Ainda nos quarenta do século passado Monteiro Lobato escreveu que “um país se faz com homens e livros”. Desde então temos evoluído para nos tornarmos de fato uma grande nação, a ponto de já sermos a sétima economia do mundo, em vias de alcançar a quarta posição no pódio. Não é pouco. Porém em matéria de livros, quer dizer, da leitura de livros, continuamos bem atrás da maioria das nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Há uma pesquisa de 2007 (creio que seja a mais recente), feita pelo Instituto Pró-Livro, que demonstra isso. Primeiro anota que dos quase 200 milhões que somos, 77 milhões estão na categoria de não leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos. Leitores são aproximadamente 95 milhões – que lêem, em média, 1,3 livro por ano. Se acrescentarmos livros de natureza didática ou pedagógica, esse índice chega a atingir 4,7.
É pouco, mas já é alguma coisa – alguém pode comemorar. Na verdade, é pouquíssimo. Nos Estados Unidos a população lê espontaneamente em média 11 livros por ano. Na França, 7; na Colômbia, 2,4. Não tenho comigo dados atuais, mas sempre se soube que argentinos e chilenos guardam relação de intimidade com o livro bem superior à nossa.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que integram o Instituto Pró-Livro, a pesquisa captou traços da subjetividade do brasileiro em sua relação ainda frágil com o livro. Dentre os leitores, 41% revelam prazer em ler no tempo livre, enquanto 13% admitiram que não gostam tanto.
Dos 95 milhões de leitores em geral, 22% confessam que lêem livros apenas por obrigação.
“O livro é uma janela para o mundo e para o sonho”, disse um jovem participante de uma mesa-redonda de não-escritores que coordenei na última Bienal do Livro de Pernambuco. Se for assim – e é, sem dúvida! -, faz muita falta à alma de nossa gente uma relação de amor com o livro. O distanciamento e a indiferença têm que ser superados. Sob pena de nos atrasarmos em demasia na formação de uma consciência social avançada.
Que fazer? A pesquisa do Instituto Pró-Livro – traduzida no documento Retrato da Leitura no Brasil – dá a dica. Ampliar o acesso ao livro e investir na formação de leitores. Primeiro, pela força do exemplo: se os pais e familiares adultos cultivam o hábito da leitura, influenciam crianças e adolescentes. Segundo, a escola: quanto maior o nível de escolaridade, mais amplo o tempo dedicado à leitura.
Mas da minha modesta condição de apaixonado por livros e feliz avô de Miguel que aos 5 anos adora freqüentar livrarias, onde faz suas escolhas, arrisco dizer que o buraco é ainda mais embaixo: tem a ver com raízes culturais que sempre valorizaram a tradição oral, na linha direta de nossas matrizes indígenas e africanas. Mas aí já é tema para especialistas: faço a provocação e me calo, pois tenho em mãos o belo romance “Galiléia”, de Ronaldo Correia de Brito, que estou relendo. Com indizível prazer.
Há uma pesquisa de 2007 (creio que seja a mais recente), feita pelo Instituto Pró-Livro, que demonstra isso. Primeiro anota que dos quase 200 milhões que somos, 77 milhões estão na categoria de não leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos. Leitores são aproximadamente 95 milhões – que lêem, em média, 1,3 livro por ano. Se acrescentarmos livros de natureza didática ou pedagógica, esse índice chega a atingir 4,7.
É pouco, mas já é alguma coisa – alguém pode comemorar. Na verdade, é pouquíssimo. Nos Estados Unidos a população lê espontaneamente em média 11 livros por ano. Na França, 7; na Colômbia, 2,4. Não tenho comigo dados atuais, mas sempre se soube que argentinos e chilenos guardam relação de intimidade com o livro bem superior à nossa.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que integram o Instituto Pró-Livro, a pesquisa captou traços da subjetividade do brasileiro em sua relação ainda frágil com o livro. Dentre os leitores, 41% revelam prazer em ler no tempo livre, enquanto 13% admitiram que não gostam tanto.
Dos 95 milhões de leitores em geral, 22% confessam que lêem livros apenas por obrigação.
“O livro é uma janela para o mundo e para o sonho”, disse um jovem participante de uma mesa-redonda de não-escritores que coordenei na última Bienal do Livro de Pernambuco. Se for assim – e é, sem dúvida! -, faz muita falta à alma de nossa gente uma relação de amor com o livro. O distanciamento e a indiferença têm que ser superados. Sob pena de nos atrasarmos em demasia na formação de uma consciência social avançada.
Que fazer? A pesquisa do Instituto Pró-Livro – traduzida no documento Retrato da Leitura no Brasil – dá a dica. Ampliar o acesso ao livro e investir na formação de leitores. Primeiro, pela força do exemplo: se os pais e familiares adultos cultivam o hábito da leitura, influenciam crianças e adolescentes. Segundo, a escola: quanto maior o nível de escolaridade, mais amplo o tempo dedicado à leitura.
Mas da minha modesta condição de apaixonado por livros e feliz avô de Miguel que aos 5 anos adora freqüentar livrarias, onde faz suas escolhas, arrisco dizer que o buraco é ainda mais embaixo: tem a ver com raízes culturais que sempre valorizaram a tradição oral, na linha direta de nossas matrizes indígenas e africanas. Mas aí já é tema para especialistas: faço a provocação e me calo, pois tenho em mãos o belo romance “Galiléia”, de Ronaldo Correia de Brito, que estou relendo. Com indizível prazer.
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