quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Índios wajãpis transformam arte gráfica em bússola do saber

 
Os wajãpis, que pertencem ao grupo étnico linguístico tupi-guarani, são uma população indígena do norte da amazônia. Os 580 membros que compõe atualmente esta comunidade vivem em cerca de 40 aldeias agrupadas num território protegido no estado do Amapá, no norte do Brasil. Os wajãpis tem uma antiga tradição que consiste em utilizar tintas vegetais para adornar seus corpos e outros objetos com motivos geométricos.

Com o passar dos séculos eles vem desenvolvendo uma linguagem única, uma mistura de artes gráficas e verbal, que reflete sua própria visão particular do mundo e mediante o qual transmitem os conhecimentos essenciais da vida da comunidade.

Esta arte gráfica única, conhecida pelo nome de kusiwa, é feita com tinta vegetal vermelha que se extrai de uma planta do amazonas, o urucum, e com resinas perfumadas. A arte kusiwa é tão complexa que os wajãpis consideram que a competência técnica e artística necessária para dominar o desenho e preparar as tintas não é alcançada antes dos 40 anos. Os temas mais recorrentes são a onça, a sucuri, a borboleta e o peixe. Os desenhos kusiwa evocam a criação do gênero humano e ganham vida através de um rico corpo de mitos.

Esta forma artística corporal, diretamente vinculada às antigas tradições orais ameríndias, possui vários significados de diferentes níveis sociológicos, culturais, estéticos, religiosos e metafísicos. A kusiwa constitue a estrutura genuína da sociedade wajãpi e seu significado vai muito além de sua função de arte gráfica. Abarca um sistema vasto e complexo com uma maneira original de compreender, perceber e estar em interação com o universo. Esse repertório codificado de conhecimentos tradicionais evolui de forma permanente por que os artistas indígenas renovam constantemente os temas, inventando novos padrões.



Do Portal Vermelho

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