terça-feira, 7 de junho de 2011

O dia em que troquei a Sétima Arte pelo Maior Espetáculo da Terra

Por Giuliana Rodrigues, da ASCOM/UEPB


    A noite daquele sábado prometia mais do que um DVD em casa, uma pizza em família, um barzinho com os amigos ou uma romântica sessão de cinema. Como uma menina de oito anos, bati o pé e insisti: queria mesmo ir ao CIRCO! E não era nenhum “Cirque du Soleil”, não. Era apenas um circo bonitinho e interessante que visitava a cidade, como as atrações nômades costumam ser.
    O único problema era convencer o marido a me acompanhar ao revival infantil, sem ao menos usar o pretexto de levar um sobrinho ou qualquer outra criança, cuja presença amenizasse a vergonha de dois adultos sentarem embaraçosamente no “poleiro” e se deixar admirar com trapézios e malabares, além de morrer de rir, como dois idiotas, ao ver as peripécias dos palhaços.
    Embora tentadores, os filmes em cartaz no cinema poderiam ser vistos outro dia, ou emprestados numa locadora em breve. Aquela noite, definitivamente, seria do circo! Com o obstáculo vencido (pelo cansaço), entradas compradas e nós dois devidamente instalados sob a enorme tenda colorida, teve início a atração.
Luzes, música, apresentador... crianças gritando, entusiasmadas, por todos os lados. Mágicos, dançarinas, palhaços, homem voador, cavalo adestrado, motoqueiros no Globo da Morte. E eu nem lembrava a última vez que tinha ido a um circo!
    Aquilo tudo se desdobrando na minha frente e eu só tentando imaginar como era o dia a dia daqueles artistas: o que comiam, onde dormiam, o que vestiam quando não usavam as fantasias brilhantes? Seria a contorcionista namorada do trapezista? Como era viver na estrada, mudando de cidade a cada novo espetáculo? E o menininho de 10 anos que se apresentava como equilibrista ao lado do pai, de que forma estudava, quando não trabalhava? Seriam essas pessoas verdadeiramente felizes, àquela maneira itinerante de viver?
    Com um ingresso que custou bem menos que uma entrada de cinema, ganhei muito mais: paguei não somente as fantásticas atrações, mas também a deliciosa fantasia de voltar à infância e me deixar levar pela cultura de um espetáculo tão antigo e tão atual.
    No entanto, impagável mesmo foi perceber que, ao meu lado, o inicialmente relutante e mal humorado marido há muito já baixara guarda... agora, como eu, ele gargalhava e batia palmas. Como uma criança qualquer.

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