terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mar de Tinta

Conheça o design de Tom Veiga, que tira das ondas e praias a inspiração para sua arte

Luiz Filipi Tavares, da Revista Trip


Casado, 30 anos, um filho de um ano e meio com mais uma menina a caminho, a biografia do curitibano Tom Veiga se confunde com a de tantos outros artistas de sua faixa de idade. Trabalhando como diretor de arte em uma agência de publicidade do Paraná ele encontrou o equilíbrio exato que precisava para desenvolver sua arte, ou melhor, surfarte. Inspirado pelas mais famosas ondas e praias do mundo, o designer/publicitário encarna o seu lado mais artista plástico sempre que pode e explora com cores vivas o universo do surf mundial nos mais variados meios possíveis.
Trabalhando com design desde os 19 anos, Tom demorou algum tempo para explorar os mares da cultura surf. Anos mais tarde, aos 23, já comprava todas as revistas sobre o esporte que encontrava. Ali começou a absorver referências para seus trabalhos do dia a dia e acabou encantado com o estilo de vida, indo atrás de campeonatos, vídeos, viagens e estudos para enfim encontrar exatamente o que queria para sua arte: a expressão simples do sentimento trazido pelas ondas ao amante do bom surf. Assim nasceu a Série Waves, que ocupa a maior parte do trabalho artístico do designer e que já está virando referência por aqui quando o assunto é arte do surf.

"Minha arte procura refletir ao máximo as características únicas de cada onda usando o mínimo de traços possíveis, trabalhando com muita cor, movimento e contraste. A maioria dos artistas representam ondas de uma forma mais natural e real. Com o meu traço, eu faço uma releitura de cada onda. Procuro fazer as pessoas refletirem sobre cada onda, mostrando que o mar é um só mas que cada onda tem sua particularidade e personalidade. O meu processo criativo é bem amplo, sempre ando com lápis e papel na mão porque não sei quando vou ter um momento de inspiração. A inspiração pode vir através de uma viagem com a família para a praia, através de uma revista, DVD ou site relacionado ao surf, as vezes até um campeonato... muitas coisas podem dar o inicio a um desenho.""Em 2003 descobri que alguns artistas que tinham suas obras inspiradas no mar e isso me impactou muito", ele contou em entrevista exclusiva à Trip. "Não sabia que existiam pessoas que expressavam ondas com sua arte. Foi quando pensei em desenvolver uma forma de também expressar a minha visão das ondas, depois de anos de estudo, rabiscos, testes com vários tipos de tintas e materiais. Finalmente o design chegou a um resultado final que me agradasse e consegui, através dessas duas paixões - ondas e design - criar um estilo próprio e uma linguagem bem particular para minha arte, que hoje já se tornou uma espécie de assinatura do meu trabalho."

Apesar do amor incondicional pelo esporte e pelos grandes palcos do surf ao redor do mundo, Tom confessa entre dentes que não surfa. Um problema de joelho, fruto de um momento não muito feliz em uma partida amistosa de futebol, acabou tirando Tom da carreira de surfista anos antes do interesse no esporte emergir. Na pintura, pelo menos, podemos dizer que ele sabe tudo de surf, mesmo sem encarar o mar sobre uma prancha. 
"Por incrível que pareça eu não surfo", ri o designer. "Mas a arte faz eu me aproximar das sensações da cultura surf. Não surfo porque tive uma contusão no joelho quando jogava futebol e isso me impede hoje de fazer alguns movimentos que nos surf são básicos. Mas isso não me impede se ser envolvido por esse esporte. Vou a campeonatos, faço coleção de revistas, DVDs de surf, acompanho pela internet, viajo em busca de inspiração e estou sempre bem ligado à essa cultura. Meu estilo é a união do design com as ondas, então traços rápidos, curvas leves, cores e contrastes identificam meu estilo."
Para os próximos meses, Tom Veiga promete criar novas artes para estampar suas almofadas, cangas, tênis, bolsas, e uma série novas para exposição de pranchas que deve entrar em circuito ainda no segundo semestre deste ano. Os novos trabalhos chegam se somam às dezenas de produtos já desenhados pelo designer. E é essa variação de meios que também enche os olhos na sua arte. Independentemente do formato, Tom se dedica da mesma forma e sempre consegue adaptar seu estilo para o objeto em questão.
"Eu gosto de criar para exposições e para produtos. O processo é muito bom, ele relaxa e me faz ficar próximo do mar, já que não tenho acesso a ele todos os dias aqui em Curitiba. Mas como aqui no Brasil as pessoas ainda não consomem muito a arte como lá fora, então é preciso mesclar quadros e produtos. Aqui as pessoas compram produtos com a arte, um shape, um skate, mas não compram um quadro. Mas ver meu trabalho em uma galeria de arte ou em um shape de skate me dá a mesma sensação de realização."

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