quarta-feira, 16 de novembro de 2011

John Cassavetes e os épicos da alma humana

Por José Geraldo Couto, da Carta Capital

Filho de imigrantes gregos, John Cassavetes trabalhou como ator no teatro, no cinema e na televisão. Também diretor, transformou-se em referência no “cinema independente” ou “cinema verdade” nos Estados Unidos
Sempre que se fala em “cinema independente” ou “cinema verdade” nos Estados Unidos, John Cassavetes (1929-1989) é citado como um destemido pioneiro. “Ele encarnou a emergência de uma nova escola de cinema de guerrilha em Nova York”, resume Martin Scorsese.
Filho de imigrantes gregos, Cassavetes formou-se em 1950 na American Academy of Dramatic Arts e passou a trabalhar como ator no teatro, no cinema e na televisão. Das aulas de atuação em teatro que ministrava em Nova York surgiu o projeto de seu primeiro longa como diretor, Sombras (1959), realizado totalmente fora dos padrões hollywoodianos.
De baixíssimo orçamento, financiado por meio de subscrições entre amigos e parentes, o filme trazia já as principais marcas do cinema do diretor: planos longos, espaço para a improvisação dos atores, equipamento leve, filmagens fora do estúdio.
A partir daí passou a alternar seu cinema independente, feito com um grupo pequeno e fiel de atores – sua mulher Gena Rowlands, Ben Gazzara, Seymour Cassel, o próprio Cassavetes –, e alguns projetos de encomenda e trabalhos na tevê. Como ator, esteve em quase 80 filmes, entre eles Os Doze Condenados, de Aldrich, O Bebê de Rosemary, de Polanski, e A Fúria, de De Palma.
Cassavetes foi um dos poucos cineastas indicados a Oscars nas três categorias: direção, roteiro e ator. Não ganhou nenhum.
Suas principais obras – Faces, Uma Mulher sob Influência, Glória e Amantes – foram incensadas na Europa e influenciaram todo o cinema independente que veio depois. “Todos os filmes de Cassavetes são épicos da alma”, definiu seu admirador Martin Scorsese.

DVDs

Sombras (1959)

No ambiente alternativo da Manhattan da era beatnik, um cantor mulato (Hugh Hurd) e seus irmãos vivem situações de racismo velado ou explícito. Com um andamento solto como a trilha de jazz, o filme de estreia de Cassavetes tem um tom de registro documental das reações humanas. Ganhou o prêmio da crítica em Veneza.

Faces (1968)

Crise de um casal de classe média. Richard Forst (John Marley) abandona a esposa Maria (Lynn Carlin) por uma mulher mais jovem (Gena Rowlands). Desesperada, Maria aborda um jovem (Seymour Cassel) na rua e o leva para casa. Os afetos e paixões são levados ao extremo neste que é um dos psicodramas cruciais de Cassavetes.

Uma Mulher sob Influência (1974)

Um operário (Peter Falk) às voltas com a instabilidade mental da mulher (Gena Rowlands). Ele tenta absorver o comportamento estranho dela para preservar os filhos, até a ruptura. Uma visão anticonvencional da loucura. O filme foi indicado aos Oscars de direção (Cassavetes) e atriz (Rowlands).


Um comentário:

  1. Diretor corajoso, Cassavetes se opos aos filmes milionários de estúdio para ser o pioneiro do cinema independente nos EUA.Ele que tinha tudo ficar rico pois além de inteligente era um ator bonito. Prova que, mesmo em Hollywood, dinheiro não é tudo.

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