quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Parabéns, Oscar Niemeyer!

Amigo Fiel - Arquiteto  colaborou para o sustento do líder comunista Luís Carlos Prestes que não dispunha de renda própria na velhice

Com pelo menos 15 desenhos em sua mesa de trabalho, um samba lançado na internet e a edição do próximo número de sua revista "Nosso Caminho" a ser divulgada, o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer  - nascido no dia 15 de dezembro de 1907 - completou hoje 103 anos de vida em plena atividade.

Autor dos palácios e outros edifícios de Brasília e de numerosas obras pelo mundo todo, o arquiteto também marcará Campina Grande com sua genialidade, em breve, por meio do Museu de Arte Popular da Paraíba, o mais novo projeto cultural da UEPB. Já conhecida como Museu dos Três Pandeiros, devido às estruturas circulares que a compõe e que lembram o instrumento de percussão, a obra começou a ser erigida este ano e adornará as margens do Açude Velho. 

"Ele (Niemeyer) gosta de manter a cabeça ocupada o tempo todo e por isso nunca pensou em parar de trabalhar", explicou Vera Lucia Niemeyer, a mulher que o arquiteto se casou às escondidas aos 98 anos e que foi sua principal auxiliar por mais de 10 anos.

Nem a idade nem os problemas que o levaram ao hospital por várias vezes nos últimos anos impedem que Niemeyer trabalhe normalmente.

"Por que seria diferente com o trabalho? Ele vive tranquilamente, tem uma dieta normal e segue tomando seu vinho. A única mudança é que parou de fumar há três meses", garantiu Vera Lucia.

O gênio das curvas em concreto e considerado um dos pais da arquitetura moderna permanece ativo após mais de um século de vida e comparece diariamente ao escritório com vista privilegiada para a praia de Copacabana, buscando sempre desafios para a criatividade.

O último projeto foi a composição de um samba, cuja versão digital foi lançada no portal de uma gravadora e na qual fez parceria com o enfermeiro Caio Almeida e com o músico Edu Krieger.

A letra de "Tranquilo com a vida", uma música sobre a simplicidade do carioca que vive na favela sem perder a esperança do fim das injustiças sociais, reflete o humanismo de um ativista que se manteve fiel ao comunismo inclusive depois da queda do Muro de Berlim e do desaparecimento da União Soviética.

O arquiteto escreveu a letra no ano passado, quando estava hospitalizado após uma cirurgia de intestino, enquanto a melodia ficou por conta de Almeida, que era seu enfermeiro na ocasião. O samba saiu do anonimato depois que Krieger a ouviu e pediu autorização para finalizá-la.

"Não é que ele queira se dedicar à música. Só a compôs porque ele estava à toa no hospital", explicou Vera Lucia ao ser questionada se o arquiteto tinha intenções de iniciar uma carreira musical tardia.

"Mas não foi sua primeira composição", avisou a esposa. "Há muito tempo (em 1962) ele lançou uma canção que chegou a ser conhecida como o samba do arquiteto", revelou Vera Lucia.

Seu aniversário foi marcado pela inauguração de um dos edifícios que projetou para o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer em Avilés (Espanha).

O artista, que não costuma participar destes atos e sempre preferiu passar seu aniversário incógnito, aceitou o convite para assistir a uma festa em Niterói, vizinha do Rio de Janeiro.

"Ele não gosta de participar de festividades em seu aniversário, mas também não nega quando vale a pena", explicou Vera Lucia, que é a editora da revista "Nosso Caminho", adiantando que a próxima edição incluirá os desenhos de outros cinco projetos inéditos do arquiteto.

Na edição anterior já tinham sido publicados quatro projetos inéditos: a Câmara Municipal de Poços de Caldas, a Universidade da Música e de Artes de Araraquara, o Memorial a Ulysses Guimarães em Rio Claro e o Tribunal de Contas de Roraima.

O arquiteto também trabalha atualmente na catedral de Cristo Rei em Belo Horizonte, o Museu Pelé em Santos, o Aquário de Búzios, uma igreja na cidade de Petrópolis e na reforma do Sambódromo do Rio de Janeiro.

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