Walter Benjamin (1892 – 1940) no texto “Sobre o conceito de História,” em sua primeira tese, discorre a respeito da relação entre teologia e práxis revolucionária. Para o filósofo alemão, a alegoria do jogo de xadrez, travado por um fantoche e um jogador, supõe que no tabuleiro da história o fantoche é guiado por um anão escondido por debaixo da mesa, que faz movê-lo sempre com um determinado lance, levando-o a vitória. “Um fantoche vestido à turca, com um narguilé na boca, sentava-se diante do tabuleiro, colocado numa grande mesa. Um sistema de espelhos criava a ilusão de que a mesa era totalmente visível, em todos os seus pormenores. Na realidade, um anão corcunda se escondia nela, um mestre no xadrez, que dirigia com cordéis a mão do fantoche.” O fantoche representa o materialismo histórico e o anão corcunda a teologia. Aquele pode enfrentar os desafios e vencer desde que tenha o auxílio desta, que estava “reconhecidamente pequena e feia e não ousa mostrar-se”.
Os intérpretes dessa tese a compreendem como sendo a posição, em que para a ocorrência da ação revolucionária no contexto da história, seria imprecindível o conhecimento religioso, a teologia. Ao saber da trajetória do autor, de sua relação com o marxismo, podemos considerar que nessa afirmação encontra-se em germe o que mais de vinte anos depois viria a se constituir a Teologia da Libertação. Com ela a religião perde seu caráter conformista e assume a tarefa de propor as transformações engendradas pelos oprimidos.
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Guardo na memória desde a adolecência uma frase de Dom Hélder Câmara: - não penses meu caro amigo ateu que estejas esquecido, vais traduzindo em tuas palavras o que digo nas minhas. Talvez o que eu chamo de Deus, digas natureza ou desenvolvimento.
A citação de memória não traz a precisão do extrato do poema - prosa. Mesmo assim leva-me a refletir sobre qual Deus eu acredito. Há tempos, a presença de um deus árbitro que julga os atos humanos, conforme critérios doutrinários de justiça, desvaneceu-se. E isso a muito custo. Ninguém se desfaz dos valores arraigados desde a infância sem impetrar uma força contra si.
A própria trajetória existencial que palmilhei, permitiu-me, à medida que se desfazia as representações firmadas, o encontro com outras possibilidades de saber Deus.
A história dos Judeus, registrada em relatos bíblicos demonstra que a caminhada dos pobres está inconclusa e que o processo vivenciado pode ser modificado a depender das orientações tomadas no presente. No livro do êxodo, um trecho muito forte, apela para a consciência de libertação. Deus escuta o clamor do sofrimento do povo que estava escravo no Egito: “Eu ouvi o clamor do meu povo”. Assume as dores dos oprimidos e compromete-se com sua causa.
Nessa aventura profundamente humana, uma das descobertas foi a dimensão revolucionária do Evangelho, mais precisamente as atitudes do seu protagonista, uma pessoa chamada Jesus. Impressionou-me a compreensão Dele a respeito das necessidades daquelas pessoas que os arrodeavam, seguiam ou arrostavam-lhe.
Conta-se em uma das passagens das novas escrituras, que certa vez uma multidão O escutava. Era formada por pobres vindos de várias partes longínquas da região. Após escutar os ensinamentos, crianças, mulheres e homens esperavam famintas a dispersão. Mas Ele teve compaixão do povo que padecia, sendo condolente com a situação dos deserdados que até então tinham sido alimentados apenas da Palavra. Não ficou indiferente, chamou o problema para Ele. Perguntou aos discípulos o que havia de comer nos alforjes dos que se encontravam ali. Foi-lhe dito: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes”.
O milagre consistiu em dividir o pouco que se tinha de alguns, com todos que tinham fome. A divisão, fruto da boa vontade, fez saciar a fome dos presentes, fazendo sobrar muitos pães e peixes. Hoje, quando a produção de alimentos atinge patamares nunca vistos na história da humanidade, contraditoriamente, aumenta-se o número de pessoas que passam fome.
Com razão, ainda acretido que possa vingar a justiça na face da terra e que todos homens e mulheres possam construir relações baseadas na paz e na solidariedade, com respeito incondicional pela vida. Uma vertente teológica denomina esse desiderato de Reino de Deus na terra, e tenho grandes amigos que, sem querer e saber, seguem Jesus a seu modo próprio, denonimam-no de Socialismo.
A citação de memória não traz a precisão do extrato do poema - prosa. Mesmo assim leva-me a refletir sobre qual Deus eu acredito. Há tempos, a presença de um deus árbitro que julga os atos humanos, conforme critérios doutrinários de justiça, desvaneceu-se. E isso a muito custo. Ninguém se desfaz dos valores arraigados desde a infância sem impetrar uma força contra si.
A própria trajetória existencial que palmilhei, permitiu-me, à medida que se desfazia as representações firmadas, o encontro com outras possibilidades de saber Deus.
A história dos Judeus, registrada em relatos bíblicos demonstra que a caminhada dos pobres está inconclusa e que o processo vivenciado pode ser modificado a depender das orientações tomadas no presente. No livro do êxodo, um trecho muito forte, apela para a consciência de libertação. Deus escuta o clamor do sofrimento do povo que estava escravo no Egito: “Eu ouvi o clamor do meu povo”. Assume as dores dos oprimidos e compromete-se com sua causa.
Nessa aventura profundamente humana, uma das descobertas foi a dimensão revolucionária do Evangelho, mais precisamente as atitudes do seu protagonista, uma pessoa chamada Jesus. Impressionou-me a compreensão Dele a respeito das necessidades daquelas pessoas que os arrodeavam, seguiam ou arrostavam-lhe.
Conta-se em uma das passagens das novas escrituras, que certa vez uma multidão O escutava. Era formada por pobres vindos de várias partes longínquas da região. Após escutar os ensinamentos, crianças, mulheres e homens esperavam famintas a dispersão. Mas Ele teve compaixão do povo que padecia, sendo condolente com a situação dos deserdados que até então tinham sido alimentados apenas da Palavra. Não ficou indiferente, chamou o problema para Ele. Perguntou aos discípulos o que havia de comer nos alforjes dos que se encontravam ali. Foi-lhe dito: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes”.
O milagre consistiu em dividir o pouco que se tinha de alguns, com todos que tinham fome. A divisão, fruto da boa vontade, fez saciar a fome dos presentes, fazendo sobrar muitos pães e peixes. Hoje, quando a produção de alimentos atinge patamares nunca vistos na história da humanidade, contraditoriamente, aumenta-se o número de pessoas que passam fome.
Com razão, ainda acretido que possa vingar a justiça na face da terra e que todos homens e mulheres possam construir relações baseadas na paz e na solidariedade, com respeito incondicional pela vida. Uma vertente teológica denomina esse desiderato de Reino de Deus na terra, e tenho grandes amigos que, sem querer e saber, seguem Jesus a seu modo próprio, denonimam-no de Socialismo.
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