Por Carlos Messias e William Mur, do Caderno Ilustrada
Em 28 de setembro de 1991, morria aos 65 anos -em decorrência de infarto, pneumonia e problemas respiratórios- o trompetista americano Miles Davis.
A trajetória do músico coincide com a evolução do jazz. Após surgir em meio à febre do bebop, nos anos 40, o músico foi um dos responsáveis pelo chamado cool jazz e protagonizou o surgimento de estilos como hard bop, modal, fusion e jazz rap. Suas bandas de apoio se tornaram míticas, revelando nomes como John Coltrane e Bill Evans, além de Sonny Rollins, Wayne Shorter e Branford Marsalis, que permanecem na ativa.
Diante dos que dizem que, após a morte de Miles, o gênero teria estagnado, deixando de dialogar com as tendências em voga, o meio reage. "As pessoas tratam o jazz como se ele tivesse morrido e tivesse de ser homenageado", diz o pianista Robert Glasper.
"Hoje em dia, a maioria dos artistas vive à sombra de Miles Davis. Estamos em uma batalha na qual precisamos superar isso", desabafa. Felizmente, lampejos de luminosidade se anunciam no horizonte dominado pelo Príncipe das Trevas -como era apelidado Miles Davis. Uma nova geração de jazzistas consegue se equiparar tecnicamente aos cânones e procura seguir seus passos transgressores.
Glasper funde com brilhantismo a estrutura do jazz e a textura do hip-hop. Tanto que já gravou com Kanye West e Mos Def, entre outros.
Outro sucessor é o trompetista Christian Scott. Seu estilo é classificado como neo-fusion e suas referências vão da dupla de hip-hop Madvillain à nova musa do indie rock, St. Vincent.
"Muitos jazzistas da minha geração ainda estão no passado. Procuro conhecer outros estilos para descobrir novas texturas", explica Scott.
Para ele, o grande legado de Miles Davis foi sua capacidade de se comunicar com o público da época. "É isso o que falta à maioria dos músicos que surgiram depois dele, que agem como se estivessem num pedestal", critica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário