quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Biografia revela ilustrador do século XIX


Por Juliana Sada, do Escrevinhador

Importante personagem da história da imprensa brasileira, o italiano Ângelo Agostini é pouco conhecido e estudado. Designado amplamente como artista gráfico, Agostini (1843-1910) é o principal ilustrador da segunda metade do século XIX e um dos grandes retratistas de seu tempo. Além de ser o introdutor da história em quadrinhos no Brasil e um defensor da causa abolicionista.

Para fazer jus à história desse rico personagem, o jornalista e caricaturista Gilberto Maringoni escreveu a primeira biografia de Agostini. “Angelo Agostini, a imprensa ilustrada da Corte à Capital Federal (1864-1910)” é baseado na tese de doutorado de Maringoni e tem como proposta apresentar a trajetória deste personagem – ainda que pouco se saiba sobre sua vida pessoal.

O autor revela que “os poucos contemporâneos que a ele se referem o elogiam tanto que o material mais encobre do que revela a personalidade do artista”. Por isso, produziu uma biografia analítica, mesclando “o pouco que se sabe de sua vida com os registros deixados por ele”.

E estes registros não são poucos. Agostini teve uma longa carreira que durou 43 anos, entre 1864 e 1907. Durante este período, ilustrou cerca 3,2 mil páginas de jornais e revistas, realizou diversos escritos e ainda fundou alguns veículos. Maringoni aponta que Agostini tem também um lado empresário e vivenciou um período de forte consolidação na imprensa brasileira. No início de sua carreira, organizava publicações que eram produzidas de maneira quase artesanal. Entretanto, com a chegada de novas tecnologias, que possibilitaram a ampliação da produção e do público leitor, Agostini passa a colaborar com grandes empresas editoriais.

O livro de Maringoni aborda ainda uma aparente contradição na trajetória de Agostini: de entusiasta da causa abolicionista, o cronista assume uma postura racista, nos anos seguintes à abolição. Esta aparente mudança de comportamento é, na verdade, representativa do movimento abolicionista da elite. A demanda pela abolição não é movida por solidariedade aos negros e sim por anseios de uma modernização conservadora: com a expansão do trabalho assalariado, criação de um mercado interno e embranquecimento da população, com a chegada dos imigrantes europeus.

Pelos traços de Ângelo Agostini passaram importantes momentos da história brasileira. O cronista retratou a Guerra do Paraguai, os maus-tratos sofridos pelos escravos, os últimos anos do Império e o início da República. Como não poderia deixar de ser, a biografia feita por Maringoni reproduz muitas ilustrações de Agostini.

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