terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Bach é o início e o fim de toda a música", diz regente

Exímio Organista - Bach dirigiu a  Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, até sua morte

Por Marcos Flamínio Peres
Bach não daria um filme. Não tem a precocidade e a leveza encantadora que salta aos ouvidos em Mozart nem a potência das massas sonoras e a sina do gênio perturbado de Beethoven.
Mas esse exímio e pacato organista de província de uma provinciana Alemanha, "foi o início e o fim de toda a música". Assim o define Georg Christoph Biller, regente do coro da igreja de St. Thomas e da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig.
Com 800 anos de existência, ela foi dirigida por 27 anos pelo próprio Bach (1685-1750), até sua morte.
No programa do concerto, promovido pelo Mozarteum e Instituto Goethe-SP, uma só peça: a "Missa em Si Menor" (BWV 232) -"o testamento musical de Bach, no qual reúne toda a força de sua criação", diz Biller.


Por que Bach é tão importante ainda hoje? A grandiosidade de sua produção seria possível fora do contexto da religião luterana? 

Georg Christoph Biller - Ele é importante porque fascina pessoas dos mais diferentes credos e culturas. De fato, o protestantismo, com sua ideia de "música para honrar a Deus", era uma importante fonte de composições para Johann Sebastian Bach. Mas sua genialidade também teria se desenvolvido dentro de quaisquer outros credos.

A que se deveu o ostracismo de sua obra até a "redescoberta", pelo músico Mendelssohn, no século 19?  

Bach foi quase esquecido após a sua morte, porque nesse período não se dava tanto valor ao cultivo da música mais antiga, como hoje. Não somente Mendelssohn, mas também outros de sua época foram, no início do século 19, considerados como música de tempos passados.

Como definiria a importância, para a história da música erudita, dos "três grandes" -Bach, Mozart e Beethoven?

Em cada um deles, alguma coisa sobressai. Mozart tem como ponto alto a leveza do clássico vienense; Beethoven é o marco do período romântico; já Bach é o início e o fim de toda a música.

As gravadoras dizem que música erudita não vende bem. Ela é um gênero em declínio?

Estará em perigo se os jovens não forem atraídos, e só se sentirão atraídos se já tiverem conhecimento prévio.

O que fazer, então, para ampliar seu público?

Para atrair o público jovem, deveria haver, por exemplo, concertos "lounge" -parecidos com "jam sessions", mas que, ao mesmo tempo, mantêm a literatura clássica. Concertos "participativos" também podem levar a aumento de público.

Qual sua maior obra?

No momento, a "Missa em Si Menor". 

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