segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aniversário de Charles Baudelaire

Por Tarsila Couto de Brito com a colaboração de Selenia Granja, do Portal Vermelho

No aniversário de 190 anos do nascimento de Charles-Pierre Baudelaire, comemorado no último sábado (09), preparamos uma homenagem com textos e poesias do acervo deste renomado poeta e teórico da arte francesa.

 
"Todos os imbecis da burguesia que pronunciam sem parar as palavras ‘imoral, imoralidade, moralidade na arte’ e outras coisas estúpidas, me fazem lembrar Louise Villedieu, prostituta de cinco francos que, me acompanhando uma vez ao Louvre, aonde nunca havia ido, se ruborizou e cobria o rosto, e, me puxando a todo instante pela camisa, me perguntava, diante das estátuas e dos quadros imortais, como podiam exibir publicamente tais indecências". Baudelaire



Uma música dissonante na modernidade

Conta o mito que, depois de uma terrível experiência no Hades, Palas-Atena construiu um instrumento capaz de imitar os sons penetrantes e agudos emitidos pelas górgonas e suas serpentes. Ao soprar a flauta, porém, a deusa sentiu-se deformada como os monstros que conheceu e, assustada, jogou-a fora. Pã, deus disforme por natureza, apossou-se da flauta no intuito de competir com Apolo e sua lira. O sátiro perdeu a competição porque a lira produzia uma melodia que se harmonizava à palavra poética e, consequentemente, trazia tranquilidade ao mundo. A flauta de Pã, ao contrário, emitia um som dissonante que não deixava qualquer espaço para o canto, além de presentificar o terror do mundo dos mortos. A narrativa mítica de criação da flauta ilumina de modo alegórico a história do gênero lírico: As Flores do Mal (1857) de Charles Baudelaire inauguraram a modernidade na poesia, substituindo a lira de Apolo pela flauta de Pã. Alguns poderiam objetar que o romantismo já havia trazido a modernidade para o gênero lírico, com o culto do eu, mas foi Baudelaire quem deu substância, nome e cor à vivência de um mundo adoecido por séculos de luzes.

Em sua última versão, As Flores do Mal estão divididas em seis partes: “Spleen e Ideal”, “Quadros parisienses”, “O vinho”, “As flores do mal”, “Revolta” e “A morte”. Trata-se de um engenhoso sistema lírico-narrativo em que se definem novas concepções de linguagem, de mímese, de poesia, e ainda novas compreensões de história, cristianismo, vida religiosa e morte. Proponho aqui uma leitura desse conjunto como a epopéia do poeta na modernidade [1]. Observando a figurativização do Poeta ao longo do livro, é possível perceber uma progressiva tomada de consciência das condições materiais, existenciais e espirituais impostas ao artista na Paris do Segundo Império. Seu trabalho é heroico porque ele deve sobreviver em meio à cidade tumultuada e asfixiada pelo asfalto e pela iluminação artificial, onde o preço do progresso é, nas palavras de Walter Benjamin, "a desintegração da aura na vivência do choque". Nestas condições, o poeta é arrancado de seu estado de inocente harmonia com o mundo. Em lugar da lira, a flauta de Pã. Transforma-se, assim, em carrasco de si mesmo, impondo-se as visões agressivas da cidade moderna, com o intuito de manter-se nobre diante do que há de mais repugnante.

Considero “Spleen e Ideal” o primeiro canto dessa epopeia. Oitenta e cinco poemas estão aí agrupados em função de apresentar o Poeta desde seu maldito nascimento (I, “Benção”) até o momento em que assume sua “consciência dentro do mal” (LXXXIV, “O irremediável”). Ao longo desta trajetória, o Poeta reconhece que o mundo moderno não é seu lugar (II, “O albatroz”) e sente saudade do tempo da harmonia (V, sem título). O poema “Correspondências” (IV) é muito importante para a compreensão da nova concepção de linguagem advinda dessa percepção: a linguagem comum não revela as verdades do mundo. Somente o poeta, com sua linguagem imprevisível, ainda é capaz de recuperar a unidade perdida. Com isso, impõe-se a obrigação de reinventar-se para fazer nascer algo novo (X, “O inimigo”), e começa sua obra com um poema sobre a tarefa da arte (XI, “O azar”). A partir deste momento, o Poeta passa a perceber problemas antes desconhecidos: “a sombria dor das quimeras ausentes” (XIII, “Ciganos em viagem”), a singularidade da postura de “Dom Juan nos infernos” (XV), a insuficiência do conceito tradicional de beleza para os tempos modernos (XVII, “A beleza”).

Uma nova concepção de beleza faz-se necessária. O terror é o fundamento de seu trabalho artístico (XVIII, “O ideal”; XX, “A máscara”; XXI, “Hino à beleza”). Tal trabalho aguça sua saudade do paraíso. A figura feminina aparece como promessa de ascensão (XIX, “A giganta”), mas rapidamente revela-se força de queda (XXII, “Perfume exótico”; XXIII, “A cabeleira”; XXVI, “Sed non satiata”; XXVIII, “A serpente que dança”). Frustrado, o poeta volta-se para a concretização de seu ideal de beleza e escreve “A carniça” (XXIX). Este poema oferece-nos uma nova concepção de mímese, que rejeita a cópia fiel e preconiza a deformação. Em seguida, o Poeta arrepende-se de ter ido tão longe. Com um poema de penitência (XXX, “De profundis clamavi”), ele lamenta a “luz perversa desse sol” da consciência e inveja a ignorância do animal.

Tarde demais. Só os ignorantes serão perdoados, dizem as Sagradas Escrituras. O poeta já não pode evitar as revelações de sua consciência. Dividido pelo desejo do sublime e pela consciência irônica da queda inevitável, o Poeta segue – experimentando as pequenas e limitadas elevações oferecidas pelo amor (XXXIV, “O gato”; XXXVIII, “Um fantasma”; XL, “Semper Eadem”; entre outros), pelo fumo (LXVIII, “O cachimbo”), pela música (LXVIX, “A música”) e pela solidão (LI, “O gato”; LIV, “O irreparável”; LV, “Conversa”). “O sino rachado” (LXXIV) ilustra bem as consequências dessa cisão: “Minha alma está rachada, e quando, em agonia,/ Quer povoar de canções o azul da noite fria,/ Ocorre muita vez que a voz se lhe enfraquece” (p.160). O Poeta conhece, finalmente, seu maior algoz na sequência de quatro poemas (LXXV a LXXVIII) que variam sobre o mesmo tema, o tédio, e possuem o mesmo título, “Spleen”. Sem forças, o herói da modernidade encontra abrigo nesse “taciturno exílio da vontade”, afeiçoando-se ao nada (LXXIX, “Obsessão”; LXXX, “O gosto do nada”) e simpatizando-se com a morte (LXXII, “O morto alegre”; LXXXII, “Horror simpático”).

Se no começo de sua jornada modernidade adentro, o Poeta acreditava na salvação por meio do sofrimento, expressava sua fé em que lhe estava reservado um lugar “nas radiantes fileiras das santas legiões”, maldizia aqueles que não podiam ver a luz do “belo diadema etéreo e cintilante” prometido (I, “Benção”), o processo de desencantamento descrito acima deu-lhe uma nova consciência: a ideia de que o poeta seria o guia dos homens na era do progresso não passou de uma ilusão romântica; o poeta, na modernidade, é um triste alquimista que transforma toda promessa de paraíso em inferno (LXXXI, “Alquimia da dor”). O poeta ganha, assim, a máscara d“O heautontimoroumenos” (LXXXIII), torna-se carrasco de si mesmo. O Poeta assume a impossibilidade de escolher entre o Spleen e o Ideal como um estigma. Ele não quer abrir mão da consciência conquistada. O preço disso é o absurdo de entregar-se a si mesmo como quem se entrega ao inimigo [2] – o Mal capaz de nos abater cresce dentro de nós. Trata-se, pois, de um sacrifício consciente da ausência de redenção (LXXXIV, “O irremediável”).

O Poeta não quer, ao mesmo tempo, abrir mão da poesia. Heroicamente, busca na cidade (“Quadros parisienses”), no vinho (“O vinho”) e no abandono a tudo que é destrutivo (“As flores do mal”), fugir às banalidades do cientificismo. O obscuro e o dissonante são as únicas possibilidades para a arte. Em sua análise dos “Quadros Parisienses”, Walter Benjamim (1989) destaca o modo como, sensível às peculiaridades do mundo, o Poeta realça o mistério na metrópole moderna. Opõe-se a esse olhar sensível do artista aqueles descritos em seus poemas: o olhar alienado da mendiga ruiva (LXXXVIII), o olhar frio dos sete velhos (XC). O poema "As velhinhas" (XCI) fala desses órgãos de "imaginar" como que idiotizados, tal qual uma "menina/que se assusta e sorri a tudo que cintila". São olhos vazios como se tivessem perdido sua função, capazes apenas de uma ação mecânica. O olhar na modernidade está doente. De acordo com Benjamin, sobreviver e matar-se seriam os extremos a que o poeta poderia chegar. Baudelaire parece dizer que herói seria aquele que, consciente de sua cegueira, arrancasse os próprios olhos, sem esperar, contudo, alcançar a sabedoria.

No terceiro canto das Flores do Mal, o Poeta encontra-se com os trabalhadores, os assassinos, os solitários e os amantes em “O vinho”, “óleo que os músculos enrija aos lutadores” (CIV, “A alma do vinho”). Mais do que fuga da realidade, a embriaguez do vinho é valorizada como uma nova episteme, uma forma de conhecer o mundo em suas distorções. Nesse sentido, a imagem do vinho em Baudelaire tem sido associada à sua concepção de poesia. Por fim, o Poeta entrega-se completamente ao ritmo dissoluto da modernidade. O quarto grupo de poemas que dá nome a todo o livro de Baudelaire (“As flores do mal”) canta o demônio, que fornece ao Poeta “o aparato sangrento e atroz da Destruição” (CIX, “A destruição”); celebra o cadáver como mártir da “multidão impura” (CX, “A mártir”); amaldiçoa as mulheres e suas idealizações romântico-burguesas (CXI, “Mulheres malditas”); invoca a Orgia e a Morte como duas boas irmãs que oferecem o leito ao Poeta, “o favorito do inferno e cortesão falido” (CXII, “As duas boas irmãs”); dessacraliza a musa, que se junta aos demônios para escarnecer do Poeta (CXV, “A Beatriz”); declara o fim de toda utopia (CXVI, “Uma viagem a Citera”).

Apesar de ter transformado o mal na força criadora de sua produção, o Poeta sente-se frustrado. No penúltimo círculo de sua infernal epopeia, decide fazer ruir o imaginário cristão responsável por sua miséria existencial. “Revolta” compõe-se de seis poemas centralizados na inversão valorativa das figuras de deus e do diabo. O Poeta admira e identifica-se com a revolta do anjo caído que se fortalece quanto mais é exilado, ofendido, vencido. Cristo aparece apenas como mais um abandonado por deus: “Em que tu foste o mestre enfim? Dize: remorso/ Teu flanco não rasgou mais fundo do que a lança?” (CXVIII, “A negação de São Pedro”). Seu satanismo, no entanto, não é necessariamente uma heresia, posto que, assim como já havia logrado subverter o discurso progressista usando suas próprias imagens, o Poeta usa a linguagem cristã para demonstrar as falácias do cristianismo, principalmente a mentirosa promessa de redenção. Assim é que o Poeta, abandonado por deus, carrasco de si mesmo, considera legítima “A negação de São Pedro” (CXVIII), defende a raça de Caim (CXIX, “Abel e Caim”), entoa cânticos a seu irmão de queda, Satã (CXX, “As litanias de Satã”).

Do paraíso ao inferno; no inferno a consciência (“Spleen e Ideal”); com a consciência, a poesia do terror (“Quadros parisienses”, “O vinho” e “As flores do mal”) e do mal (“Revolta”). Em seu último canto, “A morte”, o Poeta está cansado. Permanentemente identificado aos párias da vida moderna com quem comungou o vinho, busca, como eles, o fim absoluto, pois não há prazer que satisfaça a vontade de consolo e descanso (CXXI, “A morte dos amantes”; CXXII, “A morte dos pobres”), não há ídolo que sacie a vontade de beleza (CXXIII, “A morte dos artistas”). O último poema de As Flores do Mal, “A viagem” (CXXVI), avalia todas as tentativas de fuga empreendidas pelo homem. Tudo não passa de “Fortuna singular cujo alvo não se alcança”. Em todo lugar, o tédio “cinge com suas teias”. Em qualquer tempo, o homem não passa de “um oásis de horror”. Poiesis negativa, a morte é a única promessa passível de confiança – “Para encontrar no Ignoto o que ele tem de novo!”. O que é o novo? Perguntou uma vez o crítico Hugo Friedrich. Baudelaire não nos dá uma definição. A trajetória de desencantamento vivida pelo Poeta desde o momento em que a lira de Apolo lhe foi arrancada das mãos até sua entrada na modernidade anunciada pela música dissonante da flauta de Pã obriga a uma nova postura diante do mundo. Não há respostas, mas novos problemas.

Notas:

[1] Marcos Siscar, professor de literatura na Unesp, esboça uma ideia parecida ao tratar do discurso de crise instaurado por As Flores do Mal. Para o crítico brasileiro, o heroísmo do poeta moderno está em sobreviver. Cf. SISCAR, Marcos. "Responda, cadáver": o discurso da crise na poesia moderna. Alea, Rio de Janeiro, v.9, n.2, Dec.2007.

[2] Já no poema de abertura de As Flores do Mal, “Ao leitor”, essa consciência no mal é figurativizada como “um milhão de helmintos” que crescem em nosso crânio.

 Algumas poesias de Charles Baudelaire
 
Hino à Beleza

Vens do fundo do céu ou do abismo, ó sublime
Beleza? Teu olhar, que é divino e infernal,
Verte confusamente o benefício e o crime,
E por isso se diz que do vinho és rival.

Em teus olhos reténs uma aurora e um ocaso;
Tens mais perfumes que uma noite tempestuosa;
Teus beijos são um filtro e tua boca um vaso
Que tornam fraco o herói e a criança corajosa.

Sobes do abismo negro ou despencas de um astro?
O Destino servil te segue como um cão;
Semeias a desgraça e o prazer no teu rastro;
Governas tudo e vais sem dar satisfação.

Calcando mortos vais, Beleza, entre remoques;
No teu tesoiro o Horror é uma jóia atraente,
E o Assassínio, entre os teus mais preciosos berloques,
Sobre o teu volume real dança amorosamente.

A mariposa voando ao teu encontro ó vela,
"Bendito este clarão!" diz antes que sucumba.
O namorado arfante enleando a sua bela
Parece um moribundo acariciando a tumba.

Que tu venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! monstro horrendo e ingênuo! se de ti
Vêm o olhar, o sorriso, os pés, que abrem a porta
De um Infinito que amo e jamais conheci?

De Satã ou de Deus, que importa? Anjo ou Sereia,
Se és capaz de tornar, – fada aos olhos leves,
Ritmo, perfume, luz! – a vida menos feia,
Menos triste o universo e os instantes mais breves?


O Rebelde

Um Anjo em fúria qual uma águia cai do céu,
Segura, a garra adunca, os cabelos do ateu
E, sacudindo-o, diz: "À regra serás fiel!"
(Sou teu Anjo guardião, não sabias?) És meu!

Pois é preciso amar, sorrindo à pior desgraça,
O perverso, o aleijado, o mendigo, o boçal,
Para que estendas a Jesus, quando ele passa,
Com tua caridade um tapete triunfal.

Eis o amor! Antes que a alma tenhas em ruínas,
Teu êxtase reaviva à glória e à luz divinas;
"Esta é a Volúpia dos encantos Celestiais!"

E o Anjo, que a um tempo nos exalta e nos lamenta,
Com punhos de gigante o anátema atormenta;
Mas o ímpio sempre diz: "Não serei teu jamais!"


Spleen

Eu tenho recordações como quem tem mil anos.
Uma cômoda imensa atulhada de planos,
Versos, cartas de amor, romances escrituras,
Com grossos cachos de cabelo entre as faturas,
Guarda menos segredos que o meu coração.
É uma pirâmide, um fantástico porão,
E jazigo não há que mais mortos possua.
– Eu sou um cemitério odiado pela lua,
Onde, como remorsos, vermes atrevidos
Andam sempre a irritar meus mortos mais queridos.
Sou como um camarim onde há rosas fanadas,
Em meio a um turbilhão de modas já passadas,
Onde os tristes pastéis de um Boucher desbotado
Ainda aspiram o odor de um frasco destampado.
Nada iguala o arrastar-se dos trôpegos dias,
Quando, sob o rigor das brancas invernias,
O tédio, taciturno exílio da vontade,
Assume as proporções da própria eternidade.
– Doravante hás de ser, ó pobre e humano escombro!
Um granito açoitado por ondas de assombro,
A dormir nos confins de um Saara brumoso;
Uma esfinge que o mundo ignora, descuidoso,
Esquecida no mapa, e cujo áspero humor
Canta apenas os raios do sol a se pôr.


Ao leitor

A tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez
Habitam nosso espírito e o corpo viciam,
E adoráveis remorsos sempre nos saciam,
Como o mendigo exibe a sua sordidez.

Fiéis ao pecado, a contrição nos amordaça;
Impomos alto preço à infâmia confessada,
E alegres retornamos à lodosa estrada,
Na ilusão de que o pranto as nódoas nos desfaça.

Na almofada do mal é Satã Trimegisto
Quem docemente nosso espírito consola,
E o metal puro da vontade então se evola
Por obra deste sábio que age sem ser visto.

É o Diabo que nos move e até nos manuseia!
Em tudo o que repugna uma joia encontramos;
Dia após dia, para o Inferno caminhamos,
Sem medo algum, dentro da treva que nauseia.

Assim como um voraz devasso beija e suga
O seio murcho que lhe oferta uma vadia,
Furtamos ao acaso uma carícia esguia
Para espremê-la qual laranja que se enruga.

Espesso, a fervilhar, qual um milhão de helmintos,
Em nosso crânio um povo de demônios cresce,
E, ao respirarmos, aos pulmões a morte desce,
Rio invisível, com lamentos indistintos.

Se o veneno, a paixão, o estupro, a punhalada
Não bordaram ainda com desenhos finos
A trama vã de nossos míseros destinos,
É que nossa alma arriscou pouco ou quase nada.

Em meio às hienas, às serpentes, aos chacais,
Aos símios, escorpiões, abutres e panteras,
Aos monstros ululantes e às viscosas feras,
No lodaçal de nossos vícios imortais,

Um há mais feio, mais iníquo, mais imundo!
Sem grandes gestos ou sequer lançar um grito,
Da Terra, por prazer, faria um só detrito
E num bocejo imenso engoliria o mundo;

É o Tédio! – O olhar esquivo à mínima emoção,
Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado.
Tu conheces, leitor, o monstro delicado
– Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!

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