quarta-feira, 30 de junho de 2010

Como fica a África depois da Copa do Mundo?


Por Giuliana Rodrigues, da ASCOM/UEPB

            Curtir Copa do Mundo é realmente uma delícia! Toda aquela expectativa pela estréia, planejar onde serão assistidos os jogos, torcer por nossa seleção ao lado de amigos e familiares, falar de futebol durante um mês inteiro, comentar as particularidades do país sede e ainda celebrar cada conquista... não tem preço!
            Torcendo, todas as pessoas são iguais na hora de comemorar o gol, mas muitos esquecem o que está por trás de tudo isso. Pessoas pobres tentam sobreviver em todo continente africano, diante de uma contrastante desigualdade social.
Escondidos pelo brilho dos jogadores que ganham milhões, das inúmeras emissoras de TV, dos mega patrocinadores e da diversão que impera em todos os jogos, estão aqueles que dormem nas ruas, sofrem preconceito, não têm emprego. Além de tudo, a polícia, o governo e a justiça são marcados pela insensibilidade e corrupção.
Outro inimigo local é o vírus da Aids que faz vítimas fatais,  pois a população não conta com sistemas de saúde pública eficientes. Dados apontam que em 2008, sem políticas de prevenção ou tratamento, a África do Sul bateu nos 365 mil mortos de Aids, sendo 60% mulheres. 
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo (27/06/2010), “...em 2007, houve 75,6 estupros por grupo de 100 mil habitantes – cinco vezes o registrado na cidade de São Paulo. Em 12 meses, foram mais de 70 mil queixas de crimes sexuais e os índices mais chocantes dão conta de um estupro a cada 30 segundos no país, ou, 1,2 milhão de estupros por ano”. Impressiona?
Não quero prejudicar o clima positivo da Copa Mundial, nem atrapalhar a diversão. Mas não dá para fechar os olhos diante de questões mais importantes nos bastidores, como a pobreza e o vazio existencial que permanecerão depois dos jogos. Ao que tudo indica, o grandioso evento não contribuirá em nada com a vida dos que foram excluídos dos benefícios trazidos pelo Mundial sediado pela África do Sul.
É difícil viver na África, mas, viver no Brasil, para muitos, não é diferente. Em 2014 será nossa vez de sediar a Copa e espero, sinceramente, que possamos cuidar tão bem daqueles que estão na escuridão, como cuidamos dos que estão sob os holofotes.

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