Não pode existir combinação pior do que a falta de juízo com a teimosia. As ideias travam e os resultados ruins aparecem. Nada relevante se divide, a oportunidade de crescer é subtraída e, infelizmente, multiplicam-se os problemas relacionados à ausência do saber. É perda para todo lado. O estudante não deslancha, o mestre não cumpre o seu papel e a sociedade sofre.
Atualmente, vê-se com facilidade o desencontro (e a guerra) entre aluno e professor, considerando o desinteresse e a falta de consciência daquele que deveria se empenhar em aprender ininterruptamente e a ausência de habilidades cruciais por parte de quem pretende disseminar o conhecimento e provocar a reflexão. Se a educação resume-se apenas ao diploma que dá acesso ao mercado de trabalho – e tal fato tem modificado o interesse das pessoas que ingressam nas instituições educacionais –, é porque há algum tempo a sociedade estimulou essa situação, através da crescente competitividade. Houve, portanto, conveniência em tal acordo. Logo, se chegamos ao exagero de muitos apenas se interessarem pela forma (currículo, status) em detrimento do fundo (conhecimento, sabedoria), é por meio dessa mesma sociedade que se estabelecerão novos objetivos voltados à mescla entre “ter” e “ser”.
Não se avança a direções adequadas se a rota foi mal traçada, ou pouco se anda se a velocidade não condiz com o atraso e a brutal distância do destino que se pretende atingir. Estudantes que desperdiçam seu tempo e mestres inflexíveis na sua conduta (e pior, muitos já descrentes e desmotivados) põem a perder o desenvolvimento e ajudam a perpetuar o atraso que se reflete na convivência social.
Ponderações e atitudes (algumas bem radicais) se fazem prementes. É um trabalho conjunto, grandioso, que deve unir forças entre a família e a escola. Vale lembrar que a educação é um processo que demanda sangue, suor e lágrimas, além de competência e de persistência. Está, pois, em boa dose, no legítimo apoio familiar (ânimo, acompanhamento e a cobrança fundamental), a otimista probabilidade de fazer vingar a semente do saber e a evolução pessoal. E ainda, com o devido mérito, destaque-se a intervenção do professor em cada etapa da aprendizagem. Mas ambos os lados devem se preparar e se dedicar em prol de tamanha transformação, pois pouco ajuda se o aluno é “miolo mole” e o professor “cabeça dura”.
Cuidado, porém, com o autoengano que nos faz crer certos (ainda mais com o reforço da sociedade: “se todo mundo faz assim...”) quando estamos justamente na contramão do bom senso. Autoavalie-se pra valer! Se o aluno não se esforçar e o professor não se aperfeiçoar (bem além dos cursos que faz), triste diagnóstico se desenha à frente. Todavia, se houver competente mudança na medida mínima exigida, ver-se-á uma interessante safra de cidadãos que doravante emergirão.
Por Armando Correa de Siqueira Neto, psicólogo e professor (para a
Revista Linha Direta - Inovação - Educação- Gestão)
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