segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A relevância do Occupy Wall Street


Por José Eduardo Mendonça, do portal Planeta Sustentável

O movimento Occupy Wall Street (OWS), agora em sua quarta semana, tem ocupado muito espaço na mídia e se espalha para diversas cidades americanas e outros países. As opiniões estão divididas. Os conservadores, claro, dizem que os manifestantes são “uma turba”- uma notável exceção é o pré candidato republicano à presidência, Buddy Roemer. Ele afirmou que “os políticos têm de ouvir estes jovens. Eles podem mudar a América”. Enquanto isto, progressistas acham que o movimento é uma reação justificável, senão inevitável, à desigualdade social que resulta em um sistema dedicado a favorecer os ultra-ricos.

Em seu movimento de fundação, a Declaracão da Ocupacão da Cidade de Nova York, os manifestantes do OWS dizem, entre outras coisas, que se opõem à monetização do processo político americano, onde o dinheiro fala, o que resulta em políticas de consequências terríveis, exceto para o 1% da população que compreende os mais ricos, diz o altenergystocks.

A desigualdade social nos Estados Unidos já provocou ondas de protesto em diversas fases da história recente do país, mas ela, agora, é a maior de toda a história. O economista Joseph E. Stiglitz, que ganhou um prêmio Nobel, escreveu em maio um artigo da maior importância para a revista Vanity Fair, chamado “Dos 1%, pelos 1%, para os 1%”, em que diz:

“Um por cento dos americanos estão agora com quase um quarto da renda americana. Em termos de riqueza, não de renda, este 1% controla 40%. A situação deles na vida melhorou muito. Vinte e cinco anos atrás, os números correspondentes eram 12% e 33%. Uma resposta seria celebrar o engenho e o vigor que trouxe a  boa fortuna a estas pessoas, e argumentar que uma maré alta leva consigo todos os barcos. Mas esta resposta seria enganosa. Enquanto o 1% viu sua renda aumentar 18% na última década, aqueles abaixo viram suas rendas na verdade caírem. Para homens apenas com o segundo grau de educação, o declínio foi de 12% apenas nos últimos vinte e cinco anos. Todo o crescimento em décadas recentes foi para aqueles no topo. Em termos de desigualdade social, os EUA ficam atrás de qualquer país na velha e ossificada Europa, que o presidente George W. Bush gostava de desqualificar. Enquanto muitos dos velhos centros de desigualdade na América Latina, tais como o Brasil, têm lutado em anos recentes com muito sucesso para melhorar a vida dos pobres e reduzir desigualdades de renda, os EUA permitiram que esta desigualdade crescesse”.

Em sua declaração, os manifestantes do Occupy Wall Street afirmam que os “ricos determinam a política econômica, apesar dos fracassos catastróficos que ela produziu e continua a produzir”. E que as corporações “doam enormes somas de dinheiro para os políticos que deveriam ter o papel de controlá-las”.

O presidente Franklin Roosevelt lutou contra as desigualdades da chamada Era Dourada da economia americana, que levou à Grande Depressão,  e disse, nos anos 1930: “Tivemos de lutar contra os velhos inimigos da paz: os negócios e o monopólio financeiro, a negligência dos bancos, a especulação, o antagonismo de classes… Eles começaram a considerar o governo dos Estados Unidos como um mero apêndice de seus próprios negócios. Nós sabemos que o governo pelo dinheiro organizado é tão perigoso quanto o governo por quadrilhas organizadas”.

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