terça-feira, 24 de abril de 2012

O único afinador e restaurador de pianos da Paraíba



Por Severino Lopes (jornalista)

Entre as aulas de curso de Química que assiste no Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o estudante Geraldo Pereira de Oliveira vai construindo a sua história. Quando não está na sala de aula ou em casa, estudando fórmulas e assuntos relacionados a átomos, moléculas e reações químicas, Geraldo é facilmente encontrado em sua oficina improvisada na cidade de Salgado de São Félix, onde trabalha cercado de peças antigas e algumas raridades. O aluno do último ano de Química da UEPB é o único da Paraíba e um dos poucos do Nordeste a desenvolver o raro ofício de afinar pianos. 

Sentado em um velho tamborete de madeira, bem no fundo da oficina, no Brejo paraibano, ele coloca as mãos sobre o piano e com sensibilidade poética procura ouvir o som que ele produz, distinguindo uma nota da outra. Alguns instrumentos são raros, como o piano pertencente ao Teatro Municipal Severino Cabral que, inclusive, já foi devolvido à casa de espetáculo. Quem chega na oficina e vê o rapaz em atividade pode pensar que ele está ensaiando para um daqueles concertos magistrais que fazem os fãs da música clássica viajarem no tempo. Só que ao invés de partituras com o conjunto de notas musicais, o que se vê são ferramentas espalhadas no chão. 

Mesmo passando a maior parte do dia cercado por pianos, alguns verdadeiras relíquias de valor inestimável, Geraldo não se considera pianista. Afinal, nunca participou de nenhum concerto. Ele é um dos raros afinadores e restauradores de piano da Paraíba no momento. A arte de afinar piano é um dos seus maiores prazeres. Como todo nordestino que mora em uma das mais secas regiões do Estado, Geraldo batalha duro para tirar o sustento. O mestre dos pianos divide seu tempo como pai de família, estudante de Química da UEPB, professor de Matemática, além de prestar serviço a Coordenação de Cultura do seu município. 

Mas que relação pode existir entre o curso de Química e a arte de afinar e recuperar pianos? Geraldo garante que a ponte que une uma atividade e outra é mais curta do que se imagina. Segundo ele, a UEPB foi fundamental para o aperfeiçoamento da técnica, fazendo dele um solicitado afinador de pianos. Nos bancos da Instituição, aprendeu as técnicas para usar na pintura e restauração das raridades. “Eu uso produtos químicos no trabalhado de restauração e, por isso, preciso saber a fórmula e a dose certa para cada instrumento”, explicou. 

Geraldo contou que começou a se interessar por essa atividade aos 18 anos, na cidade de Recife (PE), onde nasceu. Reprovado em teste no Conservatório de Música de Pernambuco, ganhou uma oportunidade para aprender a manusear piano no Sertão paraibano. Em 1991, já morando em Salgado de São Félix, foi chamado para ajudar o amigo Jonas Chateaubriand a afinar um piano. Jonas tinha uma oficina no fundo de casa, mas não sabia afinar o instrumento. Quando estava tentando, com as mãos sobre a peça, Geraldo foi surpreendido por um afinador de piano que estava de passagem pelo município e logo descobriu o valor do jovem. 

No mesmo ano, Geraldo foi convidado para fazer um curso na fábrica F.Essenfelder na cidade de Curitiba (PR). Lá, ele aperfeiçoou a arte de afinar e restaurar piano. Quando voltou para Salgado de São Félix já estava experiente na arte de consertar piano. Os conhecimentos que herdou do professor e mestre Benine foram suficientes para ele ajudar a salvar estes preciosos instrumentos musicais ainda preferidos pelos amantes de uma boa música. Há cinco anos, Geraldo montou a sua própria oficina. 

Atividade é bastante procurada 

Quem pensa que recuperar e afinar piano é uma atividade pouco procurada, se engana. Segundo Geraldo Pereira, ele trabalha, em alguns momentos, sem descanso no final de semana para poder atender a demanda de pedidos. Afora ele, mais três pessoas auxiliam no trabalho. “São jovens que ajudamos a aprender essa atividade para nos substituir no futuro”, comentou. Por ano, ele conserta uma média de 15 pianos e faz a manutenção de pelo menos 80 peças. 

Por ser um profissional raro, o pernambucano que adotou a Paraíba para morar, percorre o Nordeste todo afinando e restaurando pianos. Ele tem clientes na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Instrumentos raros, verdadeiras relíquias de igrejas, universidades e museus chegam nas mãos habilidosas do artesão. Muitos pianos chegam em estado de conservação deplorável e saem da oficina novinhos. A restauração completa de um piano requer tempo, dedicação e paciência. Ele passa, em média, três meses para recuperar um piano. A manutenção é mais rápida. Em apenas um dia o piano fica no ponto para tocar em qualquer concerto. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Selo de qualidade, a UEPB e o Direito

Por Rangel Junior (professor da UEPB) 


No momento em que a Universidade (e os resultados dos últimos anos em termos de investimentos e gestão) vem sendo afrontada externa e (em certa medida) internamente, me parece que a notícia, por incrível que possa parecer, deve desagradar a alguns. 

Talvez esta seja uma, dentre tantas outras, boa resposta acerca de como e onde os recursos da UEPB são aplicados após a Autonomia. 

Existem demandas e demandas em relação a estrutura física, problemas históricos acumulados em 46 anos, as chamadas obras de pedra e cal. Estas são importantes! 

Porém, há obras que não podem ser vistas, tateáveis, que não são palpáveis como uma sala ou uma parede nova. Uma destas obras fundamentais é o investimento no ser humano. 

Acreditar nas pessoas, em suas capacidades, estimular sua qualificação, apoiar suas iniciativas, dar suporte material aos seus projetos, assegurar-lhes a tranquilidade institucional, remuneração digna e compatível com o cargo e função. 

Ah, não! Esta obra só aparece a olho nu, só é de fato vista com o tempo. É quando as árvores frondam, atingem maturidade, safrejam (não procure esta palavra no google!), oferecem-nos seus melhores frutos, que alimentarão o nosso povo, que se transformarão em novas sementes, que serão semeadas, que gerarão novas árvores. 

Eis o ciclo do investimento em Educação. É preciso compreender isto. É preciso gritar que investir em Educação é investir com eficiência e paciência? Creio que estes resultados falam por si. 

Parabéns à comunidade do CCJ-Direito (Campina Grande) e do CH-Direito (Guarabira). Parabéns UEPB! É esta Universidade que centenas de professores e técnicos e milhares de estudantes constroem na Paraíba.

Não há como não confessar que recebi com alegria, e um certo regozijo, a notícia de que os dois cursos de Direito da UEPB, CCJ-Campina Grande e CH-Guarabira, haviam recebido um "Selo de Qualidade* da OAB". 

No momento em que a Universidade (e os resultados dos últimos anos em termos de investimentos e gestão) vem sendo afrontada externa e (em certa medida) internamente, me parece que a notícia, por incrível que possa parecer, deve desagradar a alguns. 

Talvez esta seja uma, dentre tantas outras, boa resposta acerca de como e onde os recursos da UEPB são aplicados após a Autonomia. 

Existem demandas e demandas em relação a estrutura física, problemas históricos acumulados em 46 anos, as chamadas obras de pedra e cal. Estas são importantes! 

Porém, há obras que não podem ser vistas, tateáveis, que não são palpáveis como uma sala ou uma parede nova. Uma destas obras fundamentais é o investimento no ser humano. 

Acreditar nas pessoas, em suas capacidades, estimular sua qualificação, apoiar suas iniciativas, dar suporte material aos seus projetos, assegurar-lhes a tranquilidade institucional, remuneração digna e compatível com o cargo e função. 

Ah, não! Esta obra só aparece a olho nu, só é de fato vista com o tempo. É quando as árvores frondam, atingem maturidade, safrejam (não procure esta palavra no google!), oferecem-nos seus melhores frutos, que alimentarão o nosso povo, que se transformarão em novas sementes, que serão semeadas, que gerarão novas árvores. 

Eis o ciclo do investimento em Educação. É preciso compreender isto. É preciso gritar que investir em Educação é investir com eficiência e paciência? Creio que estes resultados falam por si. 

Parabéns à comunidade do CCJ-Direito (Campina Grande) e do CH-Direito (Guarabira). Parabéns UEPB! É esta Universidade que centenas de professores e técnicos e milhares de estudantes constroem na Paraíba.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Flores no Câmpus

Por Severino Lopes (jornalista)


Os versos do escritor e romancista Ariano Suassuna traduzem a beleza das flores e o perfume que elas exalam. Plantadas nos campos, campinas, praças públicas ou jardins, elas remetem a poesia, a escritos amorosos e a perfumes suaves, espalhando aromas multivariados. Com a mesma sensibilidade poética do escritor paraibano, a professora Wanilda Lima Vidal de Lacerda, do Câmpus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado em Guarabira, lançou o projeto “Flores no Câmpus, com flores do campo”. A princípio, a ideia era recompor os canteiros do Centro de Humanidades com plantas nativas da região do Brejo paraibano. 

Para ver o seu sonho virar realidade, a professora solicitou mudas ao viveiro da Instituição, instalado em Campina Grande, e, simultaneamente, mobilizou estudantes, professores e servidores técnico-administrativos que são sensíveis à natureza. O objetivo é semear flores no jardim do Câmpus III, em um trabalho coletivo no qual cada um será responsável em trazer de casa, uma muda adequada ao jardim. Não precisa ser uma muda de árvore, mas plantas rasteiras, arbustos, roseiras, plantas medicinais. 

As mudas cedidas pelo viveiro da UEPB foram plantadas e, hoje, embelezam o prédio do Câmpus de Guarabira. Rapidamente os cheiros de roseiras, cravos, margaridas, violetas e tantas outras flores nativas de nossa terra se espalharam. Cores e perfumes transformaram a entrada do Câmpus em um cenário repleto de beleza. O local, preparado pelos coordenadores do projeto, está todo gramado e com algumas flores plantadas. 

Na tentativa de ampliar o projeto, a professora já prepara uma nova campanha, visando envolver os estudantes em um novo plantio de flores. Ela acredita que com a chegada das chuvas, os estudantes irão se sentir incentivados a abraçar o projeto. Segundo a professora, o período de chuva facilita o trabalho do pessoal de apoio e com a compra ou doação de terra para jardim, estrumo animal e o corte do solo há uma maior penetração da água e melhor distribuição dos canteiros. “Por enquanto, estamos com o clima seco, aguardando a chegada das chuvas para deixar as flores ainda mais belas”, explicou. 

Nessa nova etapa do projeto, a professora disse que a comunidade acadêmica também pode contribuir com a doação de plantas ornamentais, que nem sempre floram, mas que têm um colorido das folhas que também alegra o coração e modifica a paisagem do local. Diretor do Câmpus de Guarabira, o professor Belarmino Mariano Neto garantiu que irá incentivar os estudantes e professores a retomarem com mais entusiasmo o projeto. A iniciativa, segundo ele, é louvável e já começa a mudar a paisagem do Câmpus.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Projeto da UEPB vai rearborizar áreas desertas do Sertão paraibano


Por Severino Lopes (jornalista)


Localizada no Sertão da Paraíba, a cidade de Catolé do Rocha sofre com a depredação ambiental. Algumas áreas da cidade estão ficando desertas por conta da ação inconsequente do homem. Os atos de vandalismo mudaram a paisagem sertaneja. Árvores centenárias das mais variadas espécies foram abaixo nos últimos anos, deixando alguns lugares sem vida. O desaparecimento da flora inevitavelmente alterou a fauna, visto que muitos pássaros foram obrigados a migrar para outras regiões, gerando, assim, um empobrecimento da biodiversidade sertaneja. 

Para piorar ainda mais a situação, muitas árvores que dotavam a cidade de um cinturão verde, foram plantadas inadequadamente e estão ameaçadas por fungos. O quadro preocupante faz parte de um relatório preliminar elaborado por um grupo de estudantes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Estadual da Paraíba, instalado no Câmpus IV, em Catolé do Rocha. 

Inicialmente o projeto ambiental “Estudo fitossanitário e quantiqualitativo das espécies arbóreas do Campus IV da UEPB”, coordenado pela professora Fabiana Xavier Costa, pretendia replantar algumas áreas em torno da Universidade. Conforme contou a professora, o Câmpus de Catolé do Rocha é um dos maiores da Instituição e todos os dias, professores, alunos e funcionários usufruem da paisagem. 

A proposta inicial era avaliar a saúde das plantas encontradas no Sítio Cajueiro, especialmente a qualidade e a quantidade das espécies arbóreas, numa investigação científica, voltada ao meio ambiente, tendo como objetivo melhorar a arborização do Câmpus e, consequentemente, de toda a região, dentro de uma proposta de reflorestamento do local. 

A atividade, coordenada pela professora Fabiana Xavier Costa, e que conta com a participação dos alunos Anne Maia, Damião Pedro, Luciana Guimarães, Sonaria de Sousa, Gilnara Greice, Diego Frankley, Sebastião de Melo e Yeiky Vieira, Mario Leno Veras, Lunara e dos servidores técnico-administrativos Doralice Fernandes da Silva e Valdeci Dantas, foi além das expectativas. 

Na primeira fase foi feita uma classificação quantiqualitativa e fitossanitária das árvores locais. Já foram identificadas mais de 20 mil árvores em torno do Câmpus. Desde julho de 2010, quando teve início a pesquisa, as espécies encontradas com mais frequência foram a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora), Marmeleiro (Cydonia vulgaris), Mofumbo (Combretum leprosum), Nim (Azadirachta indica) e Algaroba (Prosopis juliflora). Na reserva também são encontradas muitas árvores frutíferas como manga, caju, cajá, pitanga, pinha, goiaba, entre outras. 

O levantamento permitiu aos pesquisadores descobrir que a reserva estava carente. Algumas áreas estavam sofrendo com a devastação. Por isso, a coordenação do projeto solicitou da coordenação do Viveiro da UEPB, instalado em Campina Grande, 300 mudas de árvores para plantar no entorno do Câmpus de Catolé do Rocha. A produção de mudas e replantio de espécies arbóreas, substituindo as árvores diagnosticadas com algum problema ou afetadas por pragas, faz parte da segunda etapa do projeto que está em pleno andamento. 

O projeto, conforme revelou a professora Fabiana Xavier, se prepara para entrar na terceira etapa. Diante da dura realidade local, o projeto vai se estender para várias áreas da cidade. Ao longo deste ano, os pesquisadores vão desenvolver um trabalho de educação ambiental com toda comunidade acadêmica e a população em geral, tendo em vista alertar sobre a real situação das árvores. A ideia é fazer o reflorestamento das áreas devastadas pela ação do homem. 

A última etapa do projeto acontecerá em 2013 e será marcada pelo lançamento de um livro elaborado pelos alunos envolvidos no projeto, relatando a experiência feita em torno do Câmpus e na cidade. O livro constará de relatos sobre as agressões ao meio ambiente e fotos reproduzindo a atual situação em que se encontra a flora sertaneja.