo com o parlamentar, no último dia 31 de janeiro foi publicado, no Diário Oficial do Estado, o cronograma mensal de desembolso do estado. Vital do Rêgo informou que o valor designado para a UEPB veio bem abaixo do esperado. Para ele, a sociedade paraibana, especialmente os professores, funcionários e alunos, precisam se manter mobilizados para que as graves ameaças que pairam sobre a Universidade sejam definitivamente afastadas. 


O parlamentar observou, com base em informações da reitora Marlene Alves, que a instituição tem direito a 5,77% da receita estadual – o que corresponderia a R$ 27 milhões mensais e não aos R$ 18,7 milhões, conforme publicado. Por mês, conforme contou Vital, a UEPB está perdendo R$ 9 milhões de seu orçamento, o que comprometerá o seu funcionamento e os investimentos em programas de pesquisa e extensão. 


Para Vital, se for quebrada a Lei da Autonomia da UEPB será aberto o caminho para alguns espertalhões que, marotamente, já começam a se aproveitar da situação para propor a privatização ou a federalização da instituição, o que é inaceitável. “Desde então, o que temos observado são inúmeras vozes lideradas pela valente Marlene Alves que se levantam contra a medida”, observou. 


Vital afirmou que tem plena consciência do que representa a UEPB para o Nordeste. O senador declarou que a UEPB é um patrimônio do povo paraibano, com oito campi, que oferecem 46 cursos de graduação para 20 mil alunos, além de 13 cursos de mestrado e 3 doutorados. Vital do Rêgo destacou a importância da educação e destacou que, em países como os Estados Unidos e Coréia do Sul, por exemplo, há muito mais jovens matriculados em cursos universitários do que no Brasil. “Não posso assistir, passivamente, a uma manobra que coloca em risco a Autonomia Financeira da UEPB”, afirmou. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre silêncios provocados pela ADUEPB

Por Joelson Pimentel (professor da UEPB) 



Com a fuga desesperada e injustificada da Assembleia, na última sexta-feira, 2 de março, espero que a diretoria da ADUEPB reconheça suas limitações e a derrota que provocou para si mesma. Com isto, agora me sentirei segura para preencher minha ficha de filiação e voltar à condição de servidora sindicalizada. Por que não o fiz antes? Alguns momentos se mostram emblemáticos para que não o fizesse, dentre os quais destaco os seguintes.  


Em dezembro de 2007 recebemos no campus VI a visita desse sindicato. Como naquele momento eu e os demais colegas (todos, diga-se de passagem) discordávamos do pleito do sindicato que queria que não aceitássemos o PCCR tal como proposto pela Reitoria, não fomos ouvidos. Já com a ficha preenchida em mãos, preferi atirá-la ao lixo, pois pela primeira vez vi uma instância sindical chegar com as propostas prontas e determinadas, negando o direito à voz e ao planejamento à classe que representa.


Foi naquele momento que percebi a fragilidade de uma instância que deveria nos representar, lutando contra a própria categoria – pelo menos naquele campus estávamos todos convencidos disto, o que permanecemos convictos até hoje. Assim, companheiros, nesse momento eu não pude falar porque era novo na Universidade, pretexto da ADUEPB para que não nos dessem ouvidos.  Este ano, estamos em meio a uma luta pela manutenção da Lei de Autonomia da UEPB. Isto estava claro para todos que compareceram à Assembleia da ADUEPB na sexta-feira. 


Ouvi de uma professora “não aguento mais escutar essa palavra, autonomia” – até manifestações dessa natureza são aceitas em um evento assim. Óbvio que não teríamos uma unanimidade. Mas, igualmente improvável deveria ser um sindicato lutar mais uma vez por uma causa que não seja da categoria – estou aqui entendendo que a Autonomia Financeira da Universidade seja também uma causa da categoria, ou pelo menos de sua maioria. Mais uma vez me decepcionei. 


Em mais uma oportunidade queriam me negar o direito de falar, com o argumento de que não sou sindicalizado, o que é forte para mim, pois desde meus tempos de metalurgia que me sinto com a obrigação e direito de ser filiado a um sindicato.  Como se esse argumento não bastasse, vários foram os manifestantes presentes que declararam ou insinuaram que eu, como diretor de centro, assim como os demais gestores presentes, não tínhamos legitimidade para estar naquela assembleia. 


Ora, acaso deixamos de ser professores, de ter interesse pelo bem da Universidade? Passamos a desprezar o nosso desenvolvimento profissional? Não queremos mais pensar em nossa progressão ou em melhoria em nossas condições de trabalho e em nossos salários? A mesa diretora dos trabalhos em nenhum momento se pronunciou contrário a esse tipo de ataque, mostrou-se condescendente, chegando a publicar em seu site excertos que corroboram isto.  Sobre essa matéria gostaria de acrescentar que sou diretor de centro porque fui eleito segundo as normas estabelecidas em nossa Universidade, de forma democrática. 


A mim não foram prometidos ou concedidos quaisquer favorecimentos pessoais na Universidade ou fora dela, nem eu os aceitaria. Também por esse motivo permaneço convicto na luta por uma instância sindical dessa Universidade livre de interferências do governo ou de quaisquer outros grupos que tenham interesses que não sejam os nossos, negociados de maneira legítima, convergindo para o bem e desenvolvimento da UEPB e da Paraíba. 


Sindicato é para lutar pela categoria, não pelo governo ou outras instâncias administrativas. Que a nova diretoria não caia nesse mesmo erro. Seja na luta pela Autonomia ou em quaisquer outros momentos, que ouça a sua categoria e a represente de fato, falando em seu nome segundo a demanda por ela estabelecida. Falando especificamente desse momento, é de todos em luta pelo cumprimento da Lei de Autonomia, da gestão da Universidade, da ADUEPB, do povo paraibano, da academia brasileira, logo há muita convergência entre os interesses de todas essas esferas. Mas o sindicato, caros companheiros, deve falar em nome de toda a categoria de docentes, ouvindo-a, não sucumbindo a ofertas que extingam nossa capacidade de luta e minem as conquistas da Universidade.