quarta-feira, 6 de abril de 2011

O bom Jornalismo está morrendo


* O Brasil comemora amanhã (07),  o Dia Nacional do Jornalista. Celebrando a data, o Blog da UEPB propõe uma reflexão antecipada sobre o tema a partir do texto de Aurélio Munhoz, publicado na revista Carta Capital

Tenho três ícones no Jornalismo: Cláudio Abramo (o homem que  revolucionou estilo e conteúdo dos dois maiores jornalões nacionais),  Mino Carta (criador de algumas das melhores revistas brasileiras) e Ricardo Kotscho (o mais brasileiro dos grandes repórteres do País).

Do primeiro, guardo a lição de que a “ética dos jornalistas” é uma falácia; a ética, afinal, é uma só para todos os profissionais. Do segundo, a recomendação de que todo jornalista alie um aguçado espírito crítico a uma fidelidade espartana aos fatos. Do terceiro, o ensinamento de que “lugar de repórter é na rua” – e não nas refrigeradas Redações dos veículos de imprensa.

Por absoluta ignorância, por abjeta canalhice ou pela somatória destes defeitos, um assustador contingente de jornalistas nativos parece desconhecer os ensinamentos acima. Prefere agir como estelionatários da realidade, espetacularizando a notícia, manipulando informações e pessoas em troca de audiência, fama e, claro, dinheiro.

Faço esta introdução a propósito de dois fatos ocorridos na semana passada: a entrevista do deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) ao programa CQC, da TV Bandeirantes, na qual o parlamentar radicalizou na defesa das suas conhecidas posições medievais contra os negros e os homossexuais; e a veiculação da revista Caras, que estampou manchete com as pesadas acusações da falecida atriz Cibele Dosa contra seu ex-marido, Doda Miranda.

Já se falou praticamente tudo sobre estes dois exemplos de péssimo Jornalismo, que simbolizam o problema crônico de boa parte da grande mídia nacional: sua miopia em relação ao significado da expressão “liberdade de imprensa”, esta peça de ficção invocada sempre que setores da mídia brasileira sentem a necessidade de se safar da irresponsabilidade, superficialidade e sensacionalismo que muitas vezes imprimem ao seu trabalho.

O que trago de novo ao debate sobre o tema é um desafio: exatamente devido a exemplos como estes, intensificarmos a discussão conduzida pelo Congresso Nacional, pelo movimento popular e pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) sobre o modelo de Comunicação que os grandes veículos de imprensa exercem.

O momento não poderia ser mais oportuno, inclusive por conta da criação da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular, que objetiva discutir a democratização da comunicação e o novo marco regulatório da mídia.

Não podemos mais admitir que a sociedade continue sendo bombardeada pelo macartismo reeditado pelos arautos dos grandes veículos de imprensa, que, além de todas as mazelas apontadas acima, vetam a exigência da formação universitária para o exercício do Jornalismo, repudiam a criação do Conselho Federal de Jornalistas e ainda precarizam as condições de trabalho até o limite de tolerância dos jornalistas. Pobres profissionais de imprensa, que não têm grandes motivos para comemorar, nesta quinta-feira (7), o Dia do Jornalista.

Esta tigrada – barões da grande mídia e seus áulicos – está matando a imprensa de verdade e substituindo-a por uma aberração capitalista chamada de “Jornalismo Industrial” – mera linha de produção de notícias descartáveis, servíveis apenas aos seus mesquinhos interesses. Despreza o fato de que Jornalismo de verdade só é aquele que tem compromisso com o efetivo interesse da maioria e que, escorado na verdade, exerce sua função social visando o bem comum. O resto é conversa fiada.


Mais!
Estimular o trabalho de futuros jornalistas esportivos. Esse é o objetivo do programa Craque do Futuro, que o grupo LANCE! realiza em 2011 pelo sétimo ano consecutivo. Único programa do gênero no país, já teve a participação de mais de 1.200 estudantes, do Amazonas ao Rio Grande do Sul.

Os alunos do curso superior de Jornalismo selecionados para o Craque do Futuro têm como missão a cobertura multimídia dos clubes de futebol, vôlei, futsal e basquete de cidades do interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e dos demais estados brasileiros. Todo o material produzido é analisado pelos jornalistas do LANCE! e pode ser publicado no hotsite do programa, dentro do LANCENET!. O LANCE! também publicará notas diárias em sua edição impressa e semanalmente haverá uma matéria especial de página inteira.

Para participar os candidatos podem se inscrever no endereço www.lancenet.com.br/craquedofuturo até o dia 30 de abril. Já neste momento devem indicar que clube irão cobrir. Durante o processo de seleção de uma semana os candidatos deverão enviar uma nota por dia sobre o clube, e ao fim do período uma matéria. Esse material será avaliado para a escolha dos participantes do Craque do Futuro 2011.

O programa tem a duração de nove meses. Todos os meses serão contemplados os líderes de quantidade, qualidade e produção multimídia. Os três estudantes que mais se destacarem ao final serão premiados com uma visita a uma das redações do LANCE!, acompanhando o dia a dia durante uma semana com os custos da viagem pagos pelo programa.

Participantes de edições anteriores do Craque do Futuro, Bernardo Gleizer e Alexandre Machado hoje atuam no Grupo LANCE! como editor do LANCENET! e estagiário, respectivamente.

“O Craque do Futuro abriu muitas portas pois é sempre difícil você começar uma carreira. Foi uma oportunidade de ouro. Tive que "meter a cara", fazer fontes, ir a jogos, treinos, conversar com jogadores, dirigentes e treinadores, sempre em busca da notícia. Aprendi muito. Hoje estou no Grupo LANCE!, fui repórter e cobri grandes jogos. Atualmente sou editor do LANCENET! Não há dúvidas de que o Craque me ajudou a chegar até aqui.”, indica Bernardo.

“Participei do Programa Craque do Futuro em 2009, com a cobertura do Duque de Caxias, que, na época, fazia a sua estreia na Série B do Campeonato Brasileiro.O Craque do Futuro me permitiu ter, ainda que novo, a vivência do dia a dia da cobertura de um clube. Para mandar as notas diárias e as matérias semanais procurava pensar em pautas diferentes, que pudessem chamar a atenção do leitor de alguma forma. Após o término do programa, acabei sendo chamado para continuar no LANCE! como estagiário. Para minha carreira posso dizer que o Craque do Futuro abriu as portas. Se pudesse aconselhar alguém quanto ao projeto, seria apenas: faça, porque vale muito a pena.”, reforça Alexandre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário