quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sugestão de leitura da ASCOM UEPB: "Plumagem", de Fidélia Cassandra

Crédito da foto: Sandoval Fagundes

por Oziella Inocêncio, da ASCOM/UEPB

Tarde comum em Campina Grande. Passava das 13h30 e num restaurante  localizado no centro da cidade, à Rua Maciel Pinheiro, chamado Vila Antiga, muitos comerciários almoçavam. Uma mulher, de presença marcante, adentrou o recinto, acompanhada de um rapaz com violão. E o que poderia ser somente um almoço trivial de segunda-feira, tornou-se um espetáculo de beleza. Era Fidélia Cassandra, com batom vermelho e microfone na mão. Para além da voz melodiosa que ecoou no restaurante da cidade, a cantora, bastante conhecida na Rainha da Borborema e também em outras paragens do mundo, dedica-se com esmero ao ofício de poeta. 

Seu último livro, Plumagem, leitura recomendada pela Assessoria de Comunicação da UEPB, foi lançado em novembro de 2008. A obra teve boa receptividade junto ao público, detêm 140 páginas e ganhou a apresentação do poeta e jornalista Astier Basílio que destaca em seu texto: "Fidélia é da família dos simples, prima de Quintana, irmã de Cecília. Transita, cambiando entre o corriqueiro e o milagre." Possuidor de uma poesia madura e bem trabalhada, Plumagem passeia pelos mais variados matizes, a exemplo de erotismo, amor, desencontros, dor e a alegria. 

Das vozes femininas mais representativas da poesia paraibana atual, Fidélia vem transmitir aos leitores, na publicação, escritos que pulsam: desejo, angústia, celebração da vida e do feminino. Boa parte de seus poemas falam do cotidiano, fazendo uso constante de poderosas metáforas, com ecos metalinguísticos.
Plumagem também revela que a mulher, em Fidélia Cassandra, é uma mulher distinta: conhece a si mesma, gosta de si e se respeita, sabe de seus contornos e delizadeza.  

Mas, parodiando Freud, afinal o que deseja Fidélia? A leitura de Plumagem poderá responder, mas a ASCOM UEPB, antecipa uma interpretação: o desvendamento da consciência erótica feminina e, sobretudo, da fantástica sensibilidade que as mulheres posssuem. A mesma sensibilidade que faz Fidélia cantar. A mesma sensibilidade que ela fez brotar nos comerciários, que abandonaram sua refeição,  por um momento, para ouvir sua voz encantadora.

Confira uma das poesias de Plumagem, intitulada Luma:

Corpo nu de mulher...
Densas savanas douradas,
Emaranhadas cabeleiras florestais,
Grutas carnais revelando inscrições
Indecifráveis.

Nua mulher

Contornos de aveludada aurora
Do deserto.
Ardentes dunas,
Úmida concha com pingos de areia.

A mulher nua...

Seios pontiagudos...
Plumas roçando os pelos
De luma
De homem nu.


A poesia está para Fidélia, assim como a Música para Cassandra


A escritora e cantora, Fidélia Cassandra Pereira de Araújo nasceu em Campina Grande, em 1962. Segundo a poeta, quando menina, seu pai sempre lia poemas para ela, antes de dormir. Daí, esse amor sem tamanho pela poesia. Aos doze anos, começou a escrever poemas. Aos dezoito, começou sua trajetória musical. Foi bancária e sindicalista, cursou Jornalismo na UEPB e Letras na UFCG.  Fez ainda o curso de Radialismo pelo Sindicato dos Radialistas da Paraíba. Trabalhou na TV Borborema (local), na Rádio Campina FM e no www.paraibaonline.com.br.
A convivência com grandes músicos, compositores e poetas nordestinos, como Bráulio Tavares, Hildeberto Barbosa Filho, entre outros, consolidou a concretização de mais aprendizado e de parcerias riquíssimas. No início da década de oitenta, participou de vários festivais de MPB. 
Desde então, tem feito shows coletivos e solos autorais. Entre 2004 e 2007, participou do Projeto Sete Notas do SESC - Campina Grande, nas apresentações privilegiou o repertório de grandes nomes da MPB como: Tom Jobim, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa e Ary Barroso. Em 2009, foi convidada para cantar no sul da França, fez show nas cidades de Valbonne e Marselha. 
Em 2002, lançou Amora, o primeiro livro de poemas que traz à tona um exercício poético iniciado aos 12 anos.
Atualmente, além do fazer poético, dedica-se à sala de aula - ministra aulas de inglês – e ao exercício contínuo da leitura. 

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