quarta-feira, 9 de junho de 2010

A música e a poesia de Adeildo Vieira


Por Oziella Inocêncio, da ASCOM/UEPB

Unindo o bom ecletismo da MPB, com seus reggaes, sambas, quase-maracatus, o paraibano Adeildo Vieira coleciona admiradores. O cantor, compositor e professor da UEPB, Antonio Guedes Rangel Junior, é um deles. Nas palavras do artista, os arranjos de Vieira são de encher os ouvidos de quem gosta de música de qualidade. Outro que se curvou ao talento do gênio oriundo de Itabaiana, é o professor da UFPB, Jaldes Reis de Meneses. Para ele, Adeildo encontrou uma forma estética interessante de absorver os impasses cotidianos de um compositor popular - uma figura da alegria e da tragédia.
Apesar de sempre ter tido contato com a produção musical no seio familiar, através de seu irmão mais velho, Antônio de Pádua - que toca violão desde os oito anos – a música se inseriu em sua vida após a adolescência, de forma absolutamente espontânea. Esta necessidade súbita de lidar com a música fez com que Adeildo redirecionasse seus caminhos, posto que, quando isso aconteceu, ele cursava o segundo período de Engenharia Mecânica na UFPB. Vieira, então, passou a se interessar pela poesia e elegeu o violão como companheiro de inquietude. Diz que, desse modo, largou as Ciências Exatas para se dedicar a dúvida. E, hoje, faz dela matéria-prima.
Nesta entrevista concedida a ASCOM/UEPB, o músico revelou alguns de seus projetos futuros e discorreu acerca dos temas abordados em sua trajetória artística.


ASCOM/UEPB- Sobre o que falam suas canções? Em que se inspira para escrevê-las?

Adeildo Vieira- A existência é o elemento essencial. As emoções e o comportamento humanos dão a forma para o pensamento e para a poesia que levo pras minhas canções. Acho que quando fazemos música é porque temos algo pra dizer pra humanidade e o efetuamos através da expressão que mais nos realiza e nos dá a sensação de missão cumprida. Minhas canções são este exercício de brincar com a palavra e com os sons para dar um recado às pessoas. Isso porque o que me interessa mesmo é a música na sua concepção mais lúdica e ao mesmo tempo mais engajada.

ASCOM/UEPB- Em sua vida, o que representa a música, a criação?

Adeildo Vieira - A música que faço é o que liga a minha existência com a realidade. É uma missão que procuro cumprir com dignidade, decência e compromisso com a transformação da vida em algo melhor. A música é algo sério que infelizmente muitos confundem com o mercado e seus malefícios. A criação é a doce tarefa de caminhar para alcançar o horizonte - nós mesmos escondidos nas sombras dos ocasos e auroras. A música é o alimento da minha lira, que me fortalece e contamina aos outros com poesia. É a lança e a armadura da felicidade que acredito. Alegra, conscientiza, fortalece e enfeita a estrada dos dias.

ASCOM/UEPB- Se não fosse cantor/compositor o que gostaria de ser?

Adeildo Vieira - Não tenho a menor idéia! Talvez astronauta, talvez mecânico, ou piloto de avião, ou talvez eu vivesse desempregado sofrendo crise existencial... Sei lá, mas acho que sou um cara meio confuso. A começar pela minha formação profissional. Tenho o curso superior em Jornalismo e não nutro o menor tesão pela profissão. Costumo dizer que fiz Jornalismo por desespero vocacional. Se eu não fosse músico, com certeza eu seria louco por música. Só isso!


ASCOM/UEPB
- Qual música de sua autoria você gosta mais? Por quê?

Adeildo Vieira - Tem muitas músicas minhas que eu gosto de cantar e também ouvir. Mas tem uma muito particular, que me emociona, porque fiz pros meus três filhos, Rudá, Uaná e Cairé. Trata-se da música “Um, Dois, Três, Viva!!!”, que está no CD “Diário de Bordo” e que  tem a participação deles na gravação. Isso ficou marcado para o resto da minha vida e, por envolver os meus amados filhos, me emociona muito. É a minha “Hey Jude”. Aliás, recomendo que ouçam. Gosto tanto da música como da letra, pois é a minha verdade na minha relação com meus garotos.

ASCOM/UEPB- Quais seus cantores/compositores prediletos?

Adeildo Vieira - Muitos. Por isso minha obra é tão eclética. Chico Buarque, Paulo Ró, Elis Regina, Gláucia Lima, Beatles, Paul Simon, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Milton Dornellas, Biliu de Campina, Chico Cesar, Gilberto Gil, Zabé da Loca, Caetano Veloso, Escurinho, João Bosco, Pedro Osmar, Dona Ivone Lara, Penha Cirandeira, Hermeto Pascoal, Mercedes Sosa, música africana e suas dezenas de compositores e cantores... É por isso que a música tem tudo pra fazer a gente feliz, porque existem sons maravilhosos de toda forma pra nosso deleite. Claro que não falei nem um décimo de minhas preferências. Há muito com o que se deleitar.

ASCOM/UEPB- Quantos CD's gravados em sua trajetória?

Adeildo Vieira
- Lancei, no ano 2000, o meu primeiro CD, intitulado “Diário de Bordo”, com recursos da então Lei Viva Cultura, da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Depois veio, em 2008, o DVD “Chega Junto”, com produção independente e o apoio da TV Cidade João Pessoa. Finalmente lancei, em novembro passado, meu segundo CD, com recursos do FIC - Fundo de Cultura Augusto dos Anjos do Governo do Estado da Paraíba - chamado “Há Braços”, para o qual estou trabalhando na divulgação.

ASCOM/UEPB- Poderia discorrer um pouco mais acerca desta última produção?
Adeildo Vieira - “Há Braços” tem 14 faixas e está sendo vendido na rede de lojas Furtacor, em dois shoppings em João Pessoa (Shopping Sul e Shopping Tambiá). Já fiz um pré-lançamento dele no ano passado, mas estou devendo ao público, e a mim mesmo, um lançamento decente, onde possa tocar todas as músicas do CD, através de um show vibrante e bem produzido. Este espetáculo está agendado para o dia 26 de agosto próximo, no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa. Porém, aqueles que desejarem acessar as músicas dos meus CDs poderão visitar o site www.adeildovieira.com.br. Lá é possível baixar todas as músicas gratuitamente. Acho isso muito legal!

ASCOM/UEPB - Para além da música, quais atividades desempenha atualmente?

Adeildo Vieira - Trabalho na ilha de edição do DECOMTUR, na UFPB, onde sou editor de imagens, com muita honra. Terminei o curso de Jornalismo, mas prefiro mesmo exercer as minhas inquietudes musicais na busca da profissionalização. Do Jornalismo restou apenas a minha capacidade de entender a relação da vida com a imprensa. Isso já me basta para alimentar ainda mais minhas inquietudes. No mais, sou um defensor intransigente da cena cultural da nossa Paraíba e faço disso o meu ofício.

3 comentários:

  1. Adeíldo é perfeito, para mim a sua melhor música, pelo menos a que mais me emociona é Amorério, para quem não conhece recomendo ouví-la. Parabéns Adeíldo, você é um artista completo e um ser humano merecedor de todas as honras!!!

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  2. Adeildo é, sem favor nenhum, um dos maiores compositores paraibanos da atualidade. Não em estatura, o que ele concordará comigo, mas em qualidade. Além de um grande pândego e um boa pracíssimo.

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  3. Gostaria de saber onde posso adquirir o CD de Adeildo Vieira,conheci Amorério quando foi tema da campanha do Dia dos Namorados de um shopping Center aqui de João Pessoa,é umas das músicas mais tocantes que já escutei! fablibliz@hotmail.com

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