No início do século passado, o renomado sociólogo alemão Max Weber observou que somente por acaso se poderia encontrar em um mesmo homem as vocações de cientista e professor. Apenas em situações fortuitas teríamos a felicidade de entrarmos em uma sala de aula e depararmos com o acadêmico igualmente "vocacionado" para o ensino e para a pesquisa.
O dilema weberiano ainda angustia aspirantes e mestres de diversas áreas do conhecimento. De um lado, estudantes decepcionados por não compreenderem o brilhantismo dos seus professores-pesquisadores. De outro, pesquisadores-professores amargurados por não conseguirem transmitir seus conhecimentos para diligentes alunos.
Se já era difícil conciliar ensino e pesquisa, o que dizer da combinação entre ensino, pesquisa e extensão? As atividades extensionistas exigem dos docentes universitários uma vocação pouco desenvolvida no meio acadêmico: a de colocar em prática as investigações teóricas e os achados das pesquisas.
Se considerarmos ainda o desigual reconhecimento atribuído às atividades universitárias -a publicação dos resultados de pesquisa confere mais status do que a dedicação à sala de aula ou a projetos de extensão-, é compreensível a predileção pelos laboratórios entre os jovens postulantes aos mais prestigiosos títulos acadêmicos.
Contudo, cada vez mais a sociedade contemporânea reclama um papel engajado das instituições de ensino superior, em particular das universidades públicas, das quais se exigem retornos não só na forma de publicações internacionais mas também em produtos e processos aplicáveis ao desenvolvimento econômico e social.
Nesse contexto, ganha força o conceito de extensão inovadora, isto é, a prática extensionista capaz de levar à sociedade os conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos no intramuros universitário.
Mas, para tanto, é necessário um duplo movimento: 1) de um lado, as universidades devem promover o reconhecimento mais equitativo das práticas de ensino, pesquisa e extensão; 2) de outro, as práticas extensionistas devem eleger a difusão do conhecimento científico e tecnológico como atividade prioritária.
O conceito de extensão inovadora implica a superação da ideia da prática extensionista como consultoria empresarial ou assistencialismo comunitário. Não se trata apenas de atender demandas de setores sociais específicos, mas de levar o conhecimento científico e tecnológico à sociedade como um todo. A extensão deve constituir o núcleo promotor daquilo que os cientistas sociais chamam de "meios de inovação", isto é, um conjunto específico de relações com foco na produção de novos conhecimentos, novos produtos e novos processos. O lócus da sinergia entre os atores acadêmicos, o poder público e o setor produtivo.
O velho modelo humboldtiano (ensino e pesquisa) é condição necessária, mas não suficiente para a universidade contemporânea. A superação desse paradigma, por sua vez, é condição imprescindível para a prática da extensão inovadora. Não se trata de minimizar a importância da fórmula ensino-pesquisa, mas de maximizar o alcance dos seus resultados para além dos campi universitários.
Somente assim a universidade poderá cumprir o seu papel científico e tecnológico de forma plena. Será na relação profícua com os atores sociais inovadores (representantes do poder público, dos empresários e dos trabalhadores) que a universidade do século 21 encontrará a base social para superar os dilemas vividos pelas universidades do século 20.
O dilema weberiano ainda angustia aspirantes e mestres de diversas áreas do conhecimento. De um lado, estudantes decepcionados por não compreenderem o brilhantismo dos seus professores-pesquisadores. De outro, pesquisadores-professores amargurados por não conseguirem transmitir seus conhecimentos para diligentes alunos.
Se já era difícil conciliar ensino e pesquisa, o que dizer da combinação entre ensino, pesquisa e extensão? As atividades extensionistas exigem dos docentes universitários uma vocação pouco desenvolvida no meio acadêmico: a de colocar em prática as investigações teóricas e os achados das pesquisas.
Se considerarmos ainda o desigual reconhecimento atribuído às atividades universitárias -a publicação dos resultados de pesquisa confere mais status do que a dedicação à sala de aula ou a projetos de extensão-, é compreensível a predileção pelos laboratórios entre os jovens postulantes aos mais prestigiosos títulos acadêmicos.
Contudo, cada vez mais a sociedade contemporânea reclama um papel engajado das instituições de ensino superior, em particular das universidades públicas, das quais se exigem retornos não só na forma de publicações internacionais mas também em produtos e processos aplicáveis ao desenvolvimento econômico e social.
Nesse contexto, ganha força o conceito de extensão inovadora, isto é, a prática extensionista capaz de levar à sociedade os conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos no intramuros universitário.
Mas, para tanto, é necessário um duplo movimento: 1) de um lado, as universidades devem promover o reconhecimento mais equitativo das práticas de ensino, pesquisa e extensão; 2) de outro, as práticas extensionistas devem eleger a difusão do conhecimento científico e tecnológico como atividade prioritária.
O conceito de extensão inovadora implica a superação da ideia da prática extensionista como consultoria empresarial ou assistencialismo comunitário. Não se trata apenas de atender demandas de setores sociais específicos, mas de levar o conhecimento científico e tecnológico à sociedade como um todo. A extensão deve constituir o núcleo promotor daquilo que os cientistas sociais chamam de "meios de inovação", isto é, um conjunto específico de relações com foco na produção de novos conhecimentos, novos produtos e novos processos. O lócus da sinergia entre os atores acadêmicos, o poder público e o setor produtivo.
O velho modelo humboldtiano (ensino e pesquisa) é condição necessária, mas não suficiente para a universidade contemporânea. A superação desse paradigma, por sua vez, é condição imprescindível para a prática da extensão inovadora. Não se trata de minimizar a importância da fórmula ensino-pesquisa, mas de maximizar o alcance dos seus resultados para além dos campi universitários.
Somente assim a universidade poderá cumprir o seu papel científico e tecnológico de forma plena. Será na relação profícua com os atores sociais inovadores (representantes do poder público, dos empresários e dos trabalhadores) que a universidade do século 21 encontrará a base social para superar os dilemas vividos pelas universidades do século 20.
Adalberto Fazzio e Sidney Jard da Silva, professores e colunistas da Folha de São Paulo
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