sexta-feira, 16 de abril de 2010

Cineasta campinense lançará curta "Borra de Café" neste sábado em Campina Grande

 Antônio, um dos protagonistas da trama

Por Oziella Inocêncio

Um estado com mesa farta, cultura rica, clima ameno, recursos naturais conservados e diversos, e uma formação étnica que gerou um povo belo e forte. Alguém conhece esse paraíso? É a Paraíba aos olhos do cineasta campinense Aluizio Guimarães, retratada em seu novo curta metragem, "Borra de café". Um dos propósitos do projeto é justamente mostrar um estado diferente daquele que é exibido nos meios de comunicação de massa, segundo explicou o diretor. A exibição acontece às 20h, gratuitamente, no Teatro do SESC Centro, em Campina GRande.

Borra tem a duração prevista para 20 minutos, tendo como cenário as belas paisagens do Brejo paraibano. De lá, será contado o drama de Antônio (Chico Oliveira), que no início do século XX (1908 a 1923), depois da morte da esposa, Maria (Suzi Lima), se depara com a difícil situação de criar sozinho sua única filha, Ana Beatriz (Rayanne Araújo). “Isolados em uma vale, recebendo esporadicamente a visita de dois amigos tropeiros, os dois desenvolvem uma forma peculiar de relação, que trará grandes consequências em suas vidas. A estrutura dramática gira em torno de um núcleo familiar complexo e sugeridamente incestuoso”, adiantou Aluizio.

O cineasta acredita que muitos conceitos e preconceitos são formados e podem ser modificados a partir de uma obra de arte. Sobre os personagens, o diretor contou que Ana Beatriz é uma criança normal, até ter um sentimento despertado no decorrer de sua vida. “Antônio, seu pai, católico praticante, plantador de café, se vê cercado pelas cruéis brincadeiras do destino”, antecipou. A história segue a linha trafegada por Guimarães, desde o início de sua carreira, abordando as relações interpessoais. Outro tema comum, segundo acrescentou, é a religião.

O primeiro contato de Aluizio com o cinema aconteceu na Faculdade de Comunicação - ele é jornalista, graduado pela UEPB - conhecendo Rômulo Azevedo e, logo depois, fazendo um curso com o seu irmão, Romero Azevedo, sobre o Cinema Novo Brasileiro. “Comecei a me apaixonar pelo Cinema Nacional graças a estes momentos, mas só agora, é que resolvi fazer um empreendimento mais ousado, graças a uma equipe espetacular que está comigo”, apontou.

Aluizio Guimarães começou sua trajetória artística no teatro

Aluizio Guimarães, que começou sua trajetória artística no teatro e já efetuou diversas outras inscursões no fabuloso mundo da sétima arte, adorou a experiência de lidar com o contexto de uma outra época. “É bom fazer um filme assim porque ele desperta, através das pesquisas, o quanto somos um hommo distantis daqueles que foram os nossos avós. Estamos presos em casa, cercados por uma cerca elétrica e achamos que entramos em contato com todo mundo por um MSN. Fato é que, mesmo no início do século passado, em pleno Brejo paraibano, distante de tudo, as pessoas eram mais humanas, mais próximas, menos burocráticas no abraço e no adeus”, disse o diretor. A equipe de Borra de café é composta ainda por mais de 56 pessoas.

Cria do teatro, Aluizio Guimarães já dirigiu O mistério da pedra maliciosa, As três, Hades - uma história de fé e revolta, Água, areia e as maçãs, Inferno e Solteira, casada, viúva e divorciada, entre outros. Quando se trata de cinema teve participação efetiva em diversas produções, a exemplo de Uma curta chama, A incrível história do homem que levou fumo da Cumade Fulozinha e O bolo. Na direção geral, esteve à frente de Máscaras (experimental), Batalhão 41 de Cajazeiras (documentário), Vilma (ficção) e Memórias de Maria (ficção).

Para ele, a sétima arte é a simbiose de todas as outras, é a convergência de várias manifestações artísticas em um mesmo suporte, e nesse sentido, é, acima de tudo, um desafio fazer com que cada uma destas manifestações estejam bem dosadas. “Cinema é fantasia para quem vê e aventura para quem faz - pois fazer cinema em nosso estado não é fácil. Gostaria muito de estar vivo para assistir a uma grande produção genuinamente nossa, subsidiada por empresários sensíveis à arte”, resumiu.

Entre os cineastas que admira, figuram Abbas Kiarostami, Almodóvar, Antonioni, Nagisa Oshima, Beto Brant e Nélson Pereira dos Santos, dentre outros. “Acredito que nos influenciamos por tudo que degustamos, quando escrevo, vejo o resultado de tudo aquilo que absorvi nestes quase 40 anos de vida”, disse.

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